Início » PRAIA NATALENSE É DESTAQUE NA IMPRENSA NACIONAL POR VIRAR “CEMITÉRIO DE LIXO ASIÁTICO”

PRAIA NATALENSE É DESTAQUE NA IMPRENSA NACIONAL POR VIRAR “CEMITÉRIO DE LIXO ASIÁTICO”

  • por
Compartilhe esse post

Pouco conhecida pelos próprios natalenses, a praia do Segredo, na Via Costeira, ganhou destaque na imprensa nacional por uma situação preocupante. Como relatado por reportagem da BBC News Brasil, a faixa de areia da região se transformou em um “cemitério de lixo asiático”.

A matéria, de autoria dos repórteres João Fellet e Felix Lima, ressalta o contraste entre a beleza selvagem da praia e a quantidade de embalagens de produtos de países muito distantes que foram parar ali de maneira ainda desconhecida.

Entre os itens estavam garrafas de bebidas não alcoólicas, produtos de limpeza e recipientes de óleo de motor, majoritariamente de plástico e fabricadas em anos recentes, estando quase intactas. Elas foram produzidas em países como China, Indonésia, Cingapura, Emirados Árabes Unidos, Malásia e Coreia do Sul.

Os jornalistas relataram que haviam, junto, produtos fabricados no Brasil, nos Estados Unidos e em países africanos, mas que a maioria realmente era asiático.

Possíveis razões
A reportagem aponta que um estudo da empresa de celulose Verocel encontrou situação semelhante em julho do ano passado, nas areias de praias no Sul da Bahia, de onde, na ocasião, foram retirados 140 kg de lixo em cinco semanas.

À BBC, o professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em poluição marinha Alexander Turra explicou que a hipótese mais provável é que o material tenha sido descartado por navios. “Esses navios transportam pessoas, e essas pessoas consomem produtos que muitas vezes são jogados no mar”, disse Turra. “E aí vem tudo o que estava na embarcação e que foi comprado no porto de origem, que pode ser em Singapura, Vietnã, China… onde for”, completou.

Impactos
Segundo o professor, esse problema gera diversas outras complicações. A primeira, é o impacto no turismo, já que o lixo afasta as visitas. Mas a poluição também afeta os animais, que correm o risco de ficar presos nas embalagens ou engoli-las. Além disso, o lixo também causa danos em motores, hélices e sistemas de refrigeração de embarcações. A degradação do lixo plástico também é arriscada para a saúde humana, já que peixes que ingerem esses microplásticos podem ser consumidos por humanos.

Descarte no mar é proibido
A matéria traz que o descarte de lixo não orgânico no mar é proibido por resoluções internacionais de 1972 (já o de lixo orgânico é aceito sob certas condições), mas que a regra é constantemente violada por dois principais motivos: primeiro, que muitas embarcações ainda não separam os dois tipos de lixo, descartando todos no mar para evitar o mau cheiro, e também para economizar, já que os portos cobram uma taxa para recolhimento de lixo dos navios, a qual varia de acordo com a quantidade dos resíduos coletados.

Taxas do Porto de Natal
No site da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), órgão que regulamenta a prestação de serviços de retirada de resíduos de embarcações em águas sob jurisdição nacional em portos públicos, é possível verificar que há cobrança de taxa para coleta de resíduos, fato confirmado pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), que administra o Porto de Natal. Procurada, a Codern não informou o valor.

Na capital potiguar, são recolhidas 60 toneladas de lixo dos navios anualmente, em média. A Codern ressaltou que as informações referentes a essas coletas são cadastradas no Sistema Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e que a empresa que recolhe o resíduo é certificada para tal.

Questionada sobre a possibilidade de identificar, no momento do recolhimento dos resíduos, indícios de que foi realizado descarte irregular de lixo de alguma embarcação, a Codern se limitou a informar que “só tem controle sobre os processos no navio a partir do momento da atracação” e que “existem outros órgãos com essa responsabilidade”.


Compartilhe esse post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *