
O IBGE começou a semana divulgando o segundo balanço da coleta do Censo Demográfico 2022. Desde o início da operação, em 1º de agosto, até 2 de outubro, foram recenseadas 104.445.750 pessoas, em 36.567.808 domicílios no país. “Esse total de pessoas entrevistadas corresponde a 49% da população estimada do país”, declara o gerente técnico do Censo, Luciano Duarte.
O Rio Grande do Norte aparece em segundo lugar entre os estados mais adiantados em termos de percentual de setores trabalhados: 79,69%, atrás apenas de Sergipe (80,78%). Já os estados de Mato Grosso (38,49%), Roraima (45,18%) e Acre (48,79%) são os com menor percentual de setores trabalhados.
Junto ao novo relatório, o diretor de Pesquisas, Cimar Azeredo, anunciou que o IBGE vai prorrogar o término da coleta do Censo até o início de dezembro e a previsão para entrega dos resultados no final de dezembro.
Nova convocação para recenseadores
Uma dificuldade que o IBGE está enfrentando em todo o país é com relação à falta de pessoal para atuar como recenseador em determinados locais. O instituto conta com 95.448 recenseadores em atividade, o que representa 52,2% do total de vagas disponíveis.
A falta de interesse nas vagas pode estar relacionada às situações vividas por quem já exerce a função. A reportagem do Diário do RN conversou com um recenseador que atua em Natal e preferiu ter a identidade preservada. Ele contou sobre o sonho de trabalhar para um órgão federal acreditando que teria valorização, respeito e alívio financeiro, mas o que encontrou foi uma rotina de ameaças, hostilidades, xingamentos e humilhação.
Durante pouco mais de um mês, o recenseador relata que teve que lidar com situações absurdas. Em uma das ameaças sofridas por ele durante as entrevistas, um homem simulou ter uma arma e o expulsou: “Depois que um morador simulou ter uma arma e me botou para correr da frente da casa dele, o meu ânimo foi por terra. A remuneração não compensa tanta humilhação e principalmente, prezo por minha integridade física, que o IBGE não tem nenhuma responsabilidade. Eu tive que lidar com uma população mal-educada e que não sabia o que era o censo”.
Ainda de acordo com ele, o pagamento dos recenseadores era extremamente burocrático e pequeno: apenas R$ 1,62 por questionário finalizado. A situação pressiona os entrevistadores a produzirem em menos tempo, a fim de obterem uma renda suficiente.
A rotina de insegurança, medo e humilhação abalaram o recenseador, que quer romper o contrato de trabalho com o IBGE. Ele conta que espera a posição do órgão sobre o seu caso: “Estou esperando um posicionamento para rescisão de contrato, pois só assim eu tenho a esperança de receber o que eu já produzi até o momento. Estou com receio de ir à campo. Está sendo difícil”.
Questionado sobre os casos de insegurança vividos por recenseadores, o IBGE se pronunciou e falou sobre quais orientações ditas aos agentes: “Em casos de ofensa, assédio, agressão, qualquer ato de violência, verbal ou física, a orientação aos recenseadores é inicialmente comunicar ao coordenador de subárea, ou ao supervisor, e registrar um boletim de ocorrência para as devidas providências. Cabe ressaltar que agentes, pesquisadores ou recenseadores do IBGE são servidores públicos federais. Crimes contra eles são sujeitos a investigações federais com base no art. 144, § 1º, inc. I, da Constituição da República Federativa do Brasil”.