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ATLETA DE 90 ANOS FALA DA IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA ESPORTIVA NA TERCEIRA IDADE

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Maria da Guia treina três vezes por semana com o time feminino de voleibol da AABB, no bairro Tirol – Foto: Reprodução

Falar de esporte, é falar de paixão de brasileiro. Quem nunca parou torcendo por um time, vibrando, até mesmo praticando por influência de um atleta… Mas já imaginou chegar aos 90 anos jogando vôlei e distribuindo saúde e simpatia? A reportagem do Diário do RN foi conhecer um time de jogadoras de vôlei da capital potiguar que não deixam rotular pela idade, seguem mantendo o ritmo de treino e cuidando da saúde.

A turma de jovens senhoras, treina nos dias de segunda, quarta e sexta, na Associação dos Bancários (AABB), localizada no Tirol, mas o que nem todo mundo sabe, é que a faixa etária das atletas é de acima de 65 anos e se engana quem pensa que são treinos fáceis.

Entre o grupo, uma atleta chama atenção, dona Maria da Guia Brasil de 90 anos. Nascida em Mossoró, ela é sinônimo de alegria, simpatia e dedicação ao esporte desde criança: “Sou atleta de muitas décadas, desde novinha que jogo vôlei e até hoje continuo jogando. Desde os 13 anos que despertei a paixão pelo esporte, gostava mais de bola que de estudar”.

Guia, como é mais conhecida, relembra ainda os comentários da mãe e como na época que começou havia o preconceito por gostar de jogar: “Minha mãe dizia que eu deveria ter nascido homem para gostar tanto de bola assim, naquela época era homem quem podia jogar. Mas, eu sempre gostei e adorei jogar bola, então nem ligava só queria me divertir. Mesmo depois que tive filhos, quando já estavam maiores continuei jogando”.

É mantendo a rotina de treinos que ela diz estar aproveitando a vida, jogando, viajando, passeando: “Treino três vezes na semana, aqui eu me distraio, me divirto muito com as meninas, deixo de lado toda tristeza. Sigo aquela música ‘viver e não ter a vergonha de ser feliz’”.

E se nem tudo foi fácil na vida, Guia conta que, diante das dificuldades que encarou no percurso, buscou no esporte uma alternativa para aliviar as dores da saudade.

“Apesar de todo sofrimento de ter perdido dois filhos – muito novos- e meu marido, vou levando a vida como Deus vai me dando e sou alegre. Tem dia que estou triste, mas com as meninas consigo esquecer tudo isso e alguns aninhos, entro em quadra como se tivesse 15 anos. ”

Avó de sete netos e com dois bisnetos, para Maria da Guia, o lema é viver: “Adoro viver, por tudo que passo e estou vivendo. Artrite e artrose? O que é isso? Mas, não tenho não sinto dor de nada, só a dor da saudade que essa não tem remédio na farmácia que passa. Eu danço, eu pulo, só não danço na ‘boquinha da garrafa’ porque não dá mais”.

Time de veteranas é comandado pelo técnico Ademir Soares – Foto: Reprodução

Treinos funcionam como ambiente terapêutico

O técnico da equipe também é um veterano das quadras, o ex-atleta Ademir Soares, que se diz revigorado a cada aula: “É um prazer enorme treinar essa turma, são pessoas que se conhecem há anos e isso faz com que tenhamos uma intimidade e uma sincronia muito grande e ter uma pessoa como Guia em nossa equipe é uma satisfação enorme”.

Ademir reforça ainda que não há moleza nos treinos, ainda assim mantendo um ambiente de descontração: “A maioria das meninas que treinam aqui são ex-atletas ou jogam há muito tempo, já tem base do vôlei, já sabem os fundamentos. Além de ser um treino, aqui se torna um ambiente terapêutico, somos uma verdadeira família. Apesar de toda a idade, elas não têm limitações, jogam super bem, são sempre alegres, felizes”.

Atividade melhora autoestima e qualidade de vida

E como exemplos não faltam nessa turma, Maria Salete Souza, de 76 anos, também relembra sua trajetória no vôlei e como auxilia a ter uma vida melhor apesar do diagnóstico de fibromialgia: “Comecei a jogar no Colégio Nossa Senhora das Neves, com 12 anos e de lá pra cá não parei mais. Apesar de ter fibromialgia, aproveito muito os momentos que estou sem dor e venho jogar, inclusive minha médica disse que eu nunca deixasse de jogar. Quando morei no interior formava grupos de vôlei e ía jogar na quadra e também ensinava as pessoas para poder ter time”.

Maria Salete também fala como seus filhos a incentivam a continuarem nessa vida ativa e do esporte: “Eles (meus filhos) dizem que sou o maior orgulho deles, por estar no esporte, ter qualidade de vida e por aparentar ser bem mais nova do que a idade que tenho”.

A veterana no esporte e na vida deixa um conselho para os mais novos: “essa geração de hoje precisa deixar um pouco o celular, vão praticar esporte: natação, vôlei, basquete, futebol, o que seja, tudo na vida é uma um preparo físico, é cuidar da saúde, do corpo”.


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