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CENTENÁRIO DE ALUÍZIO ALVES. HENRIQUE LEMBRA COM EMOÇÃO MOMENTOS AO LADO DO PAI

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Aluízio Alves reunia, com facilidade, multidões em seus comícios em todas as campanhas partidárias das quais participou. Créditos: ARQUIVO TN

Neste dia 11 de agosto de 2021, se Aluízio Alves estivesse vivo, completaria 100 anos. Um político que atuou intensamente. Forte, admirado e, que terminou os seus dias, respeitado. Um homem dividido entre a família e o governo. Que veio, como diz o jingle da campanha de 60, do sertão, lá do Cabugi, para sanar o sofrimento do seu povo. E assim foi. Sempre acreditou no progresso Norte-Riograndense e fez história como uma das maiores figuras políticas do estado. Aluízio Alves, quinto filho do casal Manoel Alves Filho (1894-1986) e dona-de-casa Maria Fernandes Alves (1891-1975), o jornalista, empresário e ex-ministro nasceu no dia 11 de agosto de 1921, em Angicos, município localizado aos pés do Pico do Cabugi, na região central do Rio Grande do Norte; morreu em 06 de maio de 2006, deixando sua marca na política nacional, como símbolo desenvolvimentista brasileiro. Ao longo da matéria produzida pelo Blog Tulio Lemos, confira história desde família e educação à atuação política e legado, declarações de familiares e amigos, linha do tempo, além dos destaques de campanha.

DECLARAÇÃO HENRIQUE ALVES

Henrique Eduardo Alves, questionado pelo Blog Tulio Lemos sobre quais foram os momentos mais fortes e marcantes em relação à vida de Aluízio, a cassação, seu primeiro mandato, quando foi presidente da Câmara dos Deputados Federais, quando assumiu a presidência da República… como foram esses momentos e como era relação que tinha com ele nesses momentos, o filho de Aluízio declarou que acredita que dois momentos marcaram profundamente a sua vida:

“o primeiro quando, 1969, na naquele fevereiro, ele cassado pela ditadura militar, todo dia vinha a notícia de que (na Voz do Brasil, saía sempre uma relação de parlamentares cassados e seriam punidos) sempre aguardávamos o nome dele; a gente sabe que ele tinha uma radical, mas já passou isso, mas foi um momento que me marcou profundamente. Quando amigos foram ao Rio de Janeiro, à nossa casa,  pediram a ele que me fizesse seu herdeiro, seu seguidor, que eu entrasse na vida pública como candidato a deputado federal. E eu notava que ele queria e não queria; não queria por medo de que eu viesse a sofrer, naqueles momentos terríveis que o Brasil vivia, de absoluto de respeito à cidadania, à Constituição, ao direito das pessoas, à liberdade, e, no fundo, eu sentia que ele queria porque não deixa morrer tanta coisa, tanta luta, tanto realizado… 

Me lembrar aqui das 40 horas de Paulo Freire como marco, na nossa querida cidade de Angicos, energia de Paulo Afonso, caminhão da Esperança, enfim, tanta coisa, não poderia enumerar em um pouco tempo. 

No momento que eu percebi essa indecisão dele, não precisou ele falar, eu percebi no seu olhar. Eu disse: ‘meu pai, eu topo. Eu vou entrar, eu sou candidato a deputado federal para prosseguir a sua luta’. E a sua fala foi muito simples: ‘meu filho, então segura a minha bandeira verde e vai defender o povo do Rio Grande do Norte’. E, a partir daí, eu fui, caminhei, fiz o que pude fazer, lutar como lutei, então esse é um momento muito marcante na minha realização pessoal, mas, mais do que isso: saber que estava fazendo ali o sonho e a Esperança dele.

