
Durante sessão do Tribunal do Júri na 2ª Vara Federal do RN realizada nessa quinta-feira, 24, o pronunciamento do Procurador Fernando Rocha sobre a advocacia chamou atenção por críticas à defesa.
Em determinado momento da fala do membro do Procurador, ele diz que: “nunca quis exercer a advocacia, eu não teria coragem de defender algo em que eu não acredito”. Após a fala, o procurador foi repreendido pelo juiz federal Mario Jambo, que pediu para não fazer referências a advocacia.
ASSISTA:
“NO CALOR DA EMOÇÃO”
Posteriormente, o Procurador explicou que não houve interesse em “atentar contra a honra da advocacia”, que sua exaltação se deu no “calor da emoção” das 48 horas de júri.
“Eu tenho um carinho, um respeito, uma admiração incrível pela advocacia e pela OAB. São 48 horas que a gente está aqui, somente quem não fez o júri, quem nunca trabalhou em júri, é capaz de compreender que na minha fala, no calor da emoção, eu tive ou tinha algum interesse em atentar contra a advocacia, qualquer que ela seja”, disse o procurador.
O procurador pediu desculpas ainda aos advogados. “Se tiverem sentido, de alguma forma, atingidos ou atentados contra a honra, eu peço encarecidamente minhas desculpas, porque em nenhum momento eu atinjo ou menosprezo contra a profissão advocacia. Evidentemente, dentro de um mundo civilizado nós debatemos ideias”, argumentou.
“A justiça respeita a advocacia, a advocacia é fundamental”, conclui.
VEJA
COM A PALAVRA, OS ADVOGADOS
Após o pedido de desculpas do Procurador, o juiz federal Mario Jambo, abriu a palavra para os advogados.
Para o advogado Nilson Nelber Siqueira Chaves, uma das características do júri foi “exatamente o tratamento cordial que houve do Ministério Público para com a advocacia e vice-versa”.
O advogado destacou que não houve, em nenhum momento, atentado à profissão da advocacia. “Evidente que, no calor das discussões há uma certa rispidez, mas não atingindo em nenhum momento, nem a nossa profissão de advogado, assim como na profissão do Ministério Público Federal”, argumentou.
Ele disse ainda que, como advogado, não se sentiu atingido pela fala do Procurador. “Ao contrário, é a realidade. A diferença entre a advocacia, o Ministério Público e a judicatura é essa: nós somos parciais. O Ministério Público é parcial e ao mesmo tempo imparcial decorrente das suas obrigações legais e a judicatura é imparcial. Se o Ministério Público diz que não tem coragem de defender algo que não acredita, é justamente pela característica inerente do Ministério Público: ser parcial e imparcial”, defendeu.
“No calor, nos embates do júri, muitas vezes a gente levanta a voz, a gente fala coisas que vem rapidamente da nossa alma, que vem do nosso coração. Nessa fala de Vossa Excelência, eu, particularmente, acho que o embate era mais nosso, mas eu de fato não senti um ataque”, considerou o advogado José Roberto Sanches.
ASSISTA