O presidente Jair Messias Bolsonaro foi candidato amparado num discurso radical e sincero quanto ao seu posicionamento ideológico, de extrema direita. Ignorou a mídia convencional, se credenciou como o anti-PT e ganhou a eleição. Ninguém votou enganado.
No Governo, tratou de manter e acentuar sua postura radical contra os adversários ou quem pensa diferente dele. Acusa, ofende, agride. Mas no seu estilo próprio que um percentual expressivo gosta, aplaude e compartilha.
Você pode não nutrir nenhum sentimento nobre pelo presidente, ser contra seu Governo e sua forma de fazer política, mas não pode negar que Bolsonaro se mantém ainda forte justamente pela postura que adotou, de agressividade contra quem é contra ele e afetividade com quem lhe aplaude. Ele age assim com relação ao eleitorado, aos seguimentos e também em relação à mídia.
Bolsonaro age de caso pensado. Não subestimemos alguém que ganhou uma eleição para presidente da República num formato absolutamente diferente de seus antecessores. Ele tem seu valor; que concordemos ou não. O que nos faz diferente é justamente reconhecer esse valor de forma crítica e equilibrada.
O presidente irriga, alimenta e turbina seu eleitorado com o radicalismo que implantou. Com isso, conquista adeptos tão radicais quanto ele, capazes de segui-lo sem saber sequer o rumo ou o motivo. É isso que ele quer. E tem conseguido. Tem se fortalecido junto aos seus.
Bolsonaro tem método. No fundo, ele se espelha no Lulismo/Petismo. Pode parecer paradoxal, mas os extremos que hoje polarizam a política nacional, bebem da mesma fonte e usam do mesmo método: Alimentam o radicalismo cego, que não permite avaliação crítica. O fanatismo é o mesmo; seja de esquerda ou de direita. O conteúdo de um lado ou de outro é outra história.
Bolsonaro não se parece nem um pouco com seus antecessores. Fala sobre tudo; se mete até em jogo de castanha; ignora a imprensa e não admite sequer ouvir quem pensa diferente. Tem mais contato com o povo, de forma física, do que todos os presidentes anteriores. Vai pra rua, entra no boteco, na padaria…
Ele é forte. O radicalismo tem mantido seu exército ativo. Afinal, em plena Pandemia, o número de mortes batendo recordes, quem ousaria ir pra rua, incentivar protestos em favor de seu Governo, sendo chamado de Genocida? Ele aposta no risco. E dá certo.
As palavras proferidas pelo presidente sobre qualquer assunto, no formato ‘pancada’, alimentam o Bolsonarismo, mas produzem rejeição pessoal crescente de quem pensa diferente. E isso pode ser muito perigoso numa eleição em dois turnos. A soma dos adversários poderá ser fatal para sepultar a reeleição do marido de Michele.
Enquanto isso, Jair Messias Bolsonaro vai fortalecendo seu exército, não o militar, mas o exército de apoiadores que o segue em qualquer circunstância e o defende cegamente sobre qualquer tema. E isso não é pouco para um político na atualidade, sendo Governo e sofrendo desgaste de ser Governo.
O problema do radicalismo cego é que não consegue predominância; floresce o número de inimigos também cegos que farão qualquer coisa, se submeterão a qualquer aliança para que ele não renove o mandato. É a causa e efeito sobre a política.
Somente o tempo trará a resposta se o método Bolsonaro dará certo ou não.