A Polícia Federal amanheceu o primeiro dia do mês de julho na sede da secretaria de Saúde de Natal para executar mandados de busca e apreensão de documentos referentes à compra de respiradores usados que foram adquiridos pela Prefeitura de Natal com preços considerados superfaturados pela investigação da PF.
A aquisição dos respiradores ocorreu em junho de 2020. A secretaria de Saúde de Natal comprou 20 respiradores ao preço unitário de 108 mil reais, o que totalizou pouco mais de 2 milhões de reais.
Em matéria publicada no dia 29 de junho do ano passado, o jornalista Dinarte Assunção, editor do Blog do Dina, procurou a secretaria de Saúde para saber detalhes a respeito da compra. Recebeu silêncio como resposta.
Dinarte Assunção conseguiu conversar com o dono da empresa que vendeu os respiradores usados. A empresa Spectrum, de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana de Goiás, foi a responsável pela venda e seu proprietário, Wender de Sá, justificou ao jornalista potiguar. Segundo ele, diante da falta de material, a solução foi restaurar equipamentos seminovos: “Só começamos a trabalhar com seminovos para atender a demanda emergencial do Covid-19. Mas antes trabalhávamos somente com novos de indústrias nacionais”.
Segundo a reportagem da época, os equipamentos usados comprados pela Prefeitura de Natal são do modelo Intermed 5 Plus.
REBOTALHO
A Polícia Federal costuma ‘batizar’ suas operações com nomes que sinalizam o objetivo ou a causa da investigação. Nesse caso, a PF denominou de Rebotalho, que significa: “O que sobra depois de escolhido e retirado o melhor e o mais aproveitável; refugo.”
CONTRATO
A dispensa de licitação para contratar a empresa Spectrum Medic Comércio e Serviços, foi publicada na edição do Diário Oficial da terça-feira, 19 de maio de 2020.
PAGAMENTO
A Prefeitura de Natal efetuou o pagamento dos respiradores à empresa Spectrum no dia 02 de junho, conforme empenho 3205. O valor pago foi R$ 2.160.000,00.
SECRETÁRIO FALA
Em contato com a imprensa na manhã desta quinta-feira, logo após a operação da PF, o secretário de Saúde de Natal, George Antunes, disse que era prematuro falar em superfaturamento e que iria buscar mais informações dos policiais que participaram da operação, juntamente com servidores da CGU, Controladoria Geral da União.