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JANEIRO BRANCO: UM CONVITE À REFLEXÃO EM TEMPOS DE COBRANÇA EXCESSIVA E NOVAS METAS

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O início de um novo ano é, tradicionalmente, um momento de renovação e planejamento. Muitas pessoas começam janeiro com um sentimento de esperança e a ideia de que este será o ano das grandes mudanças. As promessas de ano novo, as resoluções para melhorar a vida pessoal e profissional, e as expectativas de alcançar objetivos a todo custo se tornam motivações poderosas. No entanto, a pressão para cumprir essas metas pode gerar uma série de desafios, especialmente quando as expectativas são fora da realidade ou quando imprevistos acontecem.

Nesse cenário, a saúde mental pode ser afetada, já que as frustrações e cobranças, muitas vezes, sobrecarregam o indivíduo, criando um ciclo de ansiedade, estresse e até depressão.

É comum ver pessoas enfrentando um aumento da pressão interna no começo do ano, tentando dar conta de objetivos que, por vezes, são demasiadamente ambiciosos ou pouco concretos. A busca pela perfeição e o medo de falhar podem ser prejudiciais para a saúde mental, afetando o bem-estar emocional e físico de uma pessoa. Em muitos casos, o que deveria ser um tempo de reflexão e planejamento pode se transformar em um período de sofrimento e autocrítica.

Os dados sobre saúde mental no Brasil apontam que, embora haja esforços para ampliar a assistência, o acesso ao cuidado ainda é desigual e insuficiente para atender toda a demanda. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 11,5% da população brasileira — o equivalente a aproximadamente 24,6 milhões de pessoas — relata já ter sido diagnosticada com algum transtorno mental, sendo os transtornos de ansiedade e depressão os mais prevalentes.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial sofre com transtornos mentais, o que corresponderia, aproximadamente, a 720 milhões de pessoas.

Diante disso, a campanha Janeiro Branco surge como um lembrete valioso para que as pessoas também coloquem a saúde mental como prioridade ao estabelecer suas metas para o ano. A campanha tem como principal objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde mental, um tema que, muitas vezes, é negligenciado ou até mesmo estigmatizado. Durante o mês de janeiro, profissionais e ativistas da área da saúde mental incentivam um diálogo aberto, com o intuito de desmistificar os preconceitos e promover um espaço para que mais pessoas busquem ajuda quando necessário.

A psicóloga Mayrla Pinheiro destaca que esse período de recomeço é uma oportunidade de repensar as abordagens do autocuidado e da saúde emocional, de modo a alinhar objetivos mais saudáveis, realistas e equilibrados: “O Janeiro Branco incentiva as pessoas a estabelecerem metas mais realistas e focadas no bem-estar emocional, o que pode resultar em um ano mais consciente e saudável”.

De acordo com Mayrla Pinheiro, o Janeiro Branco é uma campanha que visa chamar a atenção da sociedade para a saúde mental, reforçando a ideia de que cuidar da mente é tão essencial quanto cuidar do corpo. “Este é um momento para quebrar tabus e encorajar as pessoas a refletirem sobre o seu estado emocional, buscando apoio quando necessário”, afirma a psicóloga.

Além de sensibilizar sobre a saúde mental, o Janeiro Branco também é uma oportunidade de fomentar o autocuidado, a psicoeducação e o acesso a informações e serviços de apoio psicológico. É um mês que se propõe a estimular a reflexão sobre como cada pessoa pode integrar práticas saudáveis de cuidado mental no seu cotidiano.

Embora muitas pessoas reconheçam a importância do autocuidado, nem sempre o acesso ao apoio psicológico é fácil, especialmente para aqueles com dificuldades financeiras. No entanto, a psicóloga afirma que há várias opções de autocuidado acessíveis. “Atividades simples como meditação, caminhadas, leitura ou até mesmo práticas de gratidão podem contribuir muito para a saúde mental. Além disso, muitas comunidades oferecem serviços gratuitos ou a preços acessíveis em centros de saúde mental ou ONGs”, explica.

Segundo Mayrla Pinheiro, o autocuidado tem um impacto direto na saúde mental. “Práticas de autocuidado ajudam a fortalecer a resiliência emocional, a reduzir o estresse e a aumentar a autoestima. Elas promovem relaxamento e bem-estar, prevenindo o surgimento de problemas mais graves no futuro”, afirma.

Quebrando Mitos e Preconceitos
A psicóloga Mayrla Pinheiro destaca que um dos maiores desafios enfrentados por quem lida com questões emocionais é o preconceito social. “Infelizmente, ainda há muito estigma em torno da saúde mental. Mitos como ‘quem tem problemas emocionais é fraco’ ou ‘só doenças graves necessitam de tratamento’ precisam ser superados para que possamos construir uma sociedade mais acolhedora e compreensiva”, diz.

Para que isso aconteça, é fundamental que a sociedade se envolva em ações de apoio e informação. A profissional sugere que, além de desmistificar o tema, todos podem contribuir criando ambientes de acolhimento, onde as pessoas se sintam seguras para falar sobre suas dificuldades. “Promover diálogos sobre saúde mental, compartilhar informações corretas e combater os preconceitos por meio da psicoeducação são maneiras efetivas de contribuir para esse processo”, complementa.

A psicóloga explica que é importante estar atento a sinais que possam indicar que alguém está enfrentando dificuldades emocionais. Mudanças no comportamento, como isolamento social, alteração no sono ou apetite, dificuldade de concentração, irritabilidade, tristeza persistente ou sentimentos de desesperança, podem ser indícios de que algo não está bem. “É crucial observar se esses sinais estão interferindo no dia a dia da pessoa, dificultando o seu funcionamento social, pessoal ou profissional”, alerta Mayrla.

Este janeiro, portanto, traz a chance de olhar para a saúde mental com mais atenção, desconstruir expectativas prejudiciais e cultivar uma mentalidade mais compassiva e realista para o que está por vir. A saúde mental é o alicerce sobre o qual todas as outras áreas da vida se sustentam. Por isso, a campanha Janeiro Branco busca promover um novo olhar sobre o cuidado psicológico, incentivando as pessoas a refletirem não apenas sobre o que desejam conquistar, mas sobre como esse processo pode ser saudável, equilibrado e livre de pressões excessivas


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