Henrique caminhou lado a lado do pai como seu herdeiro político. Créditos: ARQUIVO/TN

O outro momento foi quando cheguei à presidência da Câmara dos deputados; não posso negar que um deputado de um estado que tinha menor bancada de 8 deputados apenas, nosso estado do Rio Grande do Norte, bancada de 8 deputados federais, em uma casa de 513 deputados, consegui chegar a presidir esta casa, eleito no primeiro turno, com 4 outros candidatos, segurando a bandeira do Rio Grande do Norte, quando eu sentei naquela cadeira, as minhas palavras foram só, saindo de meus lábios, na minha garganta, mas sobre todo o meu coração, era a presença dele, aquele momento que eu estava vivendo, que ele não estava podendo ali estar presente assistindo, mas eu sei que lá no bom lugar que ele está, ele estava muito feliz e, sem dúvida, me abençoando. Então, foram dois momentos que marcaram a minha vida pública: presidir a casa onde estive por 44 anos, 11 mandatos consecutivos de deputado federal e quando segurei sua bandeira verde (…), em casas e cidades, em estados, em ruas e dias e noites madrugadas pelo Rio Grande do Norte”.

Ouça o áudio:

BASE

Ao todo, a família era composta por nove filhos, sendo que uma menina (Maria) resistiu apenas três dias; e outro morreu antes mesmo de nascer.

A irmã mais velha de Aluízio Alves era Maristela Alves (falecida em janeiro de 1975, aos 56 anos). Pela ordem de nascimento, a segunda mais velha do grupo de irmãos é Maria Neusa Alves, 100 anos. Aluízio Alves era o terceiro mais velho. O mais velho dos irmãos após o ex-ministro é Garibaldi Alves (ex-deputado), 98 anos. O quinto filho mais velho era Expedito Alves, ex-prefeito de Angicos assassinado em 1983 na praça da cidade. 

O sexto filho era José Gobat Alves, falecido em maio de 2004 após passar cerca de 12 anos em coma. O acidente que lhe colocou em tal estado aconteceu em 1992 e vitimou fatalmente sua mulher, Maria José de Vasconcelos Alves (1933 – 1992). A freira Carmem Alves (falecida em  04 de fevereiro de 2018, aos 91 anos) era a sétima da linhagem. Ela era irmã Dorotéia e dirigiu a ordem religiosa em Natal. 

Os dois irmãos mais novos de Aluízio Alves são Maria de Lourdes Alves, 93 anos; e Agnelo Alves (falecido em 21 de junho de 2015, aos 82 anos).  Dos nove filhos do casal “Nezinho Alves” e “Dona Liquinha”, apenas Agnelo Alves, que foi prefeito de Parnamirim e senador da República, não nasceu em Angicos. Em 1932, no auge da Revolução Constitucionalista, Nezinho Alves era prefeito da cidade e achou melhor enviar sua mulher para Ceará-Mirim, onde Agnelo nasceu. 

Aos 11 anos, Aluízio (no canto direito à esquerda) em reunião do PP
Legenda: Aos 11 anos, Aluízio (no canto direito à esquerda) em reunião do PP. Créditos: ARQUIVO/TN

FORMAÇÃO

A educação primária de Aluízio Alves foi toda em Angicos, entre os anos 1926 e 1930; já o ensino secundário, foi na Capital Potiguar, entre 1936 e 1940. Conhecido por se um menino prodígio e político precoce, Aluízio Alves sempre esteve à frente do seu tempo em várias áreas de atuação. Herdou o gosto pela política do pai, o comerciante Nezinho Alves, que foi prefeito de sua terra. 

Já aos 11 anos, entre antigos membros do Partido Republicano, como o ex-governador José Augusto Bezerra de Medeiros, e da Aliança Liberal, como o monsenhor João da Maria Paiva, e o ex-prefeito de Caicó Dinarte de Medeiros Mariz, participou da fundação do Partido Popular (PP). Foi em 12 de fevereiro de 1933, na então provinciana capital do RN, iniciando assim uma longeva carreira político-partidária. 

