Na Zona Norte da capital potiguar, donos de mercadinhos não conseguem manter estoque de mantimentos para revenda
O valor da cesta básica de agosto, calculado pelo Dieese, aponta queda em 16 das 17 capitais analisadas pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Belém foi a única capital onde o preço da cesta subiu. Mas apesar do que mostram os números oficiais, na capital potiguar, o natalense não sente a redução no bolso. A situação é difícil para qualquer consumidor que precisa lidar com um orçamento apertado. E mais delicada ainda para pequenos comerciantes que compram para revender.
Henrique Carlos, 40 anos, é proprietário da conveniência “Re- dinbeer”, na Zona Norte da capital, a cerca de uma ano. É com a renda do pequeno negócio que ele conta para sustentar a esposa e os filhos, de 11 e 18 anos. Ele conta que a alta dos alimentos está inviabilizando o negócio. Mesmo pesquisando, a média do preço do arroz está em R$4. O feijão e o óleo estão custando, em média, R$8. Resultado: as prateleiras estão vazias. O que acontece é que o comerciante já não consegue adquirir novos produtos para manter o estoque. E também não consegue vender os poucos que tem, pois, para ter algum lucro precisa aumentar o valor de revenda. Na última segunda (5), o comerciante fez a ida mais recente ao mercado, para abastecer as prateleiras: “As coisas continuam caras. Essa alta no preço atrapalha demais nas vendas. Quando a gente põe um preço nas coisas aqui para vender, o povo acha um absurdo. Não vende”.
Dono do estabelecimento “JR Conveniência” há seis anos, João Batista, 44 anos, explica que compra arroz entre R$3 e R$5,50. Em relação a itens como feijão e óleo, José encontra a médias de R$8,50 e R$9, respectivamente: “Às vezes quando tem uma promoção pequena, e quando eles estão de bom humor, eu compro por R$6,50. Mas é só naquele dia e acabou-se”. O comerciante também criticou o preço da farinha de milho, item básico e fundamental na mesa dos potiguares: “O cuscuz tá caro meu filho. Antigamente, a gente comprava um bicho desse de R$1,20, 1,10 ou 99 centavos. Agora, cuscuz de 500 gramas está 1,70. E isso sem falar no gás que está de lascar”.
E por falar em gás de cozinha, ele também está mais caro. O reajuste, autorizado nas distribuidoras a partir da quarta-feira (7), deve aumentar o produto em cerca de R$5 a R$6, no Rio Grande do Norte. Segundo o Sindicato dos Revendedores Autorizados de Gás Liquefeito de Petróleo (Singás-RN), o aumento acontece por conta do dissídio coletivo dos trabalhadores do setor, que tradicionalmente ocorre no mês de setembro.