O PSDB, desde sua criação, ficou conhecido como o partido que sempre ficava em cima do muro. Para perder esse apelido negativo, o partido dos tucanos começou a definir claramente sua posição. Isso no plano nacional. Na questão local, a situação é outra bem diferente.
O partido no RN é comandado pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira de Souza. O líder da bancada do PSDB no Parlamento Estadual é o deputado Tomba Farias. Aparentemente, os dois estão em posições radicalmente opostas.
Ezequiel diz que é Governo, apoia a gestão Fátima Bezerra e indicou cargos na estrutura estadual. Aparentemente, Ezequiel respalda o Governo de Fátima. Mas, nos bastidores, trabalha e estimula a criação de CPI para investigar gastos do Governo na Pandemia, com o objetivo claro de enfraquecer a gestão e aparecer como o salvador da pátria que vai livrar Fátima do pior. Tudo jogo de cena.
Tomba é o líder do PSDB e faz ferrenha oposição ao Governo Fátima Bezerra, a ponto de admitir ser candidato de oposição contra a atual governadora. Como pode o líder de um partido cujo presidente estadual diz que apoia o Governo e o líder leva esse partido para a oposição?
Na Assembleia não há santos; muito menos inocentes ou crianças. Ali tudo é feito de caso pensado. Tomba não bate no Governo sem o aval de Ezequiel. Hoje, o PSDB não é o partido do muro, é o partido da cobra de duas cabeças, que se alimenta da oposição e do Governo simultaneamente, servindo a dois senhores distintos de olho no que será melhor amanhã.
Quem, aparentemente, não está enganando ninguém é Tomba, que já tomou sua posição clara e definida.
Fátima é a grande traída dessa situação. Permite que Ezequiel use a força e a estrutura do Governo para comandar um partido que faz oposição ao próprio Governo. Até quando Fátima vai permitir a cobra de duas cabeças no seu Governo?
Até quando Ezequiel vai definir sua real posição e deixar esse papel de dupla face?