A entrada do presidente do PSB no Estado, Rafael Motta, na gestão Álvaro Dias (Republicanos) como secretário municipal de Esportes, oficializado nesta segunda-feira (13) com a publicação de sua nomeação no Diário Oficial de Natal, reforçou as teorias de que o ex-deputado federal é o escolhido do prefeito para sucedê-lo em 2024. Até então aliado da governadora Fátima Bezerra (PT) e do presidente Lula (PT), Rafael descartou, por enquanto, disputar as eleições municipais como candidato a prefeito ou a vice em composição apoiada pelo gestor.
Em entrevista ao Diário do RN no último sábado (11), Rafael Motta disse não ter nenhum tipo de compromisso com Álvaro Dias, para ser indicado e apoiado como seu sucessor a prefeito ou vice na disputa pela prefeitura municipal, mas não afastou a possibilidade por completo. De forma enigmática, afirmou: “Não há nenhum tipo de compromisso definido. A parte política, só depois. A parte política é consequência”.
A “amizade” entre eles passou a ser mais “explícita” desde fevereiro passado, quando estiveram juntos na abertura do Carnaval em Natal. Em abril, o prefeito elogiou o ex-deputado e o classificou como um “bom nome” para sucedê-lo. Um mês depois, ambos bordaram juntos durante a 9ª Feira dos Municípios e Produtos Turísticos do RN. Em junho, os dois voltaram a se encontrar e posar para fotos na abertura do “Maior São João de Natal”, gerando uma onda de especulações sobre a sucessão municipal.
No fim de outubro, Rafael afirmou que “o entendimento nacional entre o PSB e o Republicanos também terá repercussão no RN nas eleições de 2024. Essa parceria já está feita em Natal, onde caminharemos juntos, e acontecerá também em vários municípios potiguares. Política é um processo construtivo. Eu e Álvaro Dias queremos fortalecer os partidos e somar esforços”.
Na ocasião, Álvaro afirmou que ambos caminharão juntos. “Inclusive com o compromisso de Rafael Motta de apoiar o nosso candidato a prefeito de Natal quem quer que seja. Deixou a nosso cargo a decisão de escolher e definir um candidato e que o PSB apoiará. Ele apoiará qualquer que seja o candidato do Republicanos, pode ser um filiado ao nosso partido, ao PDT, ao PSB, qualquer um terá o apoio de Rafael Motta e do PSB”, disse, em entrevista à 98 FM.
Petistas divergem sobre aliança entre Álvaro e Rafael
Questionado se a aliança entre Álvaro Dias e Rafael Motta seria o fim da aliança política entre o ex-parlamentar e a governadora Fátima Bezerra (PT), o presidente estadual do PT, Júnior Souto, afirmou que o fato não representa um rompimento político ou desligamento ideológico.
“Considerando que o prefeito Álvaro Dias sinalizou a disposição política de aproximação ao nosso projeto nacional, e que o PSB de Rafael integra o núcleo da aliança nacional com Alckmin na vice-presidência da República, não vejo como esse acontecimento possa ser interpretado como rompimento ou desligamento ideológico”.
Já para o vice-presidente do PT no RN, o vereador de Natal Daniel Valença, o agora secretário de Esportes de Natal fez uma “escolha equivocada” ao se aliar a Álvaro Dias. “Compor uma gestão que distribuiu Ivermectina na pandemia como política pública de saúde, que desmantela os serviços públicos municipais e que despreza o transporte público da cidade, vai na contramão do que estamos construindo no país e no Estado”.
A pré-candidata a prefeita de Natal pelo PT, deputada federal Natália Bonavides afirmou que não se pronunciaria sobre a nova aliança de seu ex-companheiro e aliado na Câmara Federal. Mesmo posicionamento tiveram a vereadora da Capital, Brisa Bracchi; o deputado estadual Francisco do PT e o deputado federal Fernando Mineiro.
O articulador político do governo estadual, Adriano Gadelha, afirmou que Rafael Motta não comunicou sua decisão de ingressar na administração de Álvaro Dias ao Partido dos Trabalhadores, como se esperaria de um aliado. Ele disse que, por enquanto, o ex-parlamentar continua sendo aliado dos governos estadual e federal.
“Rafael não procurou o PT, nem pessoas ligadas ao governo do PT, para comunicar qualquer decisão dele. Não fomos procurados como partido nem enquanto governo, do qual o PSB também tem assento. É o que eu posso afirmar. Se qualquer atitude dele possa configurar caminhos diferentes, como ainda está distante do processo eleitoral e o PSB está na base do governo tanto estadual como federal, estamos aguardando uma atitude dele para nos procurar e comunicar seus rumos políticos”, explicou.
Adriano disse ainda que a aliança entre o pessebista e o prefeito não altera nada em relação à pré-candidatura da deputada federal Natália Bonavides à Prefeitura de Natal em 2024. “O PT tem unidade completa nesse aspecto. Não existe nem divergência interna do PT quanto ao nome de Natália, isso é uma coisa pacificada. É um nome de grande respeitabilidade pública, testado várias vezes nas urnas, com votação expressiva em Natal, que conhece essa cidade”.
Questionado pelo Diário do RN sobre a possibilidade de Rafael Motta ser indicado e apoiado por Álvaro Dias para ser o vice de Carlos Eduardo Alves no próximo ano, sendo este também aliado do PT, se isso faria o PT mudar sua postura, Adriano foi enfático: “O PT vai respeitar qualquer aliado que entenda que possa ter a sua candidatura. No entanto, a candidatura do PT é uma coisa que eu diria sacramentada entre nós”.
“Ainda é cedo para pensar nesta definição”, defende líder do prefeito
“Se vai ser esse o caminho para oficializá-lo como o candidato do prefeito, não sei. Consequentemente, que não posso dizer sim ou não”, afirmou o líder do prefeito Álvaro Dias na Câmara Municipal de Natal, o vereador Hermes Câmara (PSDB), ao falar sobre a entrada oficial de Rafael Motta na administração de Álvaro Dias, nesta segunda-feira (13). Ele disse ainda que isso não significa que o ex-deputado será apadrinhado e apoiado pelo gestor municipal no próximo ano.
Para Hermes, mesmo que falte menos de 11 meses para as eleições municipais, ainda é cedo para que Álvaro bata o martelo sobre quem indicará e apoiará para ser seu sucessor à frente da cidade. E que essa decisão deve ser bem pensada, uma vez que a política é “dinâmica”. “Ainda é cedo para pensar nesta definição, que notoriamente cabe ao prefeito decidir. Penso que ainda tem muita água para passar por debaixo da ponte”, falou.