O prefeito Álvaro Dias (Republicanos) teria fechado apoio ao ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD) para a sucessão municipal, com expectativa de anunciar a aliança eleitoral após o Carnaval, conforme informações de bastidores da política natalense. O gestor teria recalculado a rota ao ver que seu plano de eleger a secretária de Planejamento, Joanna Guerra, não ter alcançado o efeito desejado. Diante disso, a nova rota é garantir o nome de sua auxiliar como vice na chapa do ex-prefeito, que lidera as pesquisas de intenção de votos em Natal.
Ambos já tiveram rusgas no passado, a exemplo de quando Álvaro exonerou a esposa de Carlos, Andréa Ramalho, ex-secretária municipal de Políticas Públicas para Mulheres da Secretaria Municipal da Mulher (Semul), em junho de 2022 ou quando assinou nota de repúdio ao ex-candidato ao Senado, após este ter acionado a Justiça Eleitoral para impugnar o registro de candidatura de Rogério Marinho alegando abuso de poder econômico por envio de recursos federais aos municípios do RN.
No entanto, com o rompimento político com o deputado federal Paulinho Freire (União Brasil) – após exonerar os cargos comissionados da esposa deste, a vereadora Nina Souza (PDT), da Prefeitura de Natal este mês -, Álvaro Dias voltou a conversar com Carlos Eduardo, que teria oferecido ao prefeito a missão de indicar o vice para sua chapa majoritária, conforme a jornalista Thaisa Galvão divulgou nesta segunda-feira (29).
O problema é que Joanna Guerra afirmou, semana passada, que a eleição do ex-prefeito, que busca um quinto mandato no executivo de Natal, representa o retrocesso que marcou as gestões deste ao longo de seus quatro mandatos anteriores, em entrevista a 96 FM. Na ocasião, ela disse: “O ex-prefeito Carlos Eduardo é uma pessoa que eu conheço e tenho muito respeito, mas não consigo entender o porquê de as pessoas quererem mais do mesmo”.
E agora, a secretária municipal, que tem intensificado sua presença em eventos políticos visando tornar-se conhecida da população natalense e que adotou por lema a continuidade dos trabalhos já desenvolvidos por Álvaro Dias na Prefeitura Municipal, vê sua possível pré-candidatura a prefeita ser “rebaixada” para uma pré-candidatura a vice de Carlos Eduardo.
PLANO A FALHOU
Investindo em uma estratégia política adotada pela ex-governadora Wilma de Faria nos anos de 1990, quando ela elegeu o engenheiro civil e sanitário Aldo Tinoco para a Prefeitura de Natal após um intenso trabalho de popularização e viabilização de um nome técnico como seu sucessor, Álvaro Dias tinha um plano traçado para Joanna Guerra em 2024. No entanto, como este “plano A” naufragou, ele não teve alternativa, para garantir seu nome e mãos inteiras na próxima gestão administrativa, que não apoiar Carlos Eduardo, de quem tem se aproximado nas últimas semanas.
O “plano A” foi fazer Joanna ser inserida na esfera política ao filiar-se ao Republicanos, quando assumiu a presidência municipal em Natal, visando as eleições municipais; popularizou a imagem dela como representante oficial do prefeito, participando de ações, eventos e reuniões políticas e sociais. Por último, com Joanna registrando menos de 1% nas pesquisas, Álvaro apostou em sua popularidade e poder de transferência de votos para impulsionar a secretária nas pesquisas.
Conforme aliados de Álvaro Dias, que pediram para não ser identificados, o prefeito acreditou em seu próprio potencial político para alavancar o nome de Joanna Guerra em um possível segundo turno, por isso, tentou fazê-la crescer sozinha e ultrapassar os 10% de intenção de votos, colocando-a como o rosto oficial da Prefeitura. O objetivo era avaliar se Joanna tinha potencial de crescimento político para anunciá-la como sua candidata ao pleito.
Sem conseguir atingir suas metas traçadas neste plano, só restou a Álvaro Dias formar aliança com Carlos Eduardo para Joanna Guerra vice na próxima administração municipal.
Joanna aceitaria ser vice do que classificou como “mais do mesmo”?
“Se o prefeito entender que é preciso ampliar o grupo, concordo sim”, afirmou a secretária municipal de Planejamento, Joanna Guerra (Republicanos), ao confirmar que aceitaria ser vice em uma chapa majoritária com Carlos Eduardo. Em entrevista à 96 FM semana passada, ela classificou a pré-candidatura do ex-prefeito como “mais do mesmo”.
Segundo ela, agora, uma aliança com o ex-gestor se torna aceitável se o motivo desta for derrotar a pré-candidatura da esquerda, representada pela deputada federal Natália Bonavides (PT). “Se o prefeito entender que é preciso ampliar o grupo, pela necessidade de derrotar nossos adversários da esquerda mais radical e que é necessário pavimentar esse caminho para construir a vitória do nosso grupo e das forças democráticas, concordo sim”, falou, com exclusividade, ao Diário do RN nesta quarta-feira (31).
A secretária de Planejamento de Natal ocupou cargos importantes na administração de Carlos Eduardo, entre 2015 e 2018. Mas, ainda assim, não se furtou de criticar as gestões deste e expressou perplexidade diante do apoio de alguns setores, ao pré-candidato que tem liderado as últimas pesquisas de intenção de voto realizados no município. Ela foi secretária adjunta de Planejamento de Natal durante a terceira gestão do ex-prefeito e ocupou os cargos de secretária adjunta especial e diretora de Elaboração e Gestão de Projetos Integrados durante os anos de 2015 a 2020.
“Eu fui diretora de projetos e fui secretária adjunta na gestão do Carlos Eduardo, mas eu nunca tive muita proximidade”, afirmou a secretária, que é a escolhida de Álvaro Dias para ser a vice na chapa de Carlos Eduardo, em detrimento ao secretário de Esportes Rafael Motta (PSB), que chegou a ser cotado para a sucessão municipal. No entanto, como ainda tem os pés na gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) e não rompeu oficialmente com esta após ingressar na administração municipal, foi preterido.