
Com a chegada do período mais seco do ano, o Rio Grande do Norte enfrenta o aumento de focos de queimadas e incêndios florestais, especialmente nas regiões Oeste e Seridó. De janeiro a setembro deste ano, o Corpo de Bombeiros Militar do RN (CBM/RN) registrou 869 chamados, número que tende a crescer até dezembro, período mais crítico para esse tipo de ocorrência.
Tendo em vista o aumento nos números, uma operação especial de combate, denominada “Abraço Meio Ambiente” (AMA), é coordenada pelo Corpo de Bombeiros e mobiliza equipes, viaturas especializadas e equipamentos de apoio. Embora a ação seja iniciada, formalmente, no segundo semestre, o trabalho dos militares é permanente, atuando no combate às chamas durante todo o ano, segundo destaca o coronel Marcos Miranda, diretor do Comando Operacional do CBM/RN.
O oficial detalha que os batalhões de Mossoró e Caicó concentram a maioria dos casos. “Mossoró contabiliza 580 ocorrências atendidas, com o apoio de 18 militares diários e cinco viaturas, contemplando também as cidades de Apodi, Assu e Pau dos Ferros. Já o batalhão de Caicó registrou 289 casos no período. Na Região Metropolitana de Natal, o número de ocorrências é bem menor. As chuvas mais constantes têm contribuído para reduzir a incidência de incêndios florestais, restringindo o trabalho dos bombeiros a incêndios urbanos e em terrenos baldios”, observou.
O diretor do Comando Operacional também explica que as principais causas das queimadas continuam sendo de origem humana.
“O uso do fogo para limpeza de terrenos, a queima de lixo, o descarte inadequado de cigarros acesos e o uso imprudente de fogueiras em áreas de vegetação. Além disso, fatores naturais, como altas temperaturas, baixa umidade e ventos intensos favorecem a propagação das chamas, principalmente em regiões do interior”, explicou.
Sesap alerta sobre riscos dos incêndios para Saúde
Enquanto os bombeiros intensificam a resposta operacional, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) atua na vigilância dos impactos à saúde e na qualidade do ar. Por meio da Subcoordenadoria de Vigilância Ambiental (Suvam), a Sesap monitora os efeitos das queimadas e elabora boletins mensais com dados sobre poluição atmosférica, apoiando as ações dos Núcleos Regionais de Vigilância em Saúde (NUREVS) e dos municípios.
A coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap, Diana Rego, alerta que o período de setembro a dezembro é, de fato, o mais preocupante.
“Este período é tido como um dos mais críticos com relação às queimadas, o que acende um alerta necessário para monitorar a situação. Assim, a Secretaria acompanha os dados referentes às queimadas, áreas afetadas e elabora boletins mensais para monitorar a qualidade do ar e os riscos à saúde”, explicou.
Segundo a coordenadora, os danos vão muito além do desconforto respiratório causado pela fumaça.
“Um risco com queimadas é o agravamento ou surgimento de doenças devido à inalação de partículas finas e gases presentes na fumaça, que podem causar irritação, inflamações e agravar condições de doenças respiratórias e cardiovasculares. Os grupos mais vulneráveis são crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças pré-existentes, em especial cardiovasculares e respiratórias”, completo Diana Rego.
Nesse sentido, a Sesap recomenda cuidados essenciais, como manter-se hidratado, evitar atividades físicas ao ar livre em dias de má qualidade do ar e usar máscaras adequadas (N95, PFF2 ou P100) em casos de exposição intensa à fumaça. A secretaria também reforça medidas básicas de prevenção ambiental, como não queimar lixo, não soltar balões, não acender fogueiras e não jogar cigarros ou fósforos acesos em áreas de vegetação.
Canal oficial do Corpo de Bombeiros
Em casos de incêndios, o Corpo de Bombeiros recomenda a população a registrar a ocorrência, através do canal oficial com a corporação, para combate adequado do foco de incêndio.
“A primeira medida a ser tomada é ligar imediatamente para o número 193, canal de comunicação para acionar nossas equipes, que estão preparadas para combater os focos com segurança. Não é recomendável que civis tentem combater o fogo por conta própria, visto que somente o Corpo de Bombeiros dispõe de equipamentos adequados e treinamento especializado para lidar com incêndios, seja de pequena, média ou grande proporção”, finaliza o diretor do Comando Operacional do CBM/RN, Marcos Miranda.