GENIVALDO FOI ABORDADO POR ESTAR SEM CAPACETE. MAS POR QUE FOI MORTO EM “CÂMARA DE GÁS”?
Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, esquizofrênico, morto em “câmara de gás” após abordagem da Polícia Rodoviária Federal em Aracaju, Sergipe, foi parado pelos agentes por estar conduzindo uma motocicleta sem utilizar capacete.
De acordo com o boletim de ocorrência, a equipe de policiais rodoviários “visualizou uma motocicleta de placa OUP0J89/SE sendo conduzida por um indivíduo sem capacete de segurança, motivo pelo qual procedeu à sua abordagem. Foi dado o comando para que o condutor desembarcasse da moto e levantasse a camisa, como medida de segurança, no entanto a ordem foi desobedecida, levantando o nível de suspeita”.
A prática é considerada infração. O Art. 244 do Código de Trânsito Brasileiro estabelece que:
“Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:
I – Conduzir motocicleta, motoneta ou ciclomotor sem usar capacete de segurança ou vestuário de acordo com as normas e as especificações aprovadas pelo Contran;
Infração – gravíssima.
Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir.
Medida administrativa – retenção do veículo até regularização e recolhimento do documento de habilitação (…)”
As penas previstas são:
Segundo o § 3º do artigo 7º da Resolução do CONTRAN n. 723/18, “Não serão computados pontos nas infrações que preveem, por si só, a penalidade de suspensão do direito de dirigir”.
Tempo de suspensão do direito de dirigir: de 2 a 8 meses e, na reincidência em 12 meses, de 8 a 18 meses.
Multa: R$ 293,47.
Genivaldo, no entanto, não recebeu multa, nem teve o direito de pilotar suspenso. Morreu asfixiado enquanto os agentes o assistiam agonizar. A causa da morte foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública do estado.
Mas, porquê Genivaldo foi morto em uma “câmara de gás”?
Genivaldo de Jesus Santos, morreu asfixiado na quarta-feira, 25, depois de ficar cerca de dois minutos trancado no porta-malas de uma viatura da PRF, em que os agentes jogaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo, criando uma espécie de “câmara de gás” improvisada.
Um sobrinho da vítima, ouvido pelo G1, informou que Genivaldo tinha esquizofrenia e tomava remédios controlados há cerca de 20 anos. Wallison de Jesus viu toda a ação policial e contou que avisou aos policiais sobre o transtorno mental do tio.
Durante a abordagem, os policiais pediram para a vítima levantar as mãos e o revistaram, foi quando encontraram uma cartela de medicamentos no bolso de Genivaldo. Segundo Wallison, o tio começou a ficar nervoso e os agentes o trancaram no porta-malas e o conduziram à delegacia.
De acordo com a família, Genivaldo chegou à delegacia desfalecido e foi levado ao hospital, onde tentaram o reanimar, mas ele já estava morto. “Eles jogaram um tipo de gás dentro da mala, foram para delegacia, mas meu tio estava desacordado. Diante disso, os policiais levaram ele para o hospital, mas já era tarde”, relatou Wallison ao G1.
A reação de Genivaldo à abordagem, por mais bruta que possa ter sido, seria, realmente, uma justificativa para trancá-lo expondo-o ao gás até a morte? É a pergunta que não quer calar.
Enquanto isso…
O presidente Jair Bolsonaro anda por aí em “motociatas’ sem capacete. No entanto, não é abordado, mas escoltado! É Brasil que fala, né?