Logo após, até 1945, dava início a sua jornada jornalística: foi redator político do jornal A República; além disso, no mesmo período, foi diretor do Serviço Estadual de Reeducação e Assistência Social, secretário, e depois presidente, da seção rio-grandense-do-norte da Legião Brasileira de Assistência (LBA).

Aluízio tornou-se diretor da Biblioteca Norte-Rio-Grandense de História e da Sociedade Brasileira de Folclore. No decorrer de sua atuação pública, foi ganhando projeção como organizador e especialista dos serviços de assistência social do estado; foi nomeado membro da Sociedade de Higiene Mental do Nordeste, participou do Congresso de Psiquiatria e Higiene Social do Nordeste, realizado em Natal, e foi presidente do Centro de Estudos Sociais do Rio Grande do Norte.

CLARIM

Reprodução

Jornalista vocacionado. Fez da comunicação sua grande missão de vida, junto, é claro, à política, exatamente por sua arte de estabelecer comunicação popular efetiva com as grandes massas. Mas, voltemos ao início. Aos 11 anos, o menino de Angicos aproveitava suas férias, em sua cidade de nascimento, para deixar o tempo livre produtivo: escrevia um seminário na máquina de escrever do pai, o comerciante Manoel Alves Filho. De tiragem única, a informação, abrigada em quatro páginas, passava de mão em mão, de casa em casa e tornava-se exitosa a meta do garoto visionário, levar notícias do município e de todo o estado.

Esse foi apenas o primeiro de muitos projetos jornalísticos que o conduziram à construção de uma relação estreita e relevante para sua figura pública social: o jornal mensal “A Palavra”, em parceria com João Seabra de Melo, a revista “Potiguarania”, o “Estudante”, com a participação de José Ariston e Jessé Freire, e os jornais políticos “A Notícia” e “A Razão”. Este último era fortemente ligado ao Partido Popular. Com ele, Aluízio Alves iniciava uma união que marcariam, para o resto da vida, sua atuação pública no Rio Grande do Norte e no país: o jornalismo e a política.

O MAIS JOVEM CONSTITUINTE

A partir da queda do Estado Novo, em 29 de outubro de 1945, e a realização de eleições no dia 2 de dezembro seguinte, Aluízio Alves foi eleito deputado pelo Rio Grande do Norte à Assembleia Nacional Constituinte, na legenda da União Democrática Nacional (UDN). Tomou posse em fevereiro de 1946, tornando-se então, aos 24 anos de idade, o mais jovem constituinte. Foi eleito mais três vezes deputado federal, tendo deixado a Câmara dos Deputados após ter sido eleito governador do Estado em 1960.

Aluízio recebe em 1964, o senador Robert Kennedy, na sede da TN
Legenda: Aluízio recebe em 1964, o senador Robert Kennedy, na sede da TN. Créditos: ARQUIVO/TN

Em 1966, voltou a  se eleger deputado federal, sendo cassado em 1969 pela Ditadura Militar. Voltou à Câmara Federal para o último mandato (1991-1994) e exerceu cargos de ministros da Administração e da Integração Regional, nos governos José Sarney (1985-1990) e Itamar Franco (1992-1994), respectivamente.

Reprodução

Confira a biografia completa aqui, no site da Fundação Getúlio Vargas (FVG).

MATRIMÔNIO

Quando Aluízio Alves casou-se com dona Ivone Lyra Alves, em setembro de 1944, na igreja Santa Terezinha, no Tirol, tinha 24 anos e ela 18. Segunda filha de uma família de cinco irmãos descendentes do casal Luiz e Lydia Lyra, dona Ivone conheceu o futuro marido ainda na adolescência na praia da Redinha, onde as famílias passavam o veraneio. 

Em agosto do ano seguinte ao casamento, nasce, em Natal, o primogênito Aluízio Filho, que se tornou empresário. Com o patriarca eleito deputado federal, a família se muda para o Rio de Janeiro, onde, em dezembro de 1948, nascem os gêmeos Henrique Eduardo – deputado federal por 11 mandatos consecutivos, desde 1971 – e Ana Catarina, que também foi parlamentar durante as legislaturas 1997-1999 e 1999-2003.  O caçula do casal Aluízio e Ivone é o jornalista Henrique José, nascido em Natal, em janeiro de 1962. Dona Ivone faleceu aos 77 anos, no dia 30 de agosto de 2003, em decorrência de um infarto fulminante. 

