O advogado Fábio Dantas foi escolhido pelo ex-ministro Rogério Marinho para ser o candidato do principal palanque da oposição ao governo do RN. Apesar disso, o filho de Arlindo já começou dando sinais de que não haverá alinhamento automático com aquele que patrocina sua candidatura.
Enquanto Rogério Marinho assume sem medo que será candidato ao Senado defendendo a bandeira do presidente Bolsonaro, Fábio Dantas não admite que apoiará a reeleição do marido de Michele e nem aceita ser denominado de candidato de Bolsonaro.
Ele é pressionado pelos dois lados para definir posição. Se disser que sim, é o candidato de Bolsonaro, é ruim para sua candidatura. Se disser que não é o candidato do presidente, pode ser pior. Escolha complicada.
Além disso, Fábio Dantas, que já fez movimentos pendulares de filiação partidária sem nenhuma convicção ideológica, nasceu politicamente no PHS, partido pelo qual conquistou seu primeiro mandato de deputado estadual com mais de 35 mil votos.
Depois de eleito, trocou de partido e virou comunista para ser indicado pelo PC do B candidato a vice-governador de Robinson Faria, a quem renega atualmente, a ponto de não permitir a subida do ex-governador em seu palanque de lançamento. Aceitou o apoio do filho de Robinson, ministro Fábio Faria, mas não quer nem ouvir falar no seu antigo companheiro de chapa.
Em conversa com o blog Tulio Lemos antes do início do evento de lançamento de sua candidatura, Fábio Dantas disse que vai buscar votos do centro, da direita e da esquerda, fazendo uma salada ideológica que vai causar indigestão, pois assim como água e óleo não se misturam, eleitor de esquerda não vota num candidato apoiado pela direita, representada pelo presidente Bolsonaro. E o passado comunista do marido de Cristiane também revoltou eleitores da direita, que fizeram questão de repudiar seu nome.
Sobre ser candidato de Bolsonaro, Fábio Dantas também não quer assumir. Esse carimbo é inevitável, mas ele não aceita vestir a mesma camisa que seu candidato ao Senado, ex-ministro Rogério Marinho, que não se envergonha de defender o presidente, mesmo que isso lhe custe perder votos no momento.
Fábio Dantas está confuso, sem definição ideológica e renegando a origem de seus apoios.
É possível que o discurso seja ajustado mais adiante, para que haja sintonia com o padrinho e patrocinador de sua candidatura, Rogério Marinho.
Por enquanto, Rogério e Fábio não falam a mesma língua.
É natural que o político queira falar o que seu público quer ouvir. Porém, quando isso acontece sem que seja verdadeiro, sincero, autêntico, vira um festival de oportunismo sem alicerce que sustente a candidatura.
Fábio Dantas é candidato a governador para derrotar Fátima Bezerra, cujo partido, o PT, acaba de receber o apoio do partido de Fábio, o Solidariedade, para reforçar o palanque de Lula, principal cabo eleitoral de Fátima. Ou seja: O partido de Fábio Dantas está fortalecendo o palanque de sua principal opositora no RN.
É uma salada confusa que precisa ser bem processada para que o eleitor entenda realmente qual a identidade do principal candidato da oposição ao governo do RN.
Por enquanto, Fábio Dantas é o franco atirador. Só precisa ter cuidado para não atirar bumerangue.