O deputado Estadual Ezequiel Ferreira de Souza é um verdadeiro camaleão da política potiguar. Tem trânsito em praticamente todas as correntes e partidos políticos do Estado. Administra uma máquina mais forte do que a maior das prefeituras do RN. É habilidoso e não entra em bola dividida. Sua posição política atual é a maior prova do jeito manhoso de lidar com as diferenças.
Ele preside um partido que uma banda é Governo e a outra, oposição. Ezequiel é o grande malabarista desse circo político que se arma para enfrentar as urnas em 2022.
O quadro começa a se desenhar. Pela oposição, ainda não há nome definido para concorrer ao Governo do Estado contra Fátima Bezerra. E não há chapa sem o cabeça.
Pelo Governo, Fátima está definida como candidata à reeleição. Terá, no momento certo e se for necessário e conveniente, a vaga de senador e a de vice-governador para negociar.
A vaga de senador hoje é ocupada pelo petista Jean Paul Prates, que vem se destacando no desempenho do mandato. Mas sabe que pode ter que ceder a vaga para ajudar no projeto maior que é a reeleição de Fátima.
O nome do ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo, parecia talhado para ser o senador de Fátima. Ambos já foram aliados e adversários, mas sempre mantiveram boa relação. O filho de Agnelo não é adepto da conversa, da articulação. Tem fechado mais portas do que aberto. No momento, está se distanciando cada vez mais do grupo governista.
Carlos Eduardo já havia fechado as portas para uma composição com a oposição, liderada no Estado pelos ministros de Bolsonaro, os potiguares Fábio Faria e Rogério Marinho. Caminha para o isolamento.
É aí que entra o presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira. Preside um partido com quase 40 prefeitos e exerce liderança sobre vice-prefeitos e vereadores em todo o Estado. No exercício do mandato, tem desempenhado um papel que lhe preserva a imagem positiva.
Portanto, caso se materialize ainda mais esse distanciamento de Carlos Eduardo, o nome que ganha viabilidade política com reforço eleitoral é Ezequiel Ferreira. Comanda a Assembleia, uma máquina forte que lhe permite mexer com o tabuleiro político e forçar posições que não seriam conseguidas por outro.
Para isso, Ezequiel precisa começar a definir sua real posição na sucessão 2022. Para ser o senador de Fátima, o presidente da Assembleia precisa mostrar que é realmente Governo e um aliado importante e leal à gestão. No momento, ele é importante; leal é outra história.
Para compor uma possível chapa com Ezequiel na condição de candidato a senador, Fátima Bezerra poderá ter o ex-senador e ex-governador Garibaldi Filho como seu vice.
Seria Fátima governadora, Garibaldi vice-governador e Ezequiel senador. Uma chapa muito forte, que desarticula a oposição e se fortalece em todo o Estado, num processo de ajuda mútua entre os integrantes. Onde um é mais fraco, é fortalecido pelo outro.
Essa é uma alternativa que pode ser preenchida por Ezequiel, no vácuo deixado por Carlos Eduardo. Resta saber se o parlamentar do Seridó terá coragem de enfrentar o desafio.
Há um detalhe nessa engenharia. Ezequiel havia declarado que votaria em Rogério Marinho para senador. Disse. Mas não previa que ele próprio poderia ser o candidato ao Senado. Aí tudo muda de figura.
O jogo vai começar.
Ezequiel quer assumir o protagonismo de compor uma chapa majoritária? Ou vai manter o jogo duplo de seu partido, acendendo uma vela para Deus e outra para aquele que for conveniente?
Está chegando a hora da decisão.