Por: Flávio Marinho
A Câmara Municipal de Natal parece que foi tomada por uma “pandemia” de “independência”, que contamina alguns vereadores que, de repente, se dizem “independentes”, passando a ideia de que antes eram subservientes e submissos ao poder Executivo.
Nos melhores parlamentos do mundo moderno, seus integrantes ou são governo ou são oposição ao governo. Esse negócio de “bloco independente”, que é fora de moda até em parlamentos mais atrasados, cheira a coisa da “velha política”, de se agrupar para tentar criar dificuldades com o objetivo de obter facilidades.
É claro que, certamente, esse não é o caso dos “independentes” da Câmara Municipal de Natal, todos eles plenos de convicções republicanas e democratas desde o útero materno…
Porém…
Não passa desapercebida pela parcela da opinião pública mais esclarecida que “blocos independentes” são criações do passado, geralmente utilizadas para tirar vantagens do mandatário da vez.
Os seus personagens, quase sempre, são políticos gulosos, praticamente insaciáveis, que embora sejam prestigiados com cargos na administração municipal e mesmo tendo suas solicitações de serviços atendidas pela municipalidade, têm uma gula que supera o bom senso.
Também não são alheios aos olhares mais observadores que “surtos” de “independência”, quase sempre, acontecem quando estão em discussão matérias importantes para uma cidade, como, no plano local, a questão da licitação dos transportes e o Plano Diretor de Natal, este último, aliás, um tema que no passado já gerou investigação e operação do Ministério Público, conhecida como “Operação Impacto”.
Nem na gestão do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, conhecido por não passar a mão na cabeça de vereadores, nem dar ouvidos para choramingados, se viu na Câmara Municipal de Natal, na época presidida pelo vereador Raniere Barbosa, motins e “surtos” de independência como se vê agora.
A vereadora Nina Souza, boa de diálogo e habilidosa, reassumiu a função de líder do prefeito Álvaro Dias na Câmara Municipal.
Quem sabe ela não tenha na bolsa uma vacina para curar a “pandemia” de “independência” e mostrar aos “independentes” que os interesses da cidade estão acima de chorumelas pessoais?
Um fato é certo: esse negócio de ficar em cima de um muro apelidado de “independência”, parece coisa de quem espera para ver qual o lado do muro tem o colchão mais macio para poder pular.
*Artigo publicado no Blog do FM