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BOLSONARO TEM QUE FALAR

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Foto: Reprodução B9

A CPI da Covid no Senado estabeleceu, entre outras coisas, que o presidente Jair Bolsonaro precisa ser silenciado em suas redes sociais. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal e o ministro relator já solicitou parecer do Ministério Público a respeito do tema.
O presidente deve perder o direito de falar em suas redes sociais? Até onde vai a liberdade de expressão no contexto da pandemia?
As redes sociais já tiraram do ar vídeos do presidente em que ele aparece fazendo apologia a medicamentos sem eficácia comprovada e desestímulo ao uso de máscaras, entre outros.
Sabemos do peso da força da palavra de um presidente da República. Principalmente se este presidente é alguém com forte poder de convencimento e que alimenta um exército de apoiadores que aplaudem cegamente tudo o que ele diz ou faz. E isso é perigoso quando o tema é saúde pública.
Porém, estamos diante da batalha da comunicação, amparada pela liberdade de expressão.
Calar a voz de Bolsonaro é um ato de censura indiscutível. E censura é o cupim da democracia.
Liberdade de expressão não deve ser relativizada. Eu não posso defender a liberdade de expressão somente para ler ou ouvir aqueles que vão falar o que eu gostaria de ouvir ou ler.
O contraditório é o banquete da democracia.
Uma das frases célebres, atribuídas ao filósofo Voltaire, simboliza justamente essa situação: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la”.
Parafraseando Voltaire, eu posso discordar de praticamente tudo que Bolsonaro fala, mas defendo seu direito de continuar falando.
A liberdade de expressão me permite usar todos os meios possíveis para combater o que Bolsonaro diz, seja mentira ou apenas algo do qual eu discordo.
Naturalmente que o peso da palavra de um jornalista, de um cidadão, produz efeito infinitamente menor do que a palavra de um presidente. Mas essa desvantagem de efeito não me dá o direito de tirar seu direito de falar.
O presidente tem falado milhares de besteiras, algumas inofensivas; outras não. Seu nível de rejeição aumentou consideravelmente, de forma desproporcional a algumas ações positivas de sua tumultuada gestão. Significa que sua língua tem produzido mais efeito negativo do que positivo.
O maior ‘crime’ cometido por Bolsonaro e que a CPI deveria ter materializado em forma de relatório, foi o fato de o presidente não ter adquirido as vacinas no primeiro momento em que elas surgiram; ter disseminado virtualmente o vírus através do desestímulo ao uso da máscara; ter promovido aglomerações desnecessárias; ter permitido negociatas na compra das vacinas, entre outras ações e omissões que produziram, de forma direta ou indireta, a morte de 600 mil brasileiros e brasileiras.
Ir ao Supremo para fazê-lo responder formalmente pelo que fez ou deixou de fazer, deveria ser o foco da CPI.
Querer calar o presidente é censura absurda que não vai prosperar no Judiciário, justamente pelo absurdo que representa e terminará transformando o vilão em vítima.
Deixe Bolsonaro falar. Ele tem a liberdade para falar e eu tenho a liberdade para não ouvi-lo falar; tenho também a liberdade para discordar do que ele diz e para combater o que ele fala.
Tenho também liberdade para defender a liberdade dele falar. Os excessos já estão preconizados na legislação vigente; os excessos virtuais omissos na legislação, já são combatidos pelos provedores das próprias redes sociais, que já agiram de forma concreta várias vezes.
Portanto, nada justifica querer silenciar Bolsonaro através de uma decisão judicial. Deixem o homem falar.
Liberdade acima de tudo, apesar de tudo.


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1 comentário em “BOLSONARO TEM QUE FALAR”

  1. Amigo o problema não é bolsonaro é quem dá ouvidos a um imbecil como ele, tão imbecis quanto. Se atitude deles apenas atingisse Eles seria bom demais. Infelizmente a atitude deles é um caso de saúde publica portanto é melhor calar esse imbecil. Cada fico mais puto pela incompetência de Adélio.

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