O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo, presidente do PDT no RN, ficou numa situação complicada após os últimos acontecimentos políticos ocorridos na esfera oposicionista.
Carlos Eduardo deu dois recados. Um certeiro e outro desastroso.
No primeiro, o filho de Agnelo disse que estava preparado para ser governador do Estado ou senador da República, as duas principais vagas em jogo na chapa majoritária 2022. Acertou em cheio.
Pelo lado do Governo, o pessoal de Fátima Bezerra ficou em alerta e sinalizou que ele poderia ser o senador da irmã de Tetê. Com isso, os governistas afastariam a possibilidade de tê-lo novamente como candidato a governador contra Fátima e desarmava os planos da oposição, na medida em que tiraria um candidato forte e competitivo da oposição e o faria integrar o palanque do Governo.
Pela oposição, o sinal de que poderia ser candidato a governador, animou os líderes que comandam o palanque contra Fátima, na medida em que poderiam contar com um forte candidato a governador e não uma arrumação por exclusão de nomes consistentes eleitoralmente.
Ou seja: Carlos Eduardo, de uma só vez, abriu as portas do Governo e da oposição. Pelo Governo, poderia ser candidato a senador; pela oposição, seria o candidato a governador. O tiro foi certeiro. A articulação cuidaria do restante e da escolha do caminho a seguir.
O problema veio em seguida. A mesma língua que abriu caminhos a escolher, sepultou escolhas e fechou portas.
OS ERROS DE CARLOS EDUARDO
Carlos Eduardo fechou a primeira porta, a da oposição. Disse cobras e lagartos a respeito de Bolsonaro, justamente o patrono político e padrinho financeiro da oposição potiguar. Imediatamente, os ministros Rogério Marinho e Fábio Faria riscaram o nome dele da lista de prováveis candidatos da oposição. Ao bater no Governo Federal, também perdeu o apoio público daquele que seria seu maior cabo eleitoral na capital, o prefeito Álvaro Dias. Porta fechada no grupo da oposição sem chance de reabertura.
Em relação ao Governo, a porta ainda não está fechada totalmente. Mas a nacionalização do pleito poderá ser um grande empecilho para uma aliança entre o PDT de Carlos Eduardo com o PT de Fátima Bezerra.
O PDT do RN está chancelando o discurso de Ciro Gomes, que está batendo com força em Lula. Dessa forma, inviabiliza qualquer aproximação entre as duas legendas. Estaria sendo fechada a outra porta para Carlos Eduardo. A maneira de evitar o fechamento total e irreversível da porta governista, é mudar de partido ou estadualizar o pleito com discurso puramente local. Faria isso o filho de Agnelo para compor chapa com Fátima? Além das pancadas nacionais com efeitos locais, a esposa de Carlos Eduardo usou as redes sociais e deu uma pancada forte na governadora Fátima Bezerra. Indignada pela violência contra as mulheres, Andréa Ramalho bateu forte na filha de Dona Luzia.
Portanto, delicada ficou a situação política do ex-prefeito Carlos Eduardo. Sem espaço na oposição mais consistente; sem espaço no bloco governista e sem traquejo para articular uma via independente, para onde irá o filho de Agnelo?
Os erros cometidos ainda no processo de articulação e de conversas, poderão ser fatais para o ex-prefeito de Natal tentar uma candidatura majoritária.
Ele é um grande eleitor no maior colégio eleitoral do RN e seu nome não poderá ser desprezado, mas sua própria falta de habilidade tem provocado fechamento de portas.
Sem grupo, sem palanque e sem estrutura partidária ou lideranças políticas, ficará muito difícil Carlos Eduardo encarar uma candidatura independente. Não faz parte de seu perfil.
Porém, somente ele poderá apontar que caminho irá seguir e que cargo irá disputar no pleito de 2022.
Para uma candidatura majoritária, é preciso ser apoiado por grupos, partidos, seguimentos. Hoje, ele não dispõe de nada disso. Afinal, ninguém é candidato de si mesmo.
Tem que ver isso aí. Para onde vai Carlos Eduardo? O fechador de portas vai ter que se reinventar para encontrar uma aberta que lhe dê guarida. Não está fácil. E pode piorar.