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PARTICIPANTE DA REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS, AGRIPINO REVERENCIA MEMÓRIA DE TANCREDO NEVES

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Tancredo Neves foi uma das mais importantes figuras da política recente do Brasil. Eu digo isso porque ele foi tudo em termos de política: ele foi vereador, deputado estadual, deputado federal, senador, governador, primeiro-ministro, ministro de Estado e terminou eleito Presidente da República. Ele era, acima de tudo, um homem muito hábil e muito corajoso do ponto de vista cívico, muito corajoso; ele esteve, desde a revolução de 30, a frente de movimentos, sempre vanguardista no Brasil, onde esteve ao lado de figuras importantes como o Juscelino Kubitschek.

Ele foi eleito governador, em 1982, quando eu eleito também governador pela primeira vez, ele do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e eu pelo Partido Democrático Social (PDS). Nós éramos adversários. Eu havia derrotado Aluízio Alves, que era amigo íntimo de Tancredo, ambos do MDB. Por isso, digo um traço característico de Tancredo: ele era uma figura amena, habilidoso e conciliador; ele era, acima de tudo, um agregador! Ele, do MDB, frequentava as reuniões da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), onde a maioria dos governadores era do PDS, e, pela sua capacidade de relacionamento e de habilidade na agregação e de convivência fraterna, estabelecendo diálogo muito franco e muito sincero, ele conquistou a simpatia dos seus colegas governadores, que terminaram, como eu, apoiando quando ele foi candidato no pleito para Presidência da República.

Eu, por exemplo, apoiei Tancredo, rompendo com o meu partido, o PDS, para fundar o Partido da Frente Liberal (PFL) – atual Democratas (DEM), por acreditar que ele, sendo eleito, seria capaz de promover a completa redemocratização do país. Como ele se propunha a provar as diretas para Presidente da República; já que as diretas para Governador já haviam acontecido. Eu rompi com o meu partido para apoiar Tancredo: pela convivência que eu tinha com ele, pela capacidade que eu entendia nele de aglutinar forças e, a partir disso, aprovar as reformas que se impunham. Não adiantava a pessoa ser apenas conciliadora, se não tivesse a capacidade, como ele demonstrou, tendo o apoio dos governadores do PDS, que acabaram fundando o PFL, se ele não tivesse a capacidade de juntar, de unir e estabelecer um pacto de entendimento no país. Era necessário fazer uma espécie de concertación, como o Chile fez, anos depois.

Tancredo, portanto, durante a sua vida, foi um homem de extrema habilidade política, com muita experiência, passando por todos os cargos da política, como já citei no começo deste depoimento. Ressalto que, acima de tudo, ele, em um dado momento, significou o reencontro de brasileiro com o brasileiro, unindo diversos partidos em nome dos interesses do Brasil e da verdadeira redemocratização. Ele morreu, assumiu José Sarney, que cumpriu o compromisso fundamental de Tancredo e fez acontecer as eleições diretas para a Presidência da República.

Esse é um depoimento que eu presto sobre um grande brasileiro, a quem eu conheci e reverencio a memória, cuja figura é, neste momento, saudada, comemorada, dentre os amigos aos quais eu me incluo. Confira o áudio:

José Agripino

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