Início » “AÇÃO HEROICA”, DIZ SINDSAÚDE SOBRE ATAQUE TERRORISTA DO HAMAS A ISRAEL

“AÇÃO HEROICA”, DIZ SINDSAÚDE SOBRE ATAQUE TERRORISTA DO HAMAS A ISRAEL

  • por
Compartilhe esse post

Sindisaúde repostou post da CSP Conlutas apoiando ataque terrorista – Foto: Reprodução Reprodução

Uma postagem feita pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Estado (Sindsaúde/RN) em seu perfil oficial no Instagram nesta segunda-feira (9), sobre o ataque do grupo terrorista palestino Hamas contra Israel, atraiu a atenção dos potiguares. Chamando Israel de “criminoso”, a entidade afirmou que o ato colocou “em xeque o caráter de ‘indestrutível’ associado ao estado sionista financiado pelos Estados Unidos”. A publicação, repostada do perfil da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), foi apagada horas depois, após a repercussão negativa.

Na postagem, o Sindsaúde disse: “O mundo parou para acompanhar os eventos protagonizados pela heroica resistência do povo palestino na manhã do sábado, dia 7 de outubro. A ação “Tempestade de Al Aqsa”, realizada pelas Brigadas de al-Qassam (braço armado do partido Hamas), retomou inúmeros territórios invadidos por Israel […] Desde 1948, Israel ocupa de maneira criminosa e ilegal cerca de 88% dos territórios da Palestina histórica. Este processo culminou num êxodo em massa, e nestes últimos 70 anos, quase 6 milhões de palestinos tornaram-se refugiados”.

E defendeu que a ação não ter caráter terrorista, mas legítimo. “Israel, com a anuência do imperialismo mundial, promove uma limpeza étnica contra os palestinos e um regime de segregação racial que condena milhões ao tratamento desumano e antidemocrático […] Apesar da palavra terrorismo ter sido repetida inúmeras vezes nas últimas horas, a ação de resistência palestina é legítima e fundada no direito garantido aos povos invadidos de lutarem contra seus agressores”.

No último sábado, o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel, quando cerca de dois mil foguetes foram disparados da Faixa de Gaza, e extremistas se infiltraram em cidades israelenses, com ataques a civis e militares. Como resposta, Israel efetuou com bombardeios em alvos na Faixa de Gaza e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra ao Hamas, objetivando a destruição do Hamas. Até a tarde desta segunda-feira, conflito já contabilizava mais de 1,1 mil mortes e milhares de feridos. O governo federal iniciou o processo de repatriação dos brasileiros que estão no local.

ENTENDA O CONFLITO

Segundo o professor de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Fernando Pureza, o cenário histórico do conflito é difícil de sintetizar, mas pode ser retomado a partir da criação do Estado de Israel, com a Resolução das Nações Unidas em 1947 e oficializado em 1948 após a Guerra de Nebenense, quando Israel avançou sobre as fronteiras que estavam demarcadas como pertencente ao Estado Nacional Palestino e enviabilizou a criação do Estado Palestino.

“A Palestina fica com os territórios separados, o que hoje se chama de Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Em 1967, com a guerra dos seis dias, Israel avança sobre os territórios palestinos e com isso, acaba removendo parte da região de Gaza do controle relativo da comunidade palestina e avança sobre vários dos territórios na Cisjordânia, bem como no Oriente Médio e, em sentido mais generalista, é a guerra que define as fronteiras, tal como elas vão ser estabelecidas oficialmente nos acordos de Oslo”, explicou.

No entanto, como esses acordos não foram efetivamente cumpridos, “ainda que haja uma representação política da Palestina, ela não possui poder de Estado oficialmente, então a gente tem um impasse aí. A partir de 2006, 2007, o Hamas entra nas eleições da autoridade palestina, do governo palestino, e acaba sendo vitorioso em Gaza, e consequentemente se distancia da representação política da Cisjordânia, da autoridade nacional palestina, estabelecida na Cisjordânia, liderada pelo partido Fatah, que era do antigo líder Yasser Arafat”, disse
Nos últimos anos, com o fortalecimento da figura do Benjamin Netanyahu e da expansão da extrema-direita israelense, houve um cercamento muito mais intenso sobre a Faixa de Gaza, e o Hamas, nesse sentido, se colocou como o único representante que desafia efetivamente o Estado de Israel nesse momento.

“É sempre bom lembrar que o Hamas é um grupo fundamentalista islâmico e que tem uma perspectiva de destruição do Estado do Israel, que não é só entregar as terras colonizadas. Então, o momento atual é um indicativo muito claro do que está acontecendo com a região, que conforme o Estado palestino não recebe o seu devido reconhecimento, a tendência é que grupos mais radicais ou que proponham ações mais radicais se fortaleçam. Essa é uma ”, explicou.

O professor concluiu, dizendo que “O Hamas conseguiu um ataque surpresa, como temos visto na cobertura atual, digamos assim, uma certa inoperância, incapacidade do Estado israelense de se prevenir, e perante isso, a retaliação será evidentemente desproporcional. Até por isso, às vezes, fica um pouco complicado a gente pensar em termos de guerra entre Israel e Palestina, porque o Estado Palestino não existe. Então a guerra seria entre Israel e um grupo político, que é denominado como um grupo terrorista por uma série de organizações, mas que efetivamente é um grupo político com representação partidária dentro da política Palestina e tudo mais”.


Compartilhe esse post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *