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MAURÍCIO DO VÔLEI ‘CAIU PRA CIMA’ COM SEU PRECONCEITO

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Foto: UOL

Em tempos de ‘cancelamento’ nas redes sociais, há quem consiga cair pra cima, justamente por conta do radicalismo que alimenta os extremos hoje no Brasil.

Vejamos o caso do jogador de vôlei, Mauricio Souza. Ele fez um comentário considerado homofóbico e o mundo caiu sobre sua cabeça. Maurício foi demitido do time que jogava, sob forte pressão de parte da opinião pública e dos patrocinadores.

Imediatamente, a pauta foi partidarizada, como quase tudo hoje no País.

O grupo que apoia o presidente Bolsonaro assumiu logo a defesa de Maurício, tendo à frente um dos filhos do presidente, que chegou a incentivar boicote às duas empresas que patrocinam o Minas Tênis Clube.

O ‘outro lado’ foi com força para cima do jogador, considerado um verdadeiro criminoso virtual, péssimo exemplo e alguém a ser ‘banido’ do universo brasileiro.

Nessa batalha virtual partidarizada, Maurício caiu pra cima. Suas redes sociais somavam pouco mais de 200 mil seguidores. Após a polêmica, já passou de 2 milhões de seguidores, catapultado justamente pelo grupo de apoio ao presidente e às duas ideias.

A homofobia é crime previsto em lei. Mas, a materialização desse tipo de crime no mundo virtual é subjetiva, carece de interpretação para distinguir opinião, amparada pela liberdade de expressão, do crime cometido.

Quem ‘cancelou’ Maurício, matando-o no mundo virtual, considerou que ele cometeu crime de homofobia pelo fato de insinuar que uma foto na revista em quadrinhos do Superman beijando outro homem, não seria uma boa para as crianças.

Seu comentário é passível de avaliação pelo preconceito contido em suas palavras. Preconceito incontestável de achar que alguém, por ver uma revista com essa ou aquela imagem, vai estabelecer sua personalidade baseada no que viu.

A revista mostra justamente a forma de combater o preconceito de maneira indireta, reforçando o que o mundo inteiro já sabe: Que há gays, héteros e outras letras em todos os setores, segmentos, famílias… e até um super-herói pode ser gay sem deixar de ser um super-herói.

Afinal, não é a opção sexual que estabelece a personalidade das pessoas; assim como a cor da pele não revela caráter de ninguém.

O preconceito precisa ser permanentemente combatido. Maurício revelou-se preconceituoso e foi vítima de sua sinceridade, num mundo recheado de hipocrisia.

O que ele disse precisa ser combatido, mas o exagero do tribunal da internet transformou o vilão em vítima e revelou que há milhares, milhões de Maurícios espalhados por todo o Brasil, irrigantes de uma plantação de mentes preconceituosas que se acham superiores por ver no espelho um modelo inatacável de seriedade e de superioridade humana por ser heterossexual, como se a opção ou o desejo forjassem caráter a ser elogiado. Se assim é, o espelho está mentindo pra você.

O exagero distorce tudo. Poderiam ter usado o preconceito de Maurício para fazê-lo pensar diferente e respeitar também quem pensa diferente.

A morte virtual do jogador Maurício terminou numa ressuscitação meteórica e o fez virar ídolo de quem pensa igual a ele, estabelecendo uma ‘vitória’ do preconceito ao fazê-lo ganhar milhões de seguidores justamente pela idiotice que proferiu.

Como tudo no Brasil termina em política, ouso fazer uma minúscula analogia entre o caso de Maurício e a vacina contra a Covid.

Quem produz um prejuízo maior?

Uma foto de Superman gay numa revista em quadrinhos ou quem faz apologia contra a vacina, seja ele médico, político ou jogador de vôlei?

Pra ser redundante mesmo: A foto não mata e nem faz ninguém se transformar em gay por si só. Já a vacina salva vidas. A falta dela matou mais de 600 mil só no Brasil.

No mundo dos cancelamentos e do apoio às novas celebridades, há mais erros de alvo do que acertos.
Sentimentos distorcem a realidade. O ódio cega as virtudes; o amor cega os defeitos.

O caminho ainda é a lucidez.


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