Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as omissões do governo no combate à pandemia, a CPI do Genocídio, deve levar à sessão desta quarta-feira (19), em que está marcado o depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, não só os questionamentos que já tem preparados, mas também perguntas da população.
Isso porque o senador usou a ferramenta “caixa de perguntas” do Instagram, na noite desta terça-feira (18), para receber sugestões de questões de internautas ao ex-ministro.
“O que você gostaria de perguntar ao ex-ministro Eduardo Pazuello?”, escreveu Renan em seus “storeis”, junto a um espaço em que os usuários da rede social podem mandar perguntas.
Quem também está “anotando” perguntas de usuários das redes sociais é o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). O perfil “Tesoureiros do Jair”, no Twitter, pediu para que os seguidores listassem três pontos que não poderiam faltar nas perguntas a Pazuello. Aziz, então, respondeu: “Anotando aqui”.
Apesar do gesto dos senadores em angariar perguntas junto a internautas, Pazuello conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para que possa ficar em silêncio, sob a justificativa de que ele já é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) pela crise de oxigênio no Amazonas e que, por isso, não pode produzir provas contra si mesmo.
Ministro no período de maior agravamento da pandemia no Brasil, Pazuello é apontado como um dos principais responsáveis por boa parte das mortes em decorrência da Covid que poderiam ter sido evitadas e seu depoimento é o mais aguardado da CPI.
Em entrevista coletiva após a audiência do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, à CPI do Genocídio, nesta terça-feira (18), o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator, Renan Calheiros, avaliaram que o depoimento do ex-chanceler compromete ainda mais a situação de Pazuello.
Segundo Randolfe, o depoimento de Araújo deixou claro que houve “omissão criminosa na crise de oxigênio em Manaus”. O senador frisou o ponto da oitiva do ex-chanceler em que ele confirma que o oxigênio enviado pela Venezuela ao Amazonas foi uma doação, sem qualquer articulação do governo brasileiro e nem do Itamaraty.
“O governo brasileiro não só não articulou como não agradeceu [à Venezuela]. Isso vocês acompanharam. Temos o documento oficial de que essa quantidade de oxigênio foi doada”, disse. “Comprometeu muito o presidente [Jair Bolsonaro e o senhor Pazuello”, completou, adicionando ainda que ele enxerga um “movimento de abandono” do governo com relação ao ex-ministro da Saúde. “O melhor que ele faria é colaborar”, pontuou.
O relator Renan Calheiros foi na mesma linha: “Ele sistematicamente enfatizou que todas as iniciativas da política externa aconteceram em função de decisões do Ministério da Saúde. Ao dizer isso, ele transfere o ônus da responsabilidade ao ministro Pazuello (…) Na medida que representantes do governo vem aqui e transferem a responsabilidade para ele, isso deveria estimulá-lo a colaborar mais”.
*Com informações da revista Fórum.