Ex-vereador de Caicó defende que o fato de Walter Alves acionar a Polícia Federal contra ele é um direito do vice-governador eleito
“Estou absolutamente tranquilo, é um direito dele, mas eu também tenho direito à defesa. Sou uma pessoa com sede de justiça e não abro mão da minha verdade. Sustento tudo o que falei e irei até as últimas consequências”, afirmou o ex-vereador de Caicó, Leleu Fontes (MDB), sobre o fato do presidente estadual da legenda, deputado federal Walter Alves (MDB), tê-lo denunciado à Polícia Federal após a divulgação dos áudios em que o emedebista ameaça o vice-governador eleito no último domingo (2).
Leleu disse, em entrevista exclusiva ao Diário do RN nesta quinta-feira (6), que parte do MDB no Rio Grande do Norte não entende como Walter fez tanta força para levar o pai para os braços da governadora Fátima Bezerra (PT) e que acredita que o dinheiro do Fundo Partidário destinado às campanhas deste ano teria sido desviado para outros fins.
“Inclusive, é objeto de investigação nossa no Ministério Público do Estado, para saber como foi distribuído o fundo este ano, como foi operacionalizado. Se for constatado qualquer operação ilegal, quem vai acabar nas grades da Polícia Federal será ele. Além disso, como vingança por Adjuto ter sido eleito, ele ventilou a possibilidade de destituir o diretório de Caicó”.
O ex-vereador disse também que os áudios, em que ele ameaça o vice-governador eleito, foram gravados para demonstrar a insatisfação e indignação dos integrantes do diretório municipal do MDB em Caicó com a destituição, da presidência da entidade, do deputado estadual eleito Adjuto Dias, filho do prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB). A saída do ex-deputado federal Henrique Alves (PSB) do partido, em março passado, também foi um dos motivos.
“É uma série de decisões monocráticas que Walter Alves vem tomando no partido, a qual desagrada muita gente, que está engolindo silenciosamente. O próprio Henrique foi obrigado a sair do partido após 52 anos de MDB. Isso não acabará com a confusão entre nós dois, porque o MDB está uma verdadeira panela de pressão em todo o Estado. Ele quer nos jogar no arquivo morto, sem levar em consideração que temos uma história há mais de 50 anos, em Caicó. Sai em defesa da minha honra e da minha dignidade. Todo esse áudio produzido por mim foi uma obra do pai celestial”, revelou.
E afirmou que, caso o presidente estadual do MDB se propusesse a explanar e debater as decisões que deseja ter dentro da sigla com os diretórios municipais, “não teria apoio de quase nenhum, pois é detestado pela maioria, que só o suporta por causa de seu pai (o ex-senador Garibaldi Alves Filho). Tudo o que estou fazendo é em cima de dois pilares: razão e coragem de tornar público algo que merece uma grande reflexão, que é esse rapaz como dirigente da legenda no RN. Agora, ele terá que pensar duas vezes antes de tomar alguma decisão em Caicó”.
Leleu disse ter conversado com Garibaldi, após a divulgação dos áudios. “Garibaldi me ligou, tenho abertura com ele, que me garantiu que nenhuma decisão de Walter contra mim se concretizará. Mas, eu não quero nenhum sacrifício dele, que é um homem integro e honrado. Ele está frágil, quem manda nele é o filho, não quero esse sacrifício dele me resguardar, para evitar uma possível expulsão do MDB.
Ele revelou também uma conversa que teve com Henrique Alves, justamente sobre o comportamento do presidente do MDB potiguar. “Ele me disse que, por Garibaldi, nada disso estava acontecendo, mas Walter acha que ele é quem deve assumir a direção da legenda e fazer o que bem entende. Henrique sempre ajudou os diretórios municipais, era um verdadeiro líder, ninguém tem reclamação dele, já com relação a Walter… Disse ainda que já conversou com Garibaldi e Walter e que sabia que ambos seriam prejudicados, já que Walter está caminhando para um projeto pessoal dele”, afirmou o ex-vereador de Caicó.