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QUIOSQUEIROS DA PRAIA DA REDINHA TEMEM PERDER O SUSTENTO DE FAMÍLIAS

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Comerciantes dizem ter recebido comunicado da Prefeitura para retirada dos estabelecimentos, sem maiores explicações

Foto: Anderson Régis

Medo e incerteza: esses são os sentimentos relatados por quem trabalha nos quiosques da Praia da Redinha, na Zona Norte de Natal. A cerca de três meses, eles foram surpreendidos com um comunicado de que terão que deixar o local. Com isso, a renda, a sobrevivência, e o futuro de famílias inteiras estão ameaçadas.

Dono do Quiosque do Tubarão há quarenta anos, Aldenor de Souza, de 73 anos, é um dos proprietários mais antigos. “A gente trabalha, tá acostumado a trabalhar. O nosso emprego é esse aqui”. Ele conta o que ouviu de uma das funcionárias: “Tubarão, a gente tem que brigar por esses quiosques. Hoje eu levo o meu pão de cada dia, o dinheiro do gás, da luz, de tudo”

Com o Mercado Público da Redinha em reforma desde o início desse ano, o corredor de quiosques se torna um importante ponto do comércio na região, onde os visitantes da praia podem provar pratos típicos potiguares, além de beber com amigos e aproveitar a vista.

Segundo o comerciante, antes do início das obras, o prefeito Álvaro Dias prometeu que não iria remover os quiosques sem a conclusão da reforma: “Na primeira reunião com a gente, ele disse que iria derrubar o mercado e só iria mexer com a gente depois que a reforma do mercado fosse finalizada. Aí não terminou nem o mercado e ele já quer tirar a gente. Essa praia não pode ficar sem nada e aqui tem muito voto”. Aldenor, o “Tubarão”, ainda acrescenta: “Nós estamos vivendo assombrados. Nós queremos que ele (o prefeito) venha aqui pessoalmente e converse com a gente sobre essa situação. A única notícia que nós temos é que vamos sair. Não podemos ficar assim de braços abertos”, disse.

Proprietária do Quiosque do Carlos, Ucilene Santos, de 27 anos, relata que o estabelecimento está na família há três gerações. No início, o local pertenceu a avó e era bem simples: feito com tijolo, lona e composto de tamboretes para as pessoas se sentarem. 

Quando a avó se aposentou, o quiosque passou a ser propriedade do pai de Ucilene, e após a morte dele, por problemas respiratórios, ela se tornou a dona do estabelecimento e vários de seus parentes, como a mãe, irmã, a avó e o próprio filho, de 2 anos, sobrevivem através dessa renda: “Aqui são quase três ca- sas. Fora o salário dos garçons, a renda que eu ganho é toda para a minha família. Se tirarem esses quiosques, a gente vai sair como se não fosse nada. É como se a gente fosse apenas um objeto de turismo. Nós temos que pagar aluguel e temos filho para cuidar. A única base de sustento que temos é essa aqui”.

Apesar de ser fundamental para o sustento de Ucilene e sua família, o valor do quiosque vai além da renda. Segundo ela, o local traz várias memórias afetivas, da época da infância: “Eu tenho um afeto por esse lugar. Hoje, o meu filho brinca na praia e era a mesma coisa que eu. A gente trabalhava e ficava brincando também. O meu desejo era que ele tomasse conta quando a gente envelhecer, mas isso não vai acontecer porque eles vão tirar”.

A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Natal foi procurada pela reportagem do DRN, mas não tivemos retorno até o fechamento desta edição.


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