As equações dos partidos políticos com vistas às eleições de 2022, levam em consideração não somente as conveniências locais e regionais. Como há em jogo uma eleição presidencial, esta se sobrepõe aos interesses paroquiais. Sempre foi assim. E assim será.
O próprio ex-presidente Lula já adiantou para aliados que o projeto presidencial poderá precisar do sacrifício de lideranças regionais. Candidaturas em gestação podem ceder espaço para alianças que resultem em apoio partidário ao projeto maior, da presidência da República.
As arrumações estaduais vão levar em consideração a viabilidade eleitoral e as conveniências nacionais.
No RN, por exemplo, onde há uma governadora com reais chances de reeleição, o projeto é manter Fátima Bezerra no Governo com o apoio do maior número de partidos aliados no plano nacional.
É justamente aí que entra o MDB, antigo PMDB, que foi aliado de Lula nos quatro governos do PT. No RN, o principal líder eleitoral do partido, ex-senador Garibaldi Filho e o ex-ministro Henrique Alves, foram extremamente beneficiados nos governos petistas. Aliados com força no Governo e participação ativa, como foi o caso de Henrique.
O MDB hoje é uma cobra de duas ou mais cabeças, uma anomalia da Anaconda partidária. Uma parte come no prato de Bolsonaro, outra cospe. Mas, predomina a corrente que vislumbra uma vitória de Lula em 2022. Henrique faz parte dessa torcida.
Caso o MDB nacional concretize aliança com o PT de Lula, no plano local há grande possibilidade de verticalização dessa união. Nesse caso, pelo tamanho, força eleitoral, capital político e capilaridade, o partido poderá fazer parte da chapa majoritária.
Walter Alves já lançou o pai candidato ao Senado. Garibaldi pode fazer composição com Fátima na chapa majoritária. A situação da candidatura a vice é outra vertente que pode também ser avaliada para atrair aliados. Resolvida a questão de Garibaldi, a briga ficaria entre Henrique e Waltinho pela vaga de deputado Federal. Mas há também outra corrente dentro da família Alves que vislumbra algo diferente: Waltinho seria o vice de Fátima, Henrique Alves seria deputado Federal e Garibaldi Filho seria deputado Estadual, num gesto de humildade e preservação da própria saúde e manutenção da companhia familiar.
O fato é que há petistas que gostam da ideia de aproximação e de concretização da aliança de Fátima com o MDB dos Alves. Mas há também aqueles que torcem a cara para o sobrenome Alves.
Tudo besteira. Quem manda é Lula. Se Lula quiser, o PT do RN engole os Alves e até sobrenomes sem nenhuma expressão, em nome do projeto nacional. Já foi assim. Assim será.
Lembram de Wilma, que os petistas históricos chamavam de primeira dama da ditadura? Lula precisou do apoio de Wilma de Faria no segundo turno da eleição presidencial e fez o PT do RN votar e pedir votos para ela. Alguns torceram a boca, mas pediram voto até com grito de guerra: “Agora é Lula, agora é Wilma”.
Portanto, ainda pode parecer longe de 2022. Mas é perfeitamente possível que a aliança entre o MDB e o PT seja concretizada, basta ser do interesse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
É uma questão de hierarquia político-partidária. E o PT é bom nisso. Briga internamente, mas mantém a união em nome do projeto maior.