
Outubro é o mês dedicado à prevenção do câncer de mama, através da campanha “Outubro Rosa” consolidada nacionalmente a partir da Lei nº 13.733/2018. Mas, embora exista um mês temático, os cuidados devem existir durante o ano inteiro, diante do aumento dos casos da doença no Brasil e, consequentemente, no Rio Grande do Norte. Um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA), divulgado em 2022, aponta que o Estado liderava o ranking do Nordeste com a maior taxa bruta de incidência do câncer de mama, com cerca de 50 mulheres diagnosticadas por ano para cada 100 mil habitantes.
Por outro lado, dados mais recentes, de 2023, indicam que o Rio Grande do Norte ficou fora da faixa com maior incidência de óbitos, que concentra 20 mil casos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. De acordo com a Sesap, entre 2023 e 2024, foram registradas 9.315 mortes femininas por câncer no Estado, sendo os tumores de mama responsáveis por cerca de 8% desses óbitos no Rio Grande do Norte.
Embora seja um dos tipos mais comuns de câncer entre as mulheres, o câncer de mama também apresenta altas chances de cura, cerca de 95%, quando diagnosticado precocemente, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Além disso, os tratamentos podem ser menos agressivos e apresentarem menos efeitos colaterais, como explica a médica ginecologista Rossana Rebelo.
“O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura e reduzir a mortalidade.
Quando identificado nas fases iniciais, o câncer de mama tem tratamento mais eficaz e menos agressivo. Por isso, é essencial que as mulheres realizem o autoexame regularmente, mantenham consultas médicas de rotina e, principalmente, façam a mamografia, conforme a recomendação médica, especialmente a partir dos 40 anos ou antes, em casos de alto risco, ocasionados por fatores genéticos, por exemplo, alerta Rossana”
A especialista alerta ainda para fatores que exigem atenção médica imediata: nódulo na mama (geralmente indolor), alterações na pele como vermelhidão, inchaço, retração (aspecto de casca de laranja), inversão do mamilo, saída de líquido anormal, nódulos nas axilas ou pescoço e, em alguns casos, dor.
“Ao perceber qualquer desses sinais ou sintomas, um acompanhamento médico deve ser buscado, imediatamente”, conclui.
Exemplo de superação

A gestora comercial Raianne Gomes, atualmente com 30 anos, é cadeirante e enfrenta um câncer de mama diagnosticado aos 25. Ela relata que percebeu o nódulo por conta própria, durante um autoexame e buscou uma segunda opinião após um diagnóstico inicial equivocado.
“O primeiro médico disse que não era nada, mas eu sentia que algo estava diferente. Procurei outra médica e, no dia 22 de janeiro de 2020, recebi o diagnóstico. Foi um baque, mas entreguei tudo nas mãos de Deus e senti que Ele já tinha me curado ali mesmo”, conta Raianne.
Ela também conta que o câncer era do tipo hormonal, e o tratamento incluiu seis sessões de quimioterapia, 15 de radioterapia, além da retirada e reconstrução da mama. Durante o processo, Raianne enfrentou os efeitos das medicações e as limitações físicas da cadeira de rodas, mas manteve fé e serenidade.
“Eu não me apropriei da doença. O Senhor usa a medicina, os médicos e as medicações para nos abençoar. Encarei cada etapa com fé e gratidão. Hoje estou em remissão e acredito que 80% da cura vem da forma como encaramos o diagnóstico”, afirma.
Ela realiza exames semestrais e toma tamoxifeno diariamente, comemorando cada resultado positivo, enquanto alimenta o sonho de ser mãe.
“Tudo é no tempo do Senhor”, diz, confiante.
Apoio e acolhimento
Para apoiar mulheres em situações semelhantes, diversos grupos atuam no Rio Grande do Norte, entre eles o Instituto Bonitas, fundado há 10 anos por Adilza Holanda. O instituto funciona na Rua Sandoval Capistrano, 948, no bairro, Lagoa Nova, zona sul de Natal, e oferece acolhimento emocional, suporte psicológico, terapias integrativas, informações sobre direitos e um ambiente seguro de afeto e motivação.
Além disso, o grupo realiza anualmente uma exposição fotográfica, sempre em outubro, retratando, através das lentes da fotógrafa Ana Galvão, a coragem, a esperança e a beleza da vida das mulheres, mesmo diante das dificuldades.
“O Instituto Bonitas nasceu com a missão de acolher, apoiar e transformar vidas. Funcionamos como uma ‘mão estendida’ que sustenta a pessoa em todos os aspectos da vida. Cada iniciativa, cada conversa e cada exposição fotográfica é um convite para olhar além da doença, enxergando o ser humano em sua essência e celebrando a coragem e a esperança mesmo nos momentos mais difíceis”, afirma Adilza Holanda, fundadora e presidente do instituto.
Estimativa nacional
O INCA prevê que o Brasil deve registrar 73.610 novos casos de câncer de mama em 2025. O levantamento também aponta tendência de redução da mortalidade, principalmente, entre mulheres de 40 a 49 anos.