Confira vídeo:

O aperto de mãos com Getúlio Vargas, em 1951, no Palácio do Catete
Legenda: O aperto de mãos com Getúlio Vargas, em 1951, no Palácio do Catete. Créditos: ARQUIVO/TN

ARARA E BACURAU

Com o apoio da coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1960, Aluízio Alves lançou sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte. Esta eleição marcou seu rompimento com o deputado Dinarte Mariz, uma das maiores lideranças políticas do estado. Contrário à candidatura de Aluízio, Mariz levou a UDN a formalizar uma aliança com o Partido Republicano (PR) e o Partido Social Trabalhista (PST) em torno do nome do deputado federal Djalma Marinho. Durante a campanha, Aluísio Alves liderou a “Cruzada da Esperança”, com a qual — de trem ou caminhão — percorreu todo o estado promovendo comícios “relâmpago”, organizando passeatas e conquistando votos de casa em casa. Assim, em caravanas, seus seguidores eram identificados pelos galhos de árvore que traziam à mão e pela cor verde de suas bandeiras — em oposição ao vermelho adotado pelos partidários de Mariz. Apelidado de “Cigano” pelo povo potiguar, Aluísio inaugurou um estilo que marcaria para sempre sua biografia.

No pleito de 3 de outubro de 1960, elegeu-se governador do Rio Grande do Norte com 121.076 votos, contra 98.195 dados a Djalma Marinho. Na mesma ocasião, Jânio Quadros derrotou o marechal Henrique Lott, da coligação PSD-PTB, e conquistou a presidência da República. Tendo como vice o monsenhor Walfredo Gurgel, em janeiro de 1961 Aluízio renunciou ao mandato de deputado, e foi empossado ao governo estadual no dia 31 do mesmo mês. Após a eleição de 1960 — e por mais de uma década —, a política no Rio Grande do Norte passaria a ser dominada pelas disputas entre as famílias Alves e Mariz. Vermelho e Verde. Arara e Bacurau. Muitas histórias. Longas disputas.

CAMPANHA DE 1960

Marcha da esperança

Autor: Edmundo Andrade

Aluízio Alves veio do sertão lá do Cabugi

Pra sanar o sofrimento de seu povo

Sua plataforma eis aqui:

Assistência e cuidado ao agricultor

Melhores salários pro trabalhador;

Com a energia de Paulo Afonso, industrialização

Para mocidade potiguar, saúde e educação

O povo oprimido, do operário ao doutor,

Escolheu seu candidato,

Aluízio Alves pra governador.

Cigano feiticeiro

Autor: Jacira Costa

Cigano feiticeiro, seu feitiço meu pegou

Aqui neste lugar todos você já conquistou

Pela primeira vez que você veio ao sertão

Apresentou uma lei e conseguiu execução

Cigano feiticeiro, feiticeiro,

ai, meu Deus!

Eu faço tudo pelo governo seu

E o eleitor o que deve fazer?

É virar Cigano e votar em você.

E o adversário que o caluniou

E lhe chamou cigano, seu prestígio aumentou

Pelo voto secreto lhe daremos exposição

E a esta oligarquia quem

responde é a eleição

Trem da esperança

Autor: Jacira Costa

Foi no Trem da Esperança que Aluízio viajou

Quando chegou na Guarita,a notícia encontrou:

Que o chefe de polícia,

Em decreto oficial,

Proibiu os seus comícios

No coração de Natal.

Mas o povo em passeata pra lá desfilou,

E em frente ao comitê

Aluízio falou.

