
O médico italiano Pasquale Bacco se notabilizou como um líder de movimentos antivacina. Porém, o posicionamento dele mudou após saber que um homem de 29 anos que o seguia, e não havia se vacinado, morreu de covid-19.
“Ele tinha no celular os vídeos dos meus comícios”, disse Bacco na última quinta-feira (10) ao jornal italiano Corriere della Sera. “Essa morte parece minha culpa. E isso ainda me incomoda”, completou.
“Quando vi a realidade com meus próprios olhos, percebi que estava errado”, afirmou o médico.
Bacco disse que se tornou um líder antivacina após notar que o que tinha a dizer era “ouro puro para pessoas com medo e em busca de certezas”, mas que, hoje, vê que o que ele dizia contra os imunizantes era algo que nem ele mesmo acreditava.
“Fomos às praças e, quando discursávamos, sabíamos que as pessoas queriam ouvir coisas fortes. Então, provocávamos mais e mais”, relatou.
“‘Há água de esgoto nas vacinas! Os caixões de Bergamo estavam todos vazios! Ninguém morreu de covid!'”, afirmou, relembrando bordões que repetia aos seguidores. “Um dia seremos responsáveis por essas coisas”, lamentou.
“Você entra em uma absoluta loucura. As pessoas antivacinas têm muito medo e encontram segurança em você”, disse ele.
“Os clientes se multiplicaram por mil. Para uma visita, eu poderia cobrar qualquer quantia”, relatou. “Ser antivacina pode ser um negócio, e a ocasião faz o ladrão”, afirmou, dizendo que outras pessoas também são antivacinas impulsionadas por fins econômicos.
Agora já vacinado contra a covid-19, Bacco afirmou que quer ir além, defendendo enfaticamente a vacinação contra a covid-19 como forma de “remediar” os próprios erros.
“Eu tento fazer as pessoas abrirem os olhos”, disse, acrescentando que, atualmente, está suspenso por seis meses do quadro de membros da entidade que regulamenta a profissão médica na Itália. “Mas não recorri, porque sinto que errei e aceito isso”, pontuou.
Com informações de UOL