junho 11, 2025

Os deputados federais do PT do Rio Grande do Norte, Natália Bonavides e Fernando Mineiro, reagiram ao ciclo de depoimentos dos réus que acontece nesta semana no Supremo Tribunal Federal (STF), no processo que julga a tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados. Ambos classificam os relatos como comprovações de um plano criminoso articulado para romper com o Estado Democrático de Direito após a derrota eleitoral de 2022 para o presidente Lula (PT). Os dois conversaram com o Diário do RN sobre o assunto.
Para a deputada Natália Bonavides, os depoimentos apenas confirmam o que já estava evidente: o bolsonarismo teve, desde o início, uma postura golpista. “Os depoimentos confirmaram o que todo mundo já sabia, afinal, o bolsonarismo sequer escondia o seu golpismo quando atacava a democracia dia sim e dia também”, declarou.

Bonavides relembrou o uso da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições presidenciais, quando bloqueios em estradas dificultaram o acesso de eleitores ao voto. Ela afirmou que as oitivas realizadas no STF corroboram o que já havia sido revelado pela Polícia Federal. Bonavides também detalhou o conteúdo da minuta, que previa a anulação do resultado eleitoral, a prisão de ministros do STF e a convocação de novas eleições sob o controle de aliados de Bolsonaro.

“As testemunhas confirmaram isso, além de reiterar o que a PF já tinha descoberto com outras provas: Bolsonaro não só tinha conhecimento da minuta de decreto que oficializava o golpe como propôs alterações em seu texto. Não há outro resultado possível que não seja a condenação desse pessoal que atentou contra a liberdade do voto de nosso povo”, apontou.

A parlamentar destacou que o ex-presidente sempre agiu com a expectativa da impunidade. “Foi contando com a impunidade que o chefe desse pessoal, Bolsonaro, chegou até a Presidência e pôde ameaçar a nossa democracia”, disse. E completou: “Não podemos repetir esse tipo de erro!”.

Já o deputado Fernando Mineiro definiu o momento como histórico. “Momento único na história do Brasil, assistir a esses julgamentos. Se golpistas tivessem sido julgados no passado, não haveria a repetição do autoritarismo”, afirmou.

Mineiro frisou que o julgamento só está acontecendo porque o golpe falhou e que as audiências têm reforçado a robustez das denúncias e criticou a postura de alguns acusados. “Interessante registrar como alguns valentes e espalhadores de ódio na internet fingem inocência angelical para fugir da punição pelos seus atos.” Segundo ele, isso inclui o próprio ex-presidente: “Inclusive, o chefe da organização criminosa, o Bolsonaro, encenou o script.”

Girão contesta julgamento e diz que acusações contra Bolsonaro são “narrativa”

Enquanto deputados do PT comemoram o andamento dos depoimentos no Supremo Tribunal Federal (STF) como confirmação da tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, o deputado federal General Girão (PL-RN) vai na contramão e afirma ao Diário do RN que o processo é uma “farsa”.

“Se havia alguma dúvida sobre a farsa da narrativa de golpe, hoje isso ficou bem claro. As delações feitas que levaram a acusações não foram provadas, e nem teriam como ser, apesar de toda a força feita pela Corte julgadora”, declarou Girão, em resposta às oitivas que estão sendo conduzidas nesta semana no STF.

O parlamentar potiguar é um dos principais aliados de Bolsonaro na Câmara e reforçou a confiança na inocência do ex-presidente. “Sigo acreditando na inocência de Jair Bolsonaro e crendo que tudo não passa de narrativa. Bolsonaro entrou grande e saiu gigante. Seguimos!”, completou.

O senador Rogério Marinho (PL), presidente estadual do PL no Rio Grande do Norte e secretário nacional do partido, reafirmou que será candidato ao Governo do Estado em 2026 e reiterou que o senador Styvenson Valentim (PSDB) será seu candidato ao Senado. A declaração ao Diário do RN veio após Styvenson afirmar que mantém um acordo com Rogério, mas que poderá rever sua posição caso o ex-ministro do Desenvolvimento Regional não entre de fato na disputa.

“Eu sou candidato a governador. Fiquei muito feliz por ele mencionar o apoio à nossa candidatura. Ele é meu candidato a senador e vamos montar um grupo com uma chapa majoritária forte de centro-direita”, declarou Marinho.

Conforme o Diário do RN publicou nesta terça-feira (10), Styvenson havia dito, em entrevista a 96 FM, que considera disputar o governo estadual caso Rogério Marinho desista da candidatura.

Segundo o senador, a prioridade é manter o apoio a Rogério, com quem tem entendimento político firmado. Mas, caso esse cenário mude, ele reavaliará se tenta a reeleição ao Senado – como é posto publicamente – ou se entra na corrida pelo Executivo estadual.

“Nada hoje está engessado. O que eu acordei em 2024 foi meu apoio a Paulinho. Hoje é apoio a Rogério Marinho”, resumiu.

