O cantor, compositor e escritor Mirabô Dantas, 74 anos, é um dos responsáveis por colocar o Rio Grande do Norte no mapa da MPB. Apesar dos mais de 50 anos de serviços prestados à música, o artista estava passando por dificuldades de saúde e dinheiro. Atendendo a uma reivindicação do Conselho Estadual de Cultura feita em 2018, o governo do estado concedeu a Mirabô uma pensão vitalícia. A assinatura da concessão foi realizada na tarde da última terça-feira (23), na governadoria.
“Mirabô é imprescindível para a cultura do estado. Um artista que projetou o RN para o Brasil”, declarou na ocasião o escritor Iaperi Araújo, presidente do Conselho, que agradeceu a sensibilidade e a presteza da governadora Fátima Bezerra em atender a um pleito que muitos já julgavam perdido. “Não se trata de um favor. Mas de um reconhecimento a toda uma vida dedicada à música, à arte, sua contribuição ao estado. É um direito que você conquistou”, ressaltou a governadora ao músico.
Visivelmente emocionado, Mirabô falou sobre o pai, um estivador que criou uma banda de música em Areia Branca, e mencionou outros parentes musicais ilustres, como Tonheca Dantas e Felinto Lúcio Dantas. Lembrou da temporada no Rio de Janeiro, dos grandes artistas brasileiros com quem conviveu, tocou, e compôs. Ressaltou como sempre pôs a arte em primeiro lugar em tudo na sua vida – até mesmo sobre o futuro.
“Eu nunca pensei em precisar de algo como uma pensão na vida, porque só me preocupei em compôr, escrever, tocar, cantar, pintar…não pensava em contribuição, aposentadoria, etc. E me vi, nos últimos anos, em uma situação muito difícil. Então essa pensão me dá um certa dignidade pra viver. Mas, acima de tudo, também estou feliz pelo reconhecimento do meu estado, e de pessoas que se sensibilizam diante do ser humano e da arte”, declarou, ressaltando que ainda compõe e tem material para “uns três discos”.
Mirabô nasceu em Areia Branca, mas suas origens são seridoenses. Compositor de mão cheia, já foi gravado por artistas como Terezinha de Jesus, Elba Ramalho e Lecy Brandão. Tem parcerias com Capinam, José Nêumane Pinto e Maurício Tapajós. Fez trilhas sonoras para teatro e cinema – incluindo para o cultuado “Boi de Prata”. Chegou a ser diretor do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro.
Lançou seu primeiro CD só em 2005, “Mares Potiguares”, e escreveu a autobiografia “Umas histórias, outras canções”. No livro, descreve a trajetória musical. Apesar de soltar a voz quando precisa, Mirabô sempre ressaltou que prefere compôr .
Por Tribuna do Norte