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FESTA DOS NAVEGANTES EM MACAU E AREIA BRANCA. O PROGRESSO MODIFICOU O FORMATO, MAS A FÉ DOS CATÓLICOS É INABALÁVEL

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Foto: Evandson Bernardo

Não há qualquer registro exato de como surgiu a Festa dos Navegantes, nas cidades de Areia Branca e Macau, que são cidades “quase gêmeas” geográfica e comportamentalmente. Consta que o início da devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, originou-se na Idade Média, por ocasião das Cruzadas, quando os cristãos invocavam a proteção de Maria Santíssima. Sob o título de “Estrela do Mar” rogavam sua proteção os cruzados que faziam a travessia pelo mar Mediterrâneo em direção à Palestina. É a padroeira não só dos navegantes, mas de todos os viajantes.

Contam os mais antigos que tudo começou em Areia Branca, no ano de 1911. Foi o resultado de uma promessa feita pelo maquinista Manuel Félix do Vale, que quase perdeu a vida e da sua tripulação ao tentar salvar de uma avaria em alto mar o rebocador “Sucesso” que conduzia para ser consertada em Recife. Ao mergulhar, para fazer o conserto na hélice da embarcação, o maquinista fez uma promessa a Nossa Senhora dos Navegantes: de trazer para Areia Branca a imagem da santa, entroná-la no altar da igreja e todos os anos, no dia 4 de julho, organizar uma procissão marítima em homenagem à sua protetora. A data da festa, ficou transferida para o dia 15 de agosto pelo bispo dom Antônio Cabral dos Santos, pelo fato de ser consagrada a Nossa Senhora.

Uma vez que as duas cidades, Areia Branca e Macau, até então maiores produtoras de sal marinho, concentravam o maior número de marítimos de todo o estado em razão do transporte marítimo, a Festa dos Navegantes, que sempre teve como ponto alto da Procissão Marítima, seguida de Procissão Terrestre e celebrações na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, nas duas cidades.

Sempre foi grande o número de fiéis católicos a querer participar das procissões marítimas. À época áurea do trabalho farto para salineiros, estivadores, alvarengueiros, conferentes, motoristas navais e marítimos (esses que formavam a tripulação das barcaças que conduziam o sal até aos navios fundeados no Lamarão), as barcaças, com suas potentes velas impulsionadas pelos ventos que hoje geram a energia eólica, eram o transporte preferido pelos participantes da Procissão Marítima, enquanto que os privilegiados se acomodavam no potentes rebocadores, que na falta de vento, chegava a “puxar” três a quatro barcaças de uma só vez.  Era um desses rebocadores que sempre conduzia a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes por todo o trajeto da Procissão.

Católicos se acotovelavam e disputavam espaços nas embarcações, enquanto fogos de artifícios chamavam a atenção dos mais distantes para o início e toda a trajetória da romaria marítima sempre com muitos cânticos ao som ainda da Banda de Música entoando “A bela estrela do mar”. Saudades marcantes em várias gerações.

Há muitos anos já não se conta mais com a participação das barcaças, dos rebocadores. O progresso, da mesma forma que mecanizou a colheita nas salinas extinguindo com a categoria dos salineiros, também aposentou esses tipos de transporte na condução do sal marinho e eliminou as várias categorias de trabalho. 

Com a chegada do progresso e a aposentadoria das embarcações, as Procissões Marítimas, em Macau e em Areia Branca, se limitaram a pequenas embarcações, mas a fé de todos os católicos permanece inabalável.

E viva Nossa Senhora dos Navegantes!!!

Dona Pretinha, aos 100 anos de idade, uma das remanescentes das cantoras católicas.

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