Frevo da gentinha

Autor: Jacira Costa

Eu não ligo o que falem

e não quero saber

Sou da Esperança sou demais

até morrer

Por Aluízio para o der e vier

O resto é conversa fale quem quiser

Não perca tempo, venha se divertir

Que este ano a gentinha

vai brincar até cair

DISCURSO DE POSSE – GOVERNO DO RN

“(…) Governar não é dar emprego a amigos nem tomar o dinheiro do contribuinte para distribuir entre comparsas. Não é usar a autoridade a serviço de ambições descontroladas de domínio pessoal. Governar é, e há de ser de agora por diante, a difícil e maravilhosa, a dura e bela missão de unir um povo e seu governo para juntos encontrarem os meios de tornarem todos mais felizes uns com os outros, pela alegria de cada um servir a todos, na comunhão fraternal, das mesmas esperanças”, trecho do discurso de Aluísio Alves, na chegada ao palácio do governo em 31 de janeiro de 1961.

Confira aqui o Discurso de chegada ao palácio do governo em 31 de Janeiro de 1961 – Natal RN.

“Quem ama o povo, passa a merecer do povo a glória de um amor que o consagra”.

“Ele tinha essa percepção de guitarra no peito de cada pessoa. E dedilhava essa guitarra (…). Uma pessoa igual a todo mundo, mas que vinha para representá-los”.

Vicente Serejo.

POLÍTICA DESENVOLVIMENTISTA

Aluízio e sua perspectiva visionária deixaram obras grandiosas. O próprio aeroporto, nomeado em homenagem à grande figura política, representou para o Rio Grande do Norte, em determinado período, o que a energia de Paulo Afonso, trazida por ele, representou no passado: novos horizontes e expansão.

Para o seu filho, o ex-deputado Henrique Eduardo Alves, a trajetória política e administrativa do pai é merecedora de reconhecimento como “a maior liderança popular e carismática do Rio Grande do Norte”. Henrique destaca ainda que “ele era a voz da esperança do povo do Rio Grande do Norte e que sua obra não desaparecerá jamais”.

Confira o documentário JANELA PARA O AMANHÃ:

JINGLE QUE MARCOU GERAÇÕES:

A TRAJETÓRIA E ESPÍRITO CONSIDERADO REVOLUCIONÁRIO

Foi eleito seis vezes deputado federal (constituinte aos 23 anos, em 1946), governador e duas vezes ministro de Estado: da Administração, no governo Sarney quando criou a Escola Nacional de Administração Pública e da Integração Regional, no governo Itamar Franco, quando iniciou o projeto de transposição do rio São Francisco. Como governador Aluízio criou as companhias de água, luz e telefone, o instituto de previdência do RN e trouxe ao Estado a energia de Paulo Afonso. As faculdades de jornalismo e serviço social foram obras sociais do jornalista que também fundou o Sistema Cabugi de Comunicação.

Até o último momento dos seus 84 anos de vida, o ex-ministro Aluízio Alves escreveu uma grande história. O pensamento comum de políticos e eleitores é que ele foi um dos relevantes líderes do RN e também é pacífica a ideia de que Aluízio Alves exerceu a liderança que lhe era peculiar até o último ano da sua vida.

Confira o documentário Aluízio Alves:

Aluízio Alves – Documentário

Confira a biografia como parlamentar.

Linha do tempo

1921

Nasce em Angicos, sertão central do Rio Grande do Norte, em 11 de agosto, o quinto filho do casal Manoel Alves Filho (comerciante) e da dona de casa Maria Fernandes Alves, Aluízio Alves.

1931

Durante as férias do fim do ano, cria o jornalzinho O Clarim. Eram duas folhas datilografadas na máquina do pai. O único exemplar circulava de casa em casa. Entre as notícias, coisas da política.

1932

Em Natal, para os estudos secundários, aos 11 anos participa da fundação do Partido Popular, ao lado do líder José Augusto e de outros figuras importantes da política do Rio Grande do Norte.

