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MORADORES RELATAM PROBLEMAS NA ESTRUTURA DAS CASAS HÁ 3 ANOS

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Oito casas foram interditas e famílias encaminhadas para abrigos – Foto: Anderson Régis/Diário do RN

A Vereadora Ana Paula (Solidariedade) chegou à rua da Marcassita logo nas primeiras horas da manhã e tinha em mãos diversos ofícios protocolados desde 2021, até mesmo para o Ministério Público, pedindo por providências na área: “Era uma tragédia anunciada, acompanhamos desde 2021 essa situação e as rachaduras só piorando, se agravando. Oficializamos os pedidos e solicitações, participamos de audiência. Nós estávamos cobrando para que alguém tomasse alguma providência. O município pecou pela demora, eles (órgãos) estavam todos notificados”.

Um relatório de vistoria produzido por uma equipe da Defesa Civil municipal, nos anos de 2021 e 2022, já alertava aos órgãos responsáveis a necessidade de intervenção devido às rachaduras e situação de risco. O laudo apresentado sobre a casa 444, no dia 27 de agosto de 2021, relatou queda anterior do muro: “Edificação em área de risco (encosta), o solicitante relata que parte do muro de arrimo desabou a mais ou menos dois meses. Necessário os devidos reparos e um isolamento, pois o local está aberto oferecendo perigo aos moradores. Necessário encaminhar para SEMOV, bem como URBANA para a limpeza da lagoa”.

A casa 476, recebeu a visita da equipe em dois períodos do ano de 2022, nos dias 17 de março e 06 de abril, nas duas situações chamou atenção para gravidade das rachaduras. O laudo do dia 17 de março apontou: “Toda parte da área de serviço está rachada, área de serviço dá para lagoa de captação, que também se encontra com rachaduras, necessário a secretaria de obras para avaliar a gravidade dessa rachadura na lagoa dá que o mesmo está causando risco a residência. Além de limpeza da Lagoa”, e no laudo seguinte foi reforçado essa necessidade de intervenção por parte da Seinfra: “O imóvel está localizado próximo a uma lagoa de captação, onde na parte traseira existe um muro de arrimo. O imóvel apresenta rachaduras no piso e nas paredes próximas ao muro de arrimo, e parte do piso começou a apresentar afundamento. A situação deve ser encaminhada para a SEMOV”.

A residência 486, também foi vistoriada no dia 06 de abril e teve um laudo semelhante ao da casa ao lado: “O imóvel fica próximo do muro de arrimo de uma lagoa de captação. A parte posterior da casa está com algumas rachaduras e com afundamento do piso. Encaminhar para SEMOV”.

A moradora Vanessa Medeiros, relembra que desde a criação da lagoa não é feita manutenção por parte da secretaria: “Já moro aqui (rua Marcassita) tem mais de 20 anos e minha mãe há muito mais, não existia a lagoa ainda. Quando criaram a lagoa, não fizeram mais nenhuma manutenção e faz mais de dois anos que participamos de reuniões, para ver se faziam algo e nunca vieram. Nossa casa toda rachando, mandava vídeos, chegamos a participar de audiências e nada foi feito”.

Providências após desabamentos
No final da manhã, o prefeito de Natal visitou o local do desabamento para avaliar os danos e conversar com as famílias. Ao todo, 26 moradores de 8 casas ficaram sem teto após o desastre.

Álvaro Dias anunciou que as famílias atingidas seriam levadas para um abrigo temporário disponibilizado pela Prefeitura do Natal. Depois do abrigo, as famílias receberão um aluguel social para terem onde ficar até as casas serem recuperadas. Perguntado se tinha ciência do problema que se arrastava há anos, o chefe do executivo municipal afirmou que não poderia responder: “Tem que perguntar a Defesa Civil porque se foram notificados devem ter dado algum encaminhamento. Agora o secretário (Carlson Gomes) e a representante da Defesa Civil é quem pode responder melhor”.

Apesar de garantir que o município prestará toda assistência necessária, o prefeito foi questionado pelos moradores que cobravam garantias: “A gente vai para onde, ‘moço’? Por quanto tempo vamos ficar em um abrigo? ”. Outra moradora também aproveitou para relembrar que a situação já se arrastava por anos: “Aqui não tem nada de irregular, o que faltou aqui foi manutenção que nunca aconteceu. Faz dois anos que lutamos com a prefeitura e nada. Quando caiu uma primeira parte, participamos de audiência pedindo por manutenção e está aí o resultado”.

A Secretária de Trabalho e Assistência Social (Semtas), Ana Valda Galvão, também esteve no local juntamente com sua equipe para realizar o mapeamento das famílias atingidas e o cadastramento inicial para que fossem direcionadas a abrigos e posteriormente receber o aluguel social: “Desde primeiro momento, o nosso serviço de abordagem social está no local fazendo todo diagnostico das famílias. E terão todo o apoio necessário da secretaria até que tudo esteja normalizado para que retornem as suas casas. Hoje mesmo estarei me reunindo com todas as famílias, para saber a necessidade de cada um”.

No fim da tarde da segunda-feira, o Prefeito Álvaro Dias reuniu o Gabinete de Crise para tratar das ações em execução. Até o fechamento desta edição, a reunião seguia em andamento.


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