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PRESIDENTE DA ANVISA MATERIALIZA RESPEITO E DIGNIDADE AO DESAFIAR BOLSONARO

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FOTO: PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO

Em tempo de covardia pessoal e subserviência profissional, o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, materializa a dignidade do ser humano diante de um superior hierárquico.

Sem apelar a qualquer ofensa ou agressão, sem faltar com respeito ao presidente da República, o médico e Contra-Almirante da Marinha expôs publicamente sua coragem, lastreada em um arsenal de dignidade, multiplicando exemplo de retidão de caráter e espelhando grandeza e altivez.

Jair Messias Bolsonaro, em sua ira inexplicável contra as vacinas que salvam vidas, questionou publicamente o interesse da Anvisa pelas vacinas, apelidando os servidores como ‘tarados por vacinas’.

Barra Torres respondeu ao presidente em forma de desafio: “Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente.”

Barra Torres complementou o desafio: “Agora, se o Senhor não possui tais informações, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.”

Mas, a nota de Barra Torres é mais extensa e é necessário pontuar alguns trechos. Ele diz: “Como médico, Senhor Presidente, procurei manter a razão à frente do sentimento. Mas sofri a cada perda, lamentei cada fracasso, e fiz questão de ser eu mesmo, o portador das piores notícias, quando a morte tomou de mim um paciente.”

Outra pancada forte é dada pelo general ao presidente: “Como cristão, Senhor Presidente, busquei cumprir os mandamentos, mesmo tendo eu abraçado a carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho.”

À acusação, em forma de insinuação, da motivação da Anvisa pelas vacinas, Barra Torres reforça: “Vou morrer sem conhecer riqueza Senhor Presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa.”

Em mais um exemplo de altivez e coragem, Barra Torres desafia o presidente: “Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar.”

Barra Torres impôs uma lição de coragem ao presidente Bolsonaro e o fez silenciar.

Diferente do também médico Marcelo Queiroga, que trocou a dignidade pela subserviência, substituiu o respeito pela bajulação e sepultou sua honra em nome do cargo, Barra Torres fez exatamente ao contrário.

Mesmo sendo militar, passivo de represália, fez do verbo sua maior arma em defesa da honradez e da dignidade. Qualquer retaliação a ele, como exoneração ou perseguição, soará como um prêmio à sua coragem.

No interior, quando queremos exaltar as qualidades de alguém de forma sintética, apelamos ao ditado popular: “Aí é um homem.” Essa frase é capaz de absorver todos os inúmeros adjetivos que possam ser utilizados para definir uma pessoa firme, digna e corajosa.

Assim é Barra Torres, motivo de orgulho para seus amigos e familiares. E também motivo de orgulho para aqueles que sequer o conhecem, mas vibraram com sua seriedade, destemor e defesa da dignidade.

Barra Torres, siga adiante com seu comportamento corajoso e altivo, que o futuro lhe reserva um lugar de destaque na história da luta pela vida dos semelhantes, sem sucumbir ou fraquejar diante dos poderosos, sem medo da farda ou dos cargos.

Antonio Barra Torres, um homem que dignifica qualquer profissão e orgulha qualquer família.

Veja a íntegra da nota:

“Em relação ao recente questionamento do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, quanto à vacinação de crianças de 05 a 11 anos, no qual pergunta “Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí?”, o Diretor Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, responde:

Senhor Presidente, como Oficial General da Marinha do Brasil, servi ao meu país por 32 anos. Pautei minha vida pessoal em austeridade e honra. Honra à minha família que, com dificuldades de todo o tipo, permitiram que eu tivesse acesso à melhor educação possível, para o único filho de uma auxiliar de enfermagem e um ferroviário.

Como médico, Senhor Presidente, procurei manter a razão à frente do sentimento. Mas sofri a cada perda, lamentei cada fracasso, e fiz questão de ser eu mesmo, o portador das piores notícias, quando a morte tomou de mim um paciente.

Como cristão, Senhor Presidente, busquei cumprir os mandamentos, mesmo tendo eu abraçado a carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho.

Vou morrer sem conhecer riqueza Senhor Presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa. Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles eu pude somar ao meu caráter.

Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar.

Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.

Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente.
Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário.

Antonio Barra Torres
Diretor Presidente – Anvisa
Contra-Almirante RM1 Médico
Marinha do Brasil”


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