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HOSPITAL WALFREDO GURGEL E AS CENAS DE SUPERLOTAÇÃO QUE CAUSAM REVOLTA

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Cenário caótico voltou a se repetir desde a semana passada pelos corredores do Walfredo com dezenas de pacientes a espera de cuidados – Foto: Bruna Torres

Com exclusividade, o Diário do RN, entrou no Hospital Walfredo Gurgel e ao percorrer a unidade, a equipe se deparou com uma situação infelizmente recorrente, mas sempre lamentável: a superlotação da unidade que começou na semana passada e ainda permanecia nesta segunda-feira (9). Nos corredores, o cenário era caótico, com idosos, adultos, acompanhantes e a equipe de atendimento tentando suprir a alta demanda dos atendimentos; nas enfermarias a situação era de sobrecarga, onde adultos e idosos ficavam à espera de atendimento, em alguns casos, idosas aguardando cirurgias, ainda não tinham previsão de quando esse procedimento seria feito.

Com foi o caso de Amália Avelino, de 89 anos, que aguarda por uma cirurgia no fêmur desde sábado (7), quando chegou na unidade e teve que dormir em uma cadeira de rodas: “Ela passou mais de 24 horas na cadeira de rodas, com o fêmur quebrado, sendo uma idosa de 89 anos, porque não tinha maca. Isso é um descaso total, ela é idosa e tem direito a ser preferencial, mas não foi isso que aconteceu. Agora ela está na enfermaria na fila de espera para poder fazer a cirurgia”, ressaltou Grazielli Yasmim, neta e acompanhante da paciente.

Idosa de 89 anos aguarda desde sábado por uma cirurgia no fêmur – Foto: Cedida

No mesmo setor da enfermaria, estava Maria Francisca dos Santos, 67 anos, que em meio à dor em seu ombro, com o braço já inchado e roxo, não conseguia dormir, em alguns momentos ela apenas dava ‘cochilos’, segundo sua filha, Joselena dos Santos, que junto à mãe, enfrenta dias difíceis na unidade, sem saber quando ocorrerá a operação de sua mãe.

“Eles falaram que não têm previsão, ela precisa fazer cirurgia porque quebrou o ombro e está aqui desde quinta-feira (5). Ela não dorme, sente muita dor e ainda não temos previsão de nada”.
Durante a presença da reportagem, a todo instante, o Walfredo Gurgel recebia ambulâncias vindas não só de Natal, mas de inúmeros municípios, como Macau, Parelhas e São José do Mipibu, além de outras cidades adjacentes a Natal, o que também colabora com a sobrecarga da unidade.

Pacientes nos corredores do Hospital Walfredo Gurgel – Foto: Bruna Torres

“A situação aqui está muito complicada, é muita lotação, mas o problema é o mesmo todo dia, você só vê gente chorando o tempo todo em desespero. Quando chegamos, a gente dormiu em duas cadeiras, esperando maca e não tinha, ela dormiu na cadeira ao meu lado, tem muita gente ainda dormindo no chão”, afirma a auxiliar de cozinha, Andreza Alves, que está acompanhando sua mãe, Maria Gomes, para a realização de um procedimento cirúrgico, após a idosa de 67 anos quebrar o fêmur. Desde quarta-feira (27) elas estavam na unidade e somente nesta segunda-feira (9), a idosa recebeu alta, o cenário, desde a entrada no hospital desde quarta, permanecia o mesmo, extremamente caótico e nesta segunda-feira, segundo ela, nada melhorou: “São muitos idosos, muitos acompanhantes em pé, ficaram em pé porque não tinha cadeira, algumas pessoas na maca, outras no chão, acompanhantes dormindo no chão, sem lençol nem nada”.

SESAP COMENTA

Procurada pelo Diário do RN, a secretaria emitiu nota destacando que a Sesap e a direção do Hospital Walfredo Gurgel (HWG) estão atuando em regime de força-tarefa desde o fim de semana para ampliar a capacidade de atendimento da unidade, em cooperação com as outras unidades da rede estadual.

“Ao longo desta semana, a Sesap também estará trabalhando para agilizar a abertura do 5° andar do HWG, com mais 15 leitos voltados para a ampliação do atendimento na área ortopédica. A medida é uma continuidade dos investimentos para a melhoria do setor de ortopedia, que no início de setembro teve o incremento de 20 leitos no Hospital Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, voltados exclusivamente para serem retaguarda do Walfredo Gurgel. Também em setembro, o Governo do Estado deu a ordem de serviço para obras de reforma e ampliação no HMWG, com um investimento superior a R$ 9 milhões, que, entre outros serviços, vai dobrar a capacidade do centro cirúrgico da unidade”.

Conforme a pasta, durante o fim de semana, o HWG realizou 361 atendimentos, sendo os principais casos de acidente de motocicleta, queda da própria altura e acidente vascular cerebral, dos quais 117 foram internados, um número cerca de 50% acima da média de internação registrada comumente pelo hospital. Soma-se a isso um aumento de 30% na demanda de ambulâncias vindas do interior do Estado.

Em julho, o Ministério Público do Rio Grande do Norte acionou a Justiça pedindo a imediata retirada de pacientes dos corredores do Hospital Walfredo Gurgel no prazo de quinze dias. A situação foi parcialmente contornada, mas voltou a acontecer, assim como vem ocorrendo há décadas na maior unidade hospitalar do RN.


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