Início » BOLSONARO PODE REVERTER O QUADRO DE REJEIÇÃO E GANHAR NOVAMENTE?

BOLSONARO PODE REVERTER O QUADRO DE REJEIÇÃO E GANHAR NOVAMENTE?

  • por
Compartilhe esse post

Bolsonaro sobre vacina da Pfizer: 'Se você virar um jacaré, é problema seu'  - ISTOÉ Independente

O presidente Jair Messias Bolsonaro está em processo de crescente desgaste e aumento da rejeição. Fruto da necessidade permanente de falar sobre tudo e todos, sem filtro ou seleção.

A pergunta que se faz é: Bolsonaro consegue reverter essa situação adversa junto ao eleitorado?


De acordo com Gaudêncio Torquato, jornalista, consultor de marketing institucional e político, consultor de comunicação organizacional, doutor, livre-docente e professor titular da Universidade de São Paulo e diretor-presidente da GT Marketing e Comunicação, há alguns fatores que influenciam diretamente na escolha do eleitor, na decisão do voto.

Segundo Gaudêncio, os eleitores

“são influenciados por um conjunto de fatores, a saber: a) o estado da economia (equação BO+BA+CO+CA – Bolso, Barriga, Coração, Cabeça; b) o discurso da ordem contra a violência e a bagunça; c) as demandas mais prementes (saúde, emprego, educação, etc.); d) a esperança encarnada pelo perfil; e) o recall do passado (lembrança do candidato); f) a taxa de indignação contra os políticos; g) a proximidade do candidato; h) o tempo de exposição do candidato na mídia eleitoral e i) a maneira de apresentação/modo de falar (discurso estético).”

A EQUAÇÃO DO VOTO

O respeitado professor Gaudêncio, que é potiguar do Alto Oeste, detalha um pouco mais a equação que pode definir o voto do eleitor:

“Bolso cheio, barriga cheia, coração agradecido e cabeça feita. O eleitor quer identificar nos candidatos o perfil que apresente tudo isso. Quando o eleitor descobre essa mensagem, ele acaba votando porque acha que o político vai ajudá-lo e ele vai ter uma vida melhor. A esperança é o grande valor que os eleitores querem descobrir nos candidatos.”

A VITÓRIA DE FERNANDO HENRIQUE

Baseado nessa inteligente e verdadeira equação do professor Gaudêncio Torquato, façamos uma leve passagem de volta no calendário e poderemos verificar que Fernando Henrique foi eleito justamente na esteira do Plano Real, que estabilizou a economia, botou dinheiro no bolso da população, que encheu a barriga, ficou com o coração agradecido e mudou a cabeça para votar no tucano.

Por dois mandatos. A esperança também é um fator importante e entra justamente quando um grupo exauriu o tempo de Governo, dois mandatos ou mais; e surge alguém que alimenta algo mais forte, sem perder a equação do bolso, barriga, coração, cabeça.

A VITÓRIA DE LULA

Vitória da democracia: Lula vai falar - PT na Câmara

Foi a mesma equação que fez Lula presidente, com uma pitada forte de esperança e curiosidade. Como seria ser governado por um operário sindicalista nordestino com ideias de esquerda, representando um partido com nome de trabalhador? Lula perdeu três eleições porque não conseguiu tirar o medo do eleitorado mais conservador de que mudança não representaria perdas. Colocou um empresário como vice (José Alencar), deu um polimento no discurso, abriu o leque de alianças e ganhou a eleição. A esperança venceu o medo.

No Governo, Lula usou como ninguém a equação do professor Gaudêncio. Povo de bolso cheio, comprando o que antes era impossível, barriga obesa de alimentos variados, coração palpitando de alegria e cabeça feita de agradecimento. Não deu outra. Lula de novo.

A VITÓRIA E A DERROTA DE DILMA

Impeachment de Dilma Rousseff - História do Mundo

Equação mantida no segundo mandato, Lula bem aprovado, elegeu até um poste. O poste, Dilma Rousseff, manteve, com muita luta e briga interna, a equação que havia reelegido Lula. Foi reeleita.
No segundo mandato, deu erro na equação, associado à arrogância e autossuficiência, Dilma se viu sem força popular. O desemprego desmantelou a equação. O bolso ficou vazio, a barriga secou, o coração gritou e a cabeça explodiu.

