
A “Black Friday”, tradicional data de liquidações que marca o início das compras de Natal, acontece na última sexta-feira de novembro, mas já movimenta o comércio em Natal. O evento, que nasceu nos Estados Unidos e foi incorporado ao calendário brasileiro em 2010, tornou-se uma das datas mais importantes para o setor varejista, tanto físico quanto online. Neste período, os lojistas oferecem descontos expressivos, cupons e promoções que atraem consumidores em busca de boas oportunidades de compra e, ao mesmo tempo, impulsionam o faturamento das empresas.
Na capital potiguar, o clima é de otimismo entre os comerciantes. De acordo com Matheus Feitosa, presidente da Associação dos Empresários do Alecrim (AEBA), as expectativas são altas para este ano, e o bairro já iniciou os preparativos para a chamada “Esquenta Black Friday”. A ação está sendo realizada durante os feriados de novembro, como um aquecimento para a grande data de descontos.
“Nossas expectativas são sempre das melhores. Teremos também a grande Black Friday, uma Black Friday real e não uma ‘Black Fraude’. E já demos início ao nosso esquenta, que acontece durante os feriados de novembro. No dia 15, estivemos com o comércio aberto e diversas lojas já participando; e, agora, nos dias 20 e 21, mais estabelecimentos vão aderir à ação. Estamos fazendo essa entrega como um grande atrativo para que os clientes visitem o Alecrim durante os feriados”, afirmou Feitosa.
O dirigente destaca ainda que o comércio de rua e a tradicional feira livre do Alecrim também participam das promoções, contribuindo para o aumento no fluxo de clientes e no volume de vendas. “A feira livre do Alecrim funciona como uma grande colaboradora, atraindo consumidores e ajudando a gerar movimento. Está tudo pronto para que a Black Friday deste ano seja ainda melhor do que a do ano passado. A expectativa é de um crescimento entre 5% e 10% nas vendas em relação ao ano anterior”, afirmou.
Além do aspecto comercial, Feitosa ressalta que a data também serve como um treino para os lojistas e funcionários, em preparação para o intenso período natalino. “A Black Friday já é uma prévia das vendas de fim de ano e, por isso, uma oportunidade de treinar os comerciários. O Alecrim recebe tanto o público final quanto o cliente do atacado, que vem abastecer seus pontos de revenda. Então, junto com nossos parceiros, estamos planejando ações importantes para este período”, completou.
Consumidores devem ficar atentos para não caírem em pegadinhas, explica especialista

Com o aumento das ofertas no comércio físico e virtual, no entanto, também crescem as armadilhas e práticas enganosas. O mês de novembro, segundo os órgãos de defesa do consumidor, é o período em que se registram mais reclamações nos Procons de todo o país, principalmente por conta de propagandas falsas e preços que não condizem com o prometido.
Com isso, o advogado especialista em Direito do Consumidor, Jeoás Santos, alerta para os cuidados que o público deve ter antes de efetuar uma compra. “O consumidor se deixa levar pela sensação de urgência e acaba comprando sem checar as condições reais da oferta. É nessa pressa que acontecem os maiores prejuízos”, destaca.
De acordo com especialista, entre as práticas mais comuns estão o aumento artificial de preços antes da Black Friday, a criação de sites falsos que imitam grandes redes varejistas, o uso de estoques inexistentes e anúncios com informações incompletas. Há ainda casos em que as lojas alegam “erro de preço” para cancelar vendas já concluídas.
Ainda segundo o advogado, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) diferencia a propaganda enganosa, que induz o consumidor ao erro, da propaganda abusiva, que se aproveita de situações de vulnerabilidade, como o medo ou o impulso. Ambas proibidas por lei. “O anúncio integra o contrato. Se a oferta for clara e plausível, o consumidor pode exigir o cumprimento do preço anunciado”, explica.
O especialista também lembra que, no caso das compras online, o consumidor tem direito ao arrependimento, garantido pelo artigo 49 do CDC. Isso significa que é possível desistir da compra em até sete dias corridos após o recebimento do produto, com reembolso integral, incluindo o valor do frete. Mesmo em promoções, os direitos de troca e garantia continuam válidos, sendo 30 dias para bens não duráveis e 90 dias para os duráveis.
“Nenhuma loja pode negar reparo ou devolução alegando que o produto estava em liquidação”, reforça Santos. Caso o problema não seja resolvido diretamente com o fornecedor, o consumidor deve reunir provas, como notas fiscais, ‘prints’ e protocolos de atendimento, e procurar o Procon ou o site consumidor.gov.br. Persistindo o impasse, é possível recorrer ao Juizado Especial Cível.
Jeoás conclui reforçando que para aproveitar a Black Friday com segurança, a principal recomendação é desconfiar de ofertas que pareçam boas demais para ser verdade.
“Promoção de verdade informa tudo com transparência e cumpre o que promete. Desconfie de preços milagrosos e registre sempre as condições da oferta”, orienta o advogado.