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MACHISMO ESCANCARADO: PROFESSORA É IMPEDIDA DE ENTRAR NA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO POR ESTAR VESTIDA “INADEQUADAMENTE”

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Foto: Reprodução

“Me chamo Tânia Maruska Petersen e inicio esse meu relato, falando da minha angústia em ser mulher em um mundo de homens, onde o patriarcado está enraizado em nossa estrutura social, e nos inferioriza, categoriza e rotula cotidianamente.” Relata ao Blog Tulio Lemos

Na manhã de ontem, a servidora pública Tânia Maruska Petersen, 51 anos, passou por momentos de constrangimento na Secretaria Municipal de Educação. Ela foi impedida de entrar no prédio público por não estar usando roupas “adequadas” para o local, segundo o denominado Chefe de Patrimônio, senhor Josias.

Tânia é professora da rede municipal de ensino, na Escola Municipal Zuleide Fernandes, onde é presidente do Conselho Escolar, e estava indo na SME para assinar papéis relativos à prestação de contas do local onde leciona, como conselheira, precisava ler e assinar a documentação com atenção para não surgir pssíveis erros. A professora também trabalha no Centro de Referência Especializada em Assistência Social (Creas).

Ao chegar na recepção do prédio, ela foi recebida por uma segurança a pedindo educadamente que aguardasse a recepcionista anotar seu nome e que o Chefe de Patrimônio iria avaliar se sua vestimenta era considerada “adequada” para entrar no prédio, uma vez que existia uma portaria que normalizava os trajes permitidos no local.

” Passados uns vinte minutos vem em minha direção um homem que fixou seu olhar de desaprovação e ali mesmo sem nenhum cuidado na frente de todos que estavam próximos me comunicou que minha roupa era inadequada para entrar em um órgão público, que ali era uma secretaria de educação e que eu era uma educadora. Ao ser questionado, ficou visivelmente irritado, perguntou o motivo da minha ida, eu relatei e continuei questionando, falei que já havia ido em outros órgãos públicos com aquela vestimenta, que me sentia criminalizada e que era inadmissível uma portaria nesse sentido e mais ainda que a minha escola desconhecia esse documento.” Contou Tânia.

Em seguida, o senhor Josias se ofereceu para levar os documentos que a professora precisava até o portão mas diante de seu cargo no conselho, não poderia aceitar tal proposta, segundo relato: “comuniquei que assinar documentos de prestação de contas daquela forma era irresponsabilidade, eu precisaria ler e conversar com o encarregado do setor, me dirigi a calçada e fiquei aguardando meu esposo ir me buscar, naquele momento a minha indignação transformou-se numa raiva genuína, raiva essa que deu origem a um sentimento de injustiça e vulnerabilidade extrema “.

Por fim, a professora, ainda muito abalada, conseguiu ligar para uma pessoa conhecida que trabalha na Secretaria de Educação e explicou a situação. Foi permitida sua entrada ao prédio, ainda que acompanhada pelo chefe de patrimônio e os papéis lhe foram entregues. Mas depois do ocorrido, Tânia afirma de não conseguiu se concentrar para assinar a documentação.

“Confesso que naquela ocasião já não conseguia enxergar direito, me desorganizei, assinei os papeis e nem os li com o cuidado que de fato mereciam e fazendo os apontamentos que pretendia fazer se nada daquilo tivesse acontecido. Não pretendo prejudicar ninguém, não quero virar mártir, pois não sou, só quero o que todo ser humano deseja e precisa ser tratada com respeito e dignidade.”

Até o momento desta postagem, A secretaria Municipal de Educação não entrou em contato com a professora ou se pronunciou sobre o caso,

Em solidariedade a professora, a Deputada Federal pelo RN, Natália Bonavides, comentou sobre o caso em seu Twitter:


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1 comentário em “MACHISMO ESCANCARADO: PROFESSORA É IMPEDIDA DE ENTRAR NA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO POR ESTAR VESTIDA “INADEQUADAMENTE””

  1. Amigo, só faltou dizer no texto que a secretaria de educação é a de Natal, só compreendi porque li o Twitter da deputada Natália. Quanto ao abuso praticado contra essa mulher é servidora, é muito importante que se use o exemplo do ocorrido pra se fazer justiça e criar regras para o respeito as mulheres e educar toda a sociedade.

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