Por Bosco Afonso
Ao entrar em operação, a partir de março de 1974 o Terminal Salineiro de Areia Branca “Luiz Fausto de Medeiros” modernizou, amplificou e proporcionou economia ao transporte do sal marinho, embora tenha gerado inúmeros desempregados nas categorias de estivadores, barcaceiros, alvarengueiros e conferentes para não falar de outras categorias com números menores de integrantes, principalmente nos municípios de Macau e Areia Branca, onde se concentravam a quase totalidade desses profissionais.
Mas o aprimoramento da colheita do sal e a modernização do transporte com o funcionamento do Terminal Salineiro sinalizavam que tornariam o sal marinho produzido no Rio Grande do Norte mais competitivo, inclusive abrindo caminhos para o mercado no exterior.
As mais de 6 milhões de toneladas de sal marinho produzidas no Rio Grande do Norte é utilizado em grande escala na indústria química e como segunda opção a sua utilização está na pecuária do país e o excedente para o mercado exterior, que para isso necessita do estimulo de equipamentos mais modernos. Hoje, não fora mecanismos na pauta de impostos e outras medidas governamentais, o sal do Chile que chega às indústrias brasileiras localizadas no sul do país tem preço mais competitivo que o sal marinho produzido no Rio Grande do Norte, que por sua vez é responsável por cerca de 97% da produção brasileira.
No momento em que o governo brasileiro busca tornar menor a interferência governamental na economia do país e faz com que o Terminal Salineiro de Areia Branca, administrado pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN), entre no rol das empresas estatais a serem privatizadas, a mobilização contrária começa a ser feita apenas em defesa de pouco mais de 100 empregos estatais, sem enxergar o benefício da competitividade que a privatização poderá trazer para toda a indústria salineira e com isso gerar um maior número de empregos diretos e indiretos. Na época do funcionamento do Terminal Salineiro, em 1974, mais de 2.500 empregos, entre Macau e Areia Branca, foram sacrificados em nome da modernização da colheita e do transporte do sal.
A decisão está tomada. O Terminal Salineiro de Areia Branca “Luiz Fausto de Medeiros”, que em 2001, chegou a embarcar 2 milhões, 526 mil e 755 toneladas de sal à granel como recorde, atendendo demanda dos mercados interno e externo, será privatizado e o edital de licitação será no dia 15 de novembro próximo. Ainda não se sabe o destino dos 115 funcionários da CODERN lotados no Terminal Salineiro de Areia Branca, mas com certeza seus direitos serão preservados. Os servidores realmente capacitados poderão ser absorvidos pela empresa que vier administrar o TERSAB, enquanto os demais, deverão ser remanejados pela CODERN para outros portos ou entrar no Plano de Dispensa Voluntária (PDV), o que não é aceito pelo presidente do Sindicato dos Portuários, Pablo Vinicius.
O presidente do Sindicato de Exportadores de Sal, (SIERSAL), Airton Paulo Torres reconheceu que o Terminal Salineiro não tem a eficiência que tem uma empresa privada e disse que “São 35 salinas no Rio Grande do Norte em oito municípios com uma produção de 6 milhões de toneladas de sal. Parte de nossos empregos dependem, do Terminal Salineiro. Temos um mercado grande, mas não temos condições de exportar. É um cenário que tem nos assustados. Não sabemos até quando podemos sustentar esses 15 mil empregos, mas o porto é um limitador. Somos otimistas com a chegada da iniciativa privada. A prosperidade virá e ela não vai dispensar o trabalho dessa equipe de trabalhadores que tem experiência. O porto precisa de obras, de manutenção e de aquisição de novos equipamentos”.
O deputado Souza Neto (PSB), responsável pela Audiência Pública que ocorreu na cidade de Areia Branca, para discutir a privatização do Terminal Salineiro, disse que “Precisamos estar juntos para que seja encontrada uma solução em defesa também da indústria salineira. Uma outra definição é assegurar a remoção dos trabalhadores do Terminal para outros órgãos do governo, para os portos de Natal e Maceió. É preciso que se tenha a garantia mínima de aproveitamento da mão de obra qualificada”.