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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: MEMÓRIA, RESISTÊNCIA E CELEBRAÇÃO

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Neste domingo (20) é comemorado o Dia da Consciência Negra. A data, que surgiu como uma forma de refletir sobre o valor e contribuição da comunidade negra para o Brasil, tem o papel de jogar luz sobre a resistência do povo negro e dar maior visibilidade à busca por igualdade, por direitos, e contra o racismo. Para entender o que envolve o movimento negro da atualidade, é necessário fazer um resgate histórico e falar sobre as raízes que envolvem essa luta.

O Brasil instituiu o Dia da Consciência Negra em seu calendário oficial em 2011. Celebrada em 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, uma das personalidades mais conhecidas na luta pela libertação do povo contra o sistema escravista.

A data que começou a ser simbólica para o movimento negro desde os anos 70,  onde se iniciou a discussão da criação de uma data para simbolizar a resistência ao racismo no país, e para se opor ao 13 de maio, em busca de fazer refletir sobre os efeitos do racismo, a importância do papel do povo negro na abolição e elevar a autoestima da população negra.

DOIS POEMAS, DUAS HOMENAGENS

Por Horácio Paiva

Nesses poemas, teço duas homenagens: à consciência de nossa negritude  –  nossa africanidade cultural e sanguínea  –  e à fraternidade universal, que deve prevalecer entre pessoas e povos, não apenas como exigência filosófica da moral humanista, mas como afirmação da diversidade do amplo patrimônio genético que nos compõe e nos une:

CANTO AO AVÔ AFRICANO

Procuro-te entre os demais

e não te encontro

talvez porque não aceitaste o convite

e o sonho do Brasil te foi imposto.

Vejo a tua sombra

e semente  –

já que o teu corpo foi corrompido pela guerra

pelo açoite

e pela prisão.

Os demais estavam à mesa

e todos tinham nome e origem.

Tu, porém, sobreviveste

sem o pão e o vinho.

Trazem-me dos demais a linhagem secular

lenda ou fantasia

e vou encontrá-los nas igrejas

cartórios ou bibliotecas.

Quanto a ti

a memória se perde

num vago e nostálgico sentimento passado

que vai enfim morrer na praia

na selva ou no deserto.

Contra ti urdiram a morte histórica

relegando-te aos livros

de registros contábeis

às ignóbeis transações de compra e venda.

Mas ergue-te, avô, pois ainda vives

e tua vida é maior que a derrota nas armas.

Dá repouso à tua sombra.

Vê que te ofereço

–  à luz do sol  –

um banquete com as lavouras que plantaste

e a que não faltarão

os alimentos sagrados que o teu gênio criou

os teus ricos orixás

as raízes de teus cantos, ritmos e danças.

E verás que à mesa estará presente

um povo

uma nação

construída com o teu sangue.

Não me renegues, avô,

não é minha pele que te chama

mas a noite de tua ausência.

FRATERNIDADE

Que me ajude o meu sangue árabe

Que me ajude o meu sangue judaico

Que me ajude o meu sangue europeu

Que me ajude o meu sangue africano

Que me ajude o meu sangue asiático

e indígena

Que me ajudem todos os meus sangues

a construir a fraternidade universal

*Com informações de Ecoa e Correio Braziliense


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