“Eu não falei isso”, garantiu o secretário do Meio Ambiente de Natal, Thiago Mesquita, ao dizer que não “denunciou” a existência de um suposto esquema para prejudicar as obras do Mercado da Redinha organizado pela deputada federal Natalia Bonavides e o vereador de Natal, Daniel Valença, ambos do PT, conforme noticiado em um blog da capital, neste domingo (10). Segundo ele, o que aconteceu, na realidade, foi que os parlamentares petistas pediram para que ele suspendesse a operação de monitoramento na região para evitar que os comerciantes ocupassem a faixa de areia na Redinha durante as obras de requalificação do local.
“O que eu disse na (rádio) 96 FM é que ambos me ligaram para reivindicar que suspendesse a operação e eu disse que não podia fazê-lo. Não me responsabilizo por nada que este ou outro blog escreve”, afirmou Thiago, que completou dizendo que a operação de monitoramento na Redinha era para evitar a instalação de mesas, cadeiras e guarda-sóis durante as obras desde a última quinta-feira (7).
“A medida é resultante do cumprimento de acordo firmado no âmbito da Justiça Federal envolvendo o Ministério Público Federal, Advocacia Geral da União, Secretaria do Patrimônio da União, Procuradoria Geral do Município, da própria Semurb e das secretarias municipais de Trabalho e Assistência Social (Semtas) e de Serviços Urbanos (Semsur), além de representantes dos quiosqueiros atingidos pela intervenção da obra da Redinha”, disse.
Ele explicou que o município indenizou os vinte quiosqueiros da praia, dos quais dez receberam indenizações integrais e os outros dez receberam indenizações parciais. E que ficou definido ainda que ao município avaliará a possibilidade de autorizar a exploração comercial pelos dez indenizados parcialmente, considerando os impactos sociais relacionados ao período de execução da obra. Segundo ele, é para “garantir a segurança aos trabalhadores e usuários da praia”.
Questionado se havia falado sobre um suposto esquema organizado pelos parlamentares petistas e se tinha provas de que ambos estavam usando pessoas para prejudicar a Prefeitura na questão da Redinha, o secretário respondeu que questionasse ao Blog Matheus Peres, pois ele não havia falado nada sobre isso. “Não me responsabilizo por nada que este ou outro blog escreve. Eu não falei isso”, garantiu.
O secretário disse ainda que, neste final de semana, a equipe de fiscalização notificou dois comerciantes que residem próximo à orla e que estavam ocupando áreas públicas como extensão de suas atividades. Essas ocupações foram interrompidas imediatamente, e o material utilizado foi recolhido.
Ele disse que pessoas que não faziam parte do processo estão fazendo reivindicações. “Pessoas que não foram citadas no processo, parece que eram funcionários de alguns dos quiosqueiros da Redinha. Na verdade, percebemos que existe um fundo político-partidário por traz. A gente recebeu ligações da deputada federal Natália Bonavides, do vereador de Natal Daniel Valença e a gente tem se preocupado com o povo”.
Segundo ele, as mobilizações na Redinha são ilegais. “Ocupação irregular em área pública é passível de multa, apreensão e até reclusão, dependendo do contexto. Estamos em obra na Redinha, com maquinário pesado e tudo isso foi tratado na Justiça, foi feito acordo judicial. Nos espanta vermos pessoas esclarecidas contribuindo para movimentos que tem uma única finalidade, que é atrasar a obra na Redinha”.
PROTESTOS
De quinta-feira (7) a sábado (9), moradores da Redinha realizaram manifestações reclamando que estavam sendo de trabalhar na orla da praia por ordem da Prefeitura. No primeiro dia, a Prefeitura enviou agentes da Guarda Municipal e da Semurb para retirarem os trabalhadores. No segundo, a Ponte Newton Navarro foi interditada entre o final da tarde e início da tarde, fato que se repetiu no sábado.
A Praia da Redinha passa por obras de revitalização, e os comerciantes estão proibidos de montar qualquer barraca ou mesas e cadeiras. Alguns receberam indenizações que variam entre R$ 25 mil e R$ 50 mil, mas o acordo não contemplou a todos, e os trabalhadores reclamam que precisam da renda. Segundo eles, por exemplo, o 7 de setembro é a segunda data de maior rentabilidade na praia, perdendo apenas para o Ano Novo.
Os parlamentares estão fazendo plenárias e reuniões com representantes da Prefeitura e da comunidade.
Segundo Valença, “a situação dos trabalhadores da Redinha é de fome e desalento. Álvaro Dias executa uma requalificação da orla que mais parece uma expulsão de quem trabalha e vive da praia. Ao derrubar os quiosques e não prever um plano de ocupação provisória da orla, quiosqueiras, garçons, cozinheiras, ambulantes, ou seja, mais de uma centena de pessoas foi diretamente afetada pela obra da prefeitura”.
Natália relatou que o pedido é de socorro durante os momentos de reuniões e critica a forma como está sendo conduzida a obra. “ O que nosso mandato tem ouvido das trabalhadoras e trabalhadores da Praia da Redinha é um grito de socorro”, lamentou.