A empresa privada responsável pela administração dos campos de exploração de petróleo no Estado, antes administrados pela Petrobras, 3R Petroleum, anunciou pela quinta vez um aumento no preço dos combustíveis na refinaria Clara Camarão, em Guamaré. O preço da Gasolina A para as distribuidoras passou para R$ 3,299 o litro, um aumento de 3%, ou seja, representando R$ 0,09. Já o Diesel A S500 subiu para R$ 3,591, um aumento de 7,5%, representando um reajuste de R$ 0,25.
Os constantes aumentos levaram a deputada estadual Isolda Dantas (PT) a propor, durante sessão ordinária na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN), nesta quinta-feira (3), que a Casa convidasse um representante da 3R Petroleum para explicar os motivos da refinaria, privatizada em 7 de junho passado, a vender gasolina a R$ 3,20, valor 27% mais caro do que o da estatal.
A deputada enfatizou o Estado como recordista nos preços: “Temos aqui no RN a recordista dos preços mais altos do país. A conta chega cara demais. A 3R Petroleum vai na contramão do que a Petrobras está conseguindo promover em todo o Brasil: baixar o preço da gasolina. Queremos explicações desses aumentos abusivos”.
Já o deputado federal General Girão (PL) elogiou, no Twitter, a atuação da 3R no RN. “Uma empresa responsável sabe que não pode deixar quebrar, senão acaba todos os empregos. Um Estado comunista/socialista está sempre metendo a mão no cofre para gastar mais. Essa é a diferença. Manipular preços de forma política quase levou à falência a mesma Petrobras”, frisou, ao comentar matéria do Blog do Barreto sobre o novo aumento, em menos de dois menos, dos combustíveis da Refinaria Clara Camarão.
Procurado pela equipe de reportagem do Diário do RN, a 3R Petroleum justificou, por meio de nota, os sucessivos aumentos, afimando que, “os preços dos produtos derivados produzidos pela Companhia seguem parâmetros de mercado – tais como o dólar, o valor de referência internacional do petróleo, custos logísticos para recebimento de derivados na região Nordeste, entre outros. Vale destacar que ajustes nos preços podem ocorrer de forma recorrente, amparados por critérios técnicos e condições de mercado”.
“Não foi uma venda. Foi um processo licitatório”
Outro ponto que chama atenção nesse processo de venda do Polo Potiguar envolve o ex-presidente da Petrobras entre janeiro de 2019 e março de 2021, Roberto Castello Branco. Durante seu mandato à frente da estatal, ele colocou à venda o Polo em 24 de agosto de 2020. Contudo, em 3 de maio de 2022, assumiu a presidência do Conselho de Administração da 3R Petroleum, ao qual permanece no cargo até hoje.
Castello Branco instaurou o processo de venda do polo e concluiu o processo como comprador, tomando posse dos ativos em 7 de junho de 2023. Mudou de lado a tempo de poder, ele mesmo, comprar o polo que durante o seu período como presidente havia posto à venda.
A deputada Isolda afirmou que, diante das matérias veiculadas na imprensa sobre os indícios de irregularidade, confia na justiça: “foram divulgadas na imprensa de que haveriam indícios de irregularidade no processo de venda, de que não existiria autorização da ANP para todo trâmite. Mas, confio na Justiça e nos órgãos competentes do Governo Federal para apurarem e emitam um parecer a respeito dessa situação”.
A respeito do assunto, a empresa 3R Petroleum alegou que cumpriu todos os requisitos legais: “Não foi uma venda. Foi um processo licitatório que a 3R ganhou. Outras poderiam ter vencido. Tanto que esse processo ocorreu seguindo todos os trâmites e instâncias legais”.
A empresa comprou o Polo Potiguar, que inclui a Refinaria Clara Camarão, por menos da metade do valor de mercado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, além do senador Rogério Marinho (PL) e do deputado federal João Maia (PL), os ex-deputados Beto Rosado (PP) e Fábio Faria (PP) elogiaram e defenderam o processo.