
O chefe da Casa Civil do Governo Fátima Bezerra, Raimundo Alves, deu um ‘freio de arrumação’ na articulação política e ‘puxou a orelha’ da deputada estadual Isolda Dantas, que desferiu golpes chulos na aliança política entre o PT e o MDB para a reeleição da governadora Maria de Fátima Bezerra.
Isolda concedeu entrevista ao jornalista Saulo Vale e ao advogado Jailton Magalhães, em Mossoró. Questionada sobre a aliança entre os dois partidos, costurada pelo ex-presidente Lula, ela soltou a pérola: “Posso engolir, para cuspir amanhã”. Homem cuspindo já é feio. Mulher então…
Em entrevista ao jornal Tribuna do Norte, Raimundo Alves, escalado publicamente pela governadora para ser o ‘articulador político do governo’, disse que Isolda foi infeliz na declaração e invoca o comportamento da governadora para rebater a baixaria de Isolda: “Quem conhece a governadora Fátima Bezerra (PT) sabe que ela não faz aquela coligação chiclete, que mastiga, mastiga e joga fora, não. Não é essa a intenção”.
Raimundo ainda relata que as conversas estão evoluindo: “Eu mesmo tenho me reunido com o presidente estadual do MDB, deputado federal Walter Alves. E a nossa intenção é colocar essa roda para girar agora neste início de ano. Na verdade, isso começou com a vinda do presidente Lula no início de setembro de 2022 e vamos dar continuidade”.
Portanto, se havia alguma dúvida em relação ao encaminhamento da aliança, a fala transparente de Raimundo sepulta qualquer questionamento a respeito do interesse de Lula e de Fátima em relação ao tema.
O PT é um dos poucos partidos políticos que tem vida orgânica, debate interno, divergência, contraditório. E isso é importante numa legenda política.
Porém, a discussão interna é uma coisa. O discurso externo é outro.
Quem sinalizou de forma explícita por uma aliança com o MDB de Garibaldi Filho e externou o desejo de ter o partido no palanque de Fátima, foi Luís Inácio Lula da Silva, em jantar que contou com a presença da própria governadora e dos líderes do MDB no RN.
Depois da reunião com Lula, ainda houve aqui e ali pequenas manifestações de contrariedade de alguns poucos integrantes da sigla.
Fátima externou publicamente que tem interesse na aliança e que as conversas estão evoluindo. Os sinais estão cada vez mais claros. Para quem quer entender. Fátima e Lula não precisam desenhar. Está mais que claro.
Mas, Isolda dá uma demonstração de inexperiência política e de fragilidade da palavra. Ela sabe, ou não quer saber, que as alianças políticas são necessárias e não há puritanismo no PT e nem em nenhum outro partido em relação a esse tema. O próprio PT já se uniu com o que havia de pior na política brasileira para ganhar a eleição e garantir a governabilidade. O pragmatismo de Lula foi maior que a ingenuidade de alguns sem voto. Rendeu 8 anos de mandato ao PT e o discurso da volta de Lula.
Isolda afirmar que vai ‘cuspir’ aliados após a vitória, veste a parlamentar em uma roupa inadequada para tratar de relações políticas maduras. Eufemismo em alto grau.
Mas, Isolda pode querer mandar um recado e não teve coragem para fazê-lo. É que, com o rompimento do prefeito de Mossoró, Alysson Bezerra, com seu vice, Fernandinho das Padarias, este passou a ser apoiador da reeleição de Fátima e foi agraciado com um cargo na direção do Hospital Tarcísio Maia para sua sogra.
O problema é que a então diretora, a assistente social Herbênia Ferreira, foi substituída sob o silêncio cúmplice de Isolda, que ainda não engoliu a aliança do vice que a derrotou nas urnas em 2020. Mas já deve preparar o vômito; ou a cuspida no novo aliado indesejável. Ou quem sabe, faz como a cana: Chupa e joga o bagaço fora.
Fátima Bezerra não faz mais política com o fígado. Já fez. Perdeu eleições por isso e aprendeu. Amadureceu sem perder a essência.
Hoje, ela sabe que precisa das alianças para renovar o mandato e não se deixa intimidar por ruídos indelicados, criados por interesses contrariados, sob o manto de um discurso sectário e ultrapassado, que não encontra respaldo nas lideranças maiores de seu próprio partido.
Fátima já tem adversários demais para atrapalhar sua reeleição. Não precisa tê-los dentro de casa, travestidos de amigos eternos.