Por Bosco Afonso
Quem conhece os meandros da política tupiniquim sabe perfeitamente da ligação quase que umbilical entre Henrique Eduardo Alves, filho de Aluízio Alves, com Garibaldi Alves Filho, sobrinho de Aluízio Alves. Primos, Garibaldi e Henrique nasceram politicamente dentro do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sob as bênçãos de uma das maiores lideranças políticas do RN, o ex-deputado, ex-governador e ex-ministro Aluízio Alves.
Por ser o filho predileto, Henrique sempre teve a preferência do pai para se eleger deputado federal, chegando a conquistar onze mandatos Legislativos consecutivos, embora tenha sempre amargado derrotas eleitorais quando disputava o Executivo. Foi Ministro do Turismo nos governos Dilma e Michael Temer e destacou-se nacionalmente quando presidia a Câmara dos Deputados.
Garibaldi, o sobrinho do “Cigano Feiticeiro”, teve o seu primeiro mandato eletivo como Deputado Estadual, foi Prefeito da Capital, eleito Governador do RN por duas vezes, Ministro de Estado e Senador da República, o que levou a Henrique sofrer em algum momento uma certa “dor de cotovelo”, nunca revelada publicamente. Mas entre Henrique e Garibaldi, sempre afinados politicamente havia juras de amor eterno. A ligação familiar e política entre os dois era invejável. Nem mesmo as pequenas rusgas durante a trajetória abalaram a relação afetuoso. Isso, até surgir uma nova geração.
Garibaldi sempre respeitou com humildade a preferência de Aluízio por Henrique, sem demonstrar publicamente qualquer insatisfação.
Veio uma nova geração. Henrique, hoje com 73 anos completados no último dia 9 de dezembro, apesar de ter gerado filhas e filho, nenhum optou pela carreira política. Garibaldi Alves Filho, que no próximo dia 4 de fevereiro estará completando 75 anos de idade, tem o seu primogênito Walter Alves como o seu herdeiro político e hoje é o presidente estadual do MDB, com prestígio junto a cúpula nacional.
Na última eleição, em 2018, Walter Alves teve a sua reeleição ameaçada. Henrique, impedido de ser candidato a deputado federal decidiu não apoiar a candidatura de Walter Alves e fez um esforço danado para ajudar a eleger Benes Leocádio, para a Câmara Federal, criando um atrito familiar.
Da mesma forma como Aluízio Alves protegia o seu filho Henrique Alves, Garibaldi Alves Filho também saiu em defesa de seu filho, o deputado federal Walter Alves. Ficaram as mágoas, mas nada que o eleitorado viesse a tomar conhecimento, exceção a uns poucos correligionários que sabiam dessa desavença familiar, mas que entendiam que o tempo seria o responsável para apagar as rusgas.
Os mais próximos a Garibaldi e a Henrique acreditavam que o tempo apagasse as mágoas. No máximo, que um dia qualquer Walter Alves, que veio substituir o seu primo Henrique na direção estadual do MDB, fosse o responsável em expor publicamente a intriga política na família, até mesmo no calor de sua juventude e por ser a vítima.
Puro engano. A revelação e as declarações tipo “explode coração” partiram de quem ninguém esperava. Partiram exatamente do comedido e sensato Garibaldi Alves Filho. O amor de pai e a defesa em favor do filho falaram mais alto. Bem mais alto.
Inesperadamente, ao cumprimentar blogueiro Bruno Giovani, que instigou o ex-senador a falar sobre política, Garibaldi abriu o seu coração e fez uma declaração bombástica tornando público o seu rompimento político com o primeiro Henrique Eduardo Alves, o mesmo que tentara atrapalhar a eleição de Walter Alves.
Garibaldi teria dito a BG: “tenho motivos muito fortes para não ter mais relação política com Henrique, a campanha de 2018 foi decisiva para isso, inclusive ele pedindo voto contra Walter no pleito em prol de Benes Leocádio. Infelizmente não queria acreditar, mas o próprio Henrique confirmou publicamente”. E insinuou que seu primo não terá espaço para disputar uma cadeira na Câmara Federal, dizendo que “A nossa relação no partido também não é, e nem será fácil, mas o Presidente e a direção do MDB no RN é de Walter Alves, e quem vai conduzir isso é ele”.
Com a palavra, Henrique Eduardo Alves.