1938

Escreve e edita, dentro de um projeto de relançar vários autores potiguares, o livro Angicos, considerado até hoje um dos mais completos estudos sobre a realidade daquela região.

1942

Assume a coordenação do Serviço Estadual de Reeducação e Assistência Social e a LBA, atuando de forma decisiva no atendimento aos flagelados da seca e migrantes que vêm do interior para Natal

1944

Casa-se com Ivone Lira Alves em 30 de setembro. Filha de uma família tradicional, dona Ivone iria acompanhar Aluízio em todas as lutas políticas, dando a ele quatro filhos.

Memória Viva 

Em 18 de julho de 1983, o ex-governador Aluízio Alves deu um depoimento ao programa  Memória Viva, na TVU.  A entrevista foi conduzida pelos jornalistas Wodem Madruga, Alvamar Furtado, Ticiano Duarte e Affonso Laurentino. Confira abaixo alguns trechos nos quais ele se define e conta passagens que marcaram sua vida.  

O jornalista

“Eu tenho em matéria de jornalismo, com o perdão da modéstia, um feito inédito: eu já fui diretor de um jornal de um só exemplar, e já fui diretor de um jornal com 200 mil exemplares. Um dia, não sei por que – até hoje não sei por que – resolvi fazer um jornal. O jornal tinha um exemplar. Eu escrevia o jornal no sábado e no domingo, à máquina. E aquele jornal na segunda-feira começava a circular de casa em casa na cidade. Era um exemplar só.

Chamava-se O Clarim. E foi depois diretor da Tribuna da Imprensa, que na fase que dirigimos, Carlos Lacerda e eu, tinha circulação de 120 mil, 130 mil exemplares, mas que no dia do atentado a Carlos Lacerda, no qual morreu Major Vaz, ele tirou 200 mil exemplares. E eu estava na direção. Carlos Lacerda estava ferido e eu assumi a direção do jornal. Então tenho esse feito inédito no jornalismo: dirigi um jornal de um só exemplar, com 11 anos de idade. E depois dirigi um jornal com 200 mil exemplares, no Rio de Janeiro.” 

A personalidade

“Apesar de ser um homem polêmico. Diante de mim, das minhas atitudes, raramente há uma neutralidade, sempre alguém está a favor, alguém está contra. É uma característica da minha vida, não escolhida por mim, mas por talvez pelos acontecimentos ou pelo meu temperamento.”

O deputado

“Eu digo a vocês: tudo o que eu quis ser não consegui. E fui muitas outras coisas que eu nunca pensei em ser. Eu quis ser diretor da República, não consegui. Eu quis ser promotor público. Não consegui. Quis ser deputado estadual, também não consegui. Havia três candidatos, da ala estudantil. Eram Zé Ariston, Zé Gonçalves e eu. Os dois queriam ser deputados federais e eu queria ser deputado estadual. Eu tinha apoio eleitoral, eles não tinham. A chapa estadual estava muito cheia. Houve a convenção estadual, na escolha da chapa e sobrou Agenor Lima, chefe político em Goianinha. Que, em cima do palco, ao saber que sobrou, ameaçou romper com o partido. Imediatamente eu abri mão do meu lugar. Me procuraram Monsenhor Mata, Dinarte, Dix-sept. Foi muito engraçada a conversa. Disseram: “Você tinha uma eleição de deputado estadual certa. Para deputado federal nós devemos fazer quatro pela UDN.

Você deve ficar em quinto. Mas serão eleitos Zé Augusto. Djalma. Pedro Amorim e cada um tira uma licença, vez por outra, e você assume”. E entrei para a chapa de deputado federal. Fomos para a campanha. Eles pensando que eu seria o quinto e que os outros quatro seriam eleitos. Terminando a campanha, a UDN não fez quatro. Fez dois. E os eleitos foram Zé Augusto e eu. E eu fui eleito sem esperar, nos últimos dias. Aos 23 anos de idade, o deputado mais moço da Assembleia Nacional Constituinte.” 

*Com informações do jornal Tribuna do Norte


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