
O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo, concedeu entrevista no interior, repercutida no jornal Agora RN, onde sinaliza de forma explícita, seu desejo de aproximação com o PT da governadora Fátima Bezerra, de quem já foi aliado e está na condição de adversário.
Carlos Eduardo relembrou que já votou em Fátima e também já foi votado pelo PT. Disse que integrantes do partido fizeram parte de sua gestão na Prefeitura de Natal. Tudo verdade.
Mas não é muito do feitio de Carlos Eduardo reconhecer certas situações publicamente. Pelo contrário.
Porém, nada acontece por acaso. Nada é dito por acaso.
Hoje, o ex-prefeito vem sendo tentado pelo ministro Fábio Faria para ser candidato a governador numa chapa em que o filho de Robinson seria candidato a senador. Seria uma chapa competitiva, forte. Mas com algumas inconveniências que poderiam atrapalhar os planos de ambos.
Quando disputou recentemente a eleição de governador em 2018, Carlos Eduardo bateu forte em Robinson Faria, pai de Fábio, que enfrentava forte desgaste administrativo por causa do atraso de salário do funcionalismo. Trazer à tona esse tema inevitável, traz junto o constrangimento mútuo.
Mas não seria esse o empecilho para a formalização de uma aliança de Carlos Eduardo com Fábio. A questão é outra. É o chefe do ministro.
Carlos Eduardo sabe do peso nacional que terá na eleição majoritária no RN. O embate Lula e Bolsonaro deixaria o ex-prefeito na condição de defensor do presidente Bolsonaro no Estado, o que não é um bom negócio do ponto de vista eleitoral. Além disso, o filho de Agnelo sempre teve um discurso mais à esquerda e segurar a bandeira de um grupo de extrema direita faria com que perdesse totalmente a identidade.
Pensando nisso, Carlos Eduardo quer sair do isolamento a que se submeteu e abrir um canal de diálogo com a governadora Fátima Bezerra.
Para ele, o melhor caminho. Para ela, excelente aquisição. Tiraria um adversário de peso da disputa direta e ainda o transformaria em aliado a compartilhar o mesmo palanque.
Fátima hoje já conta com a possibilidade concreta de ter o MDB em palanque, com o deputado Walter Alves na condição de vice-governador. Atrair o PDT de Carlos Eduardo seria um forte baque na dividida e enfraquecida oposição potiguar.
Em raro momento de humildade aparente, Carlos Eduardo deu o sinal. Por coincidência, a sinalização ocorreu numa cidade da Paraíba, terra natal da governadora Maria de Fátima Bezerra, filha de Seu Severino e Dona Luzia.
Resta acompanhar os próximos passos de Carlos Eduardo. Reconhecidamente inábil com as palavras no que se refere à conquista de aliados, parece que as andanças no interior, movido pela dificuldade e desconhecimento da realidade local, produziram o que sempre lhe foi raro: sensatez. Com outra raridade peculiar: humildade.
Para quem sempre cultivou a arrogância alimentada de autossuficiência, Carlos Eduardo tem semeado bem os novos valores e virtudes.
Se vai brotar e florescer ou morrer de inanição por falta de veracidade, somente o tempo nos dará a resposta.