O ex-policial diz que “é claro que apoia” a candidatura de Rogério ao Governo, mas sua decisão depende diretamente do movimento de Marinho: “Tem uma hipótese das coisas se alterarem: se ele não for o candidato. Aí eu vou ter que refazer toda a estratégia, se eu vou para o Senado ou para o Governo. Quem tem que dizer é o povo, se eu vou pro Senado ou pro Governo”, complementou Styvenson, sem considerar outros nomes que circulam no campo da oposição, como o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), e o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), ambos também cotados para a disputa de 2026.

À reportagem, Rogério Marinho reforçou o compromisso de construir um projeto competitivo e representativo da direita potiguar. E que deverá buscar, a partir dos partidos da base aliada, a composição da chapa a ser formada com Styvenson.

“Estamos conversando com os principais atores políticos e vamos formar chapa majoritária completa. Sou candidato a governador e meu candidato a senador é Styvenson. Vamos em busca da outra vaga do Senado para a composição. Vamos conversar com Álvaro e Allyson para formar um grupo forte”, afirmou Rogério Marinho.

A direita pretende formar uma frente ampla em torno de um projeto que derrote o PT da governadora Fátima Bezerra.

O deputado estadual Neilton Diógenes (PP) agora é praticamente co-partidário de Allyson Bezerra (União Brasil). O deputado estadual e o prefeito de Mossoró compõem a Federação União Progressista e comentou o posicionamento de apoio a uma possível pré-candidatura de Allson ao Governo do RN. Em entrevista ao Diário do RN, Neilton, que tem Apodi como reduto político, avaliou o cenário eleitoral da direita potiguar e defendeu o nome do prefeito, destacando a força popular que, segundo ele, vem crescendo em torno dessa pré-candidatura.

Neilton enfatiza que segue posicionamento do seu partido e é categórico ao avaliar se Allyson tem condições de governar o Estado: “O que eu sei é que o Estado apoia essa candidatura. Quando você faz uma pesquisa em Natal, capital do Estado, e traz essa vantagem, mesmo que numérica, com o apoio popular de Allyson, quando você faz uma pesquisa em cidades que talvez Allyson passou quando foi candidato a deputado estadual, pedindo voto e apoio, e ele apresenta um número favorável, então hoje já se pode dizer: é um clamor popular”.

O deputado exaltou a administração do prefeito mossoroense e observou que o contexto que se formou em torno do prefeito é um momento ideal. “Uma confiança popular na juventude, na expertise, na administração reflexiva do que está sendo apresentado em Mossoró. Então é muito oportuna essa candidatura de Allyson”, disse.

Questionado sobre as investigações do Ministério Público sobre suposto esquema de corrupção em obras públicas através de licitações, Neilton defendeu o prefeito e relativizou o impacto das apurações.

“Todo gestor hoje, independente de quem for, que está lá com seu CPF dentro de uma administração pública, está sujeito e vulnerável a todos os atos administrativos feitos por todos aqueles que fazem parte da gestão”, analisou, ressaltando que as investigações fazem parte do processo democrático.

“Quer saber mesmo? Eu vejo de coragem, de grande valentia, você se dispor hoje a ser um Executivo. Por todas as prerrogativas, por todas as cautelas, por todas as responsabilidades daqueles que estão ao seu redor. Então, faz parte hoje dentro do processo de ser um executivo conviver com o Ministério Público. Porque esse também é parte da sociedade, dos interesses públicos. Quer saber se o recurso público está chegando, se o recurso foi gasto corretamente”, afirmou o deputado.

Para Neilton, a visibilidade política traz naturalmente questionamentos. “Quando você se lança como um possível nome a governador, ou como candidato a prefeito, todos os holofotes vão estar voltados a você. Sempre vai ter oposição e situação. Quem é situação vai estar defendendo, quem é oposição vai estar complicando. Isso é, de verdade, a participação do povo. Isso é democracia”, defendeu.

Rogério e Álvaro
Sobre a disputa dentro do campo da direita e apesar da defesa do prefeito mossoroense, Neilton reconheceu que o cenário ainda está em formação e destacou outros nomes em evidência, como Rogério Marinho (PL) e Álvaro Dias (Republicanos). “Temos com certeza a possibilidade de termos aí talvez três candidatos a governador ou talvez dois. Isso muito vai ser articulado. Eu acredito que essas reuniões, essas interlocuções, essas decisões têm um ano inteiro para ser tomadas. A política, como todo mundo já conhece — mas é um discurso verdadeiro — é muito dinâmica”.

O deputado destacou que mantém bom relacionamento com todos os potenciais pré-candidatos.

“Tenho hoje um bom relacionamento desde com o pré-candidato a governador Cadu [Xavier], com Allyson, com o próprio senador Rogério Marinho — no qual eu votei. Essa decisão não passa pelo deputado Neilton para ser tomada. Passa pelo partido. A gente tem um partido que vota, que é muito forte dentro do cenário nacional, que é o PP, e dentro do Estado, através de João Maia”, relembrou.