Sem apoio popular, bastou a invenção de uma tal de ‘pedalada’ para a oposição tomar-lhe o mandato. Com Lula e a equação em pleno funcionamento, explodiu o ‘mensalão’, mas o Governo seguiu firme; nem ameaça real de impedimento. Com Dilma, sem a equação, o golpe foi fácil.

O FUTURO DE BOLSONARO

Em viagem ao Nordeste, Bolsonaro faz acenos ao Congresso e tenta se  aproximar do povo da região - Brasil 247


O presidente Bolsonaro oscila em aprovação e desaprovação de sua gestão e na popularidade. O apoio popular ainda é grande, mas segmentado no gueto que o próprio criou para alimentar sua defesa e sua gestão.

Para não ser derrotado pela união das forças contrárias ao seu Governo, Bolsonaro precisa fazer com que a equação do voto seja posta em prática.

Ele já sinalizou com aumento do bolsa família. É o caminho. Mas não é tudo. Houve aumento no número de miseráveis, queda na pirâmide social, desarranjo nas classes sociais, desemprego em praticamente todas as áreas. A equação não funciona nesse cenário.

Porém, caso o presidente consiga reerguer a economia, aumentar a oferta de empregos, assistir aos miseráveis, diminuir a gigante e vergonhosa linha de pobreza absoluta, devolver o poder de compra e permitir novamente a ascensão social, a equação poderá voltar a funcionar em benefício do projeto de reeleição.

O PERIGO DA FRENTE AMPLA DE OPOSIÇÃO

Encontro entre Lula e FHC ensaia frente antibolsonarista e incomoda PSDB |  Atualidade | EL PAÍS Brasil

Entretanto, o comportamento beligerante contínuo do presidente, está provocando a criação de uma frente que não é somente ideológica contra ele. É uma frente ampla que terá como único objetivo, derrotar o presidente. E uma eleição em dois turnos isso é fatal.

Bolsonaro não pode achar que seu exército, que é forte atualmente, é suficiente para lhe garantir a vitória. Em eleição, às vezes grupos se fortalecem mais para derrotar do que para vencer. A vitória é consequência de uma grande união contra algo ou alguém.

Quando Fernando Henrique Cardoso diz que pode até votar em Lula para derrotar Bolsonaro, não deveria soar tão esquisito. Afinal, ambos já dividiram palanque das Diretas-Já e outras lutas no campo democrático.

Mas, quando Rodrigo Maia, que liderou a oposição aos governos de Lula e Dilma na Câmara, diz que pode votar em Lula para derrotar Bolsonaro, é a materialização da união de todos contra um. Sem ideologia ou causa definida. Às vezes, a busca pela derrota do outro encontra mais força do que a própria vitória.

O PERIGO DA REJEIÇÃO CONSOLIDADA

Manifestações contra Bolsonaro são marginalizadas pela mídia brasileira -  04/06/2021 - PerifaConnection - Folha

Portanto, o que vai definir o futuro político de Bolsonaro são suas próprias ações, suas palavras, seus gestos, suas atitudes. E de seus familiares. Quanto mais eles falam, mais apaixonados ficam os que já são apaixonados por Bolsonaro. Quanto mais eles falam, mais gente se une contra Bolsonaro.
O silêncio, em alguns casos, pode ser seu grande parceiro. Hoje, a palavra, que foi responsável por sua vitória surpreendente, poderá ser sua principal razão de derrota.

Quando a rejeição se consolida, não há equação que mude o sentimento. É o que está acontecendo no momento.


Compartilhe esse post

1 comentário em “BOLSONARO PODE REVERTER O QUADRO DE REJEIÇÃO E GANHAR NOVAMENTE?”

  1. Senário atual já é bem ruim para o presidente e com seus pronunciamentos contrários à ciência tendem a piorar. O número dos #forabolsonaro só tem aumentado, A Situação atual é de muita desgaste, mas ainda é muito cedo para afirmar se Bolsonaro será derrotado ou vitórioso em 2022

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *