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UM ANO SEM NEVALDO ROCHA

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Nevaldo Rocha (Foto: Canindé Soares)

Um homem que construiu do nada um império do varejo. Em rara entrevista, declarou que as palavras que o empurraram para frente foram: honestidade, simplicidade, foco, transparência e meritocracia. O grande empreendedor caraubense morreu em 18 de junho de 2020. Atualmente, uma das mais importantes avenidas das Capital Potiguar carrega seu nome como forma de homenagem: a antiga Av. Bernardo Vieira passou a ser Av. Nevaldo Rocha de Oliveira, quando foi sancionada pelo prefeito de Natal, Álvaro Dias, no dia 15 de abril deste ano.

Assim, com sangue, suor e tino comercial transformou uma lojinha em Natal no Grupo Guararapes, uma das maiores redes de varejo do País, e ergueu um império avaliado em R$ 8,2 bilhões.

Saudade

“Um ano sem seu Nevaldo. Mas o seu legado continua nos movendo e inspirando a cada dia”, escreveu o filho Flávio Rocha.

Origem

Nevaldo Rocha nasceu em 21 de julho de 1928 em Caraúbas, no interior do Rio Grande do Norte, uma das regiões mais castigadas pela seca. Foi coroinha e escoteiro. Ainda jovem, embarcou num pau de arara rumo a Natal, na esperança de ser recebido pela esposa do governador, de acordo Henrique Araújo, editor do site Curiozzzo, especializado na história potiguar.

Segundo o site, a esperança do menino Nevaldo era embasada no fato de que sua mãe havia cumprimentado a primeira-dama numa quermesse, “um encontro casual que na cabeça do menino se transformou em promessa quase mágica de uma nova vida.” Depois de vagar dias pela cidade, Nevaldo arranjou emprego numa relojoaria.

Na época, em plena Segunda Guerra, Natal era ponto de apoio militar para os EUA, e Nevaldo passou a oferecer relógios aos americanos e militares brasileiros na Base de Parnamirim. Vendia muito. O embrião do Grupo Guararapes começa em 1947, quando Nevaldo abre A Capital, uma loja no bairro Ribeira. Seu irmão Newton entrou de sócio.

Reinvestindo tudo e apostando numa confecção própria, Nevaldo abre uma loja em Recife em 1956, e em seguida mais quatro. Em 1979, surge a grande oportunidade: adquirir as Lojas Riachuelo, um movimento que expande o grupo para o Sudeste.

Antes de sua morte, Nevaldo já havia feito a sucessão patrimonial, mas ainda era formalmente o CEO da Guararapes, que além da Riachuelo é dona da financeira Midway e do Midway Mall, o shopping da companhia em Natal. A companhia tem 323 lojas e vale R$ 8 bilhões na B3. Num detalhe excêntrico, ele nunca deixou que o shopping cobrasse pelo estacionamento, dizendo que isso afugentava o cliente e era “lucro ruim”.

Nevaldo também passou décadas resistindo a pressões de investidores por mudanças na governança da Guararapes. Dizia que eram ‘desnecessárias’ e que só aconteceriam quando ele não estivesse mais entre os vivos. Mas no final de 2018, mudou de ideia parcialmente: unificou as duas classes de ações, fez um desdobramento para melhorar a liquidez e melhorou a governança, mas a companhia ainda não foi para o Novo Mercado.

Sobre a Guararapes S/A

A Guararapes Confecções S/A possui seis fábricas de roupas e tecidos na região Nordeste. Dona da rede Riachuelo de lojas de departamento de vestuário, direciona 100% da sua produção para as mais de 300 unidades da rede. O grupo Guararapes adota o modelo integrado entre indústria (Guararapes), varejo (Riachuelo), logística e transporte (Transportadora Casa Verde) e financeiro (Banco Midway).

Em 2018, a Guararapes converteu todas as suas ações preferenciais em ações ordinárias (GUAR3), papeis que são negociados na B3. Com capital aberto desde 1970, a companhia é controlada pela família Rocha, fundadora do negócio.

Herdeiro do grupo e à época diretor de Relações com Investidores, Flávio Gurgel Rocha, em 2018, chegou a lançar sua candidatura à Presidência da República, mas decidiu apoiar a chapa de Jair Bolsonaro, retornando à companhia, no mesmo ano, como presidente do Conselho de Administração.

Declarações

“Foi a pessoa mais brilhante que conheci,” disse Dorio Ferman, o sócio do Opportunity, que conheceu Nevaldo quando tinha 10 anos de idade. “Meu pai foi o primeiro patrão dele, e depois foram amigos a vida inteira. Nevaldo deixa um exemplo de capacidade e seriedade para todo o Brasil — um menino do interior que começou a vida pedindo uma oportunidade e no final gerou oportunidade para tanta gente.”

“Ele andava pelas linhas de produção, almoçava no refeitório. E dizia que empreender era uma constância e que nunca podia parar”, João Appolinário, fundador e CEO da Polishop

*Com informações do Brazil Journal

Confira os vídeo postados após a morte de Nevaldo Rocha:


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