O desabamento parcial de 8 casas na Rua Marcassita, em Neópolis, completa um mês nesta quinta-feira (21) e, até o momento, as famílias seguem sem respostas aos diálogos que tentam iniciar com a Prefeitura de Natal.
Ao Diário do RN, a moradora Vanessa Medeiros relatou que no desabamento, ela e sua família perderam toda a área de serviço e a parte de trás da residência, a contadora contou que a situação vivenciada pelos moradores é bem triste.
“Olha, é bem desesperador, porque tivemos que sair no mesmo dia do ocorrido, esvaziar a nossa casa bem de repente, nada programado. Foi basicamente dormir em casa e no outro dia estar tudo sendo interditado pela defesa civil devido à falta de manutenção da lagoa. Passar por toda essa situação abala demais, tanto o imóvel quanto o psicológico dos envolvidos. Ver que não temos nenhuma previsão de nada nos deixa preocupados, porque o que mais queremos é poder voltar para nosso lar em segurança”, recorda.
Anderson Martins, foi um dos moradores que teve sua casa interditada pela Defesa Civil, por precaução em função dos deslizamentos e os riscos. Ele ressalta que até o momento, os moradores estão ainda mais angustiados com a falta de comunicação referente ao que será feito para o reparo dos danos causados pelo desabamento: “Estamos até agora sem nenhuma resposta, o que leva a aumentar nossa preocupação, nosso nervosismo referente à situação, muita tensão, principalmente porque mesmo que a gente já esteja recebendo o auxílio social, a gente quer voltar para nossa casa, onde a gente batalhou, construiu, reformou, teve vários gastos. Infelizmente a prefeitura até agora não falou nada e isso tem causado muitos transtornos e preocupação”.
Câmara de vereadores aprova convocação de secretário da Seinfra
Desde o incidente, os moradores incansavelmente vêm tentando dialogar com a prefeitura, cobrando respostas, ações das secretarias e diálogo com o secretário Carlson Gomes, que até o momento não os recebeu e nem retornou ao local, segundo relatam os moradores. Somente lonas pretas foram colocadas, o material já está gasto e se rasgando, servindo também como foco de possíveis doenças relacionadas ao acúmulo de água parada, conforme o Diário do RN chegou a registrar em matéria na semana passada.
Diante desse cenário, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Natal aprovou a convocação do secretário de Infraestrutura de Natal, Carlson Gomes, para a explicação de providências que serão tomadas pela Seinfra a respeito dos reparos no muro de contenção.
Marcada para o dia 27 de setembro, segundo a vereadora Ana Paula, a convocação se fez necessária em função de inúmeras tentativas da parlamentar de ser recebida pelo secretário e também dos moradores afetados pelo desmoronamento, uma tragédia já anunciada e ignorada por anos, pois documentos comprovam que a prefeitura vinha negligenciando o problema há anos, mesmo com avisos e pedidos dos moradores que relataram sobre os riscos, rachaduras na estrutura das casas e os perigos de deslizamento.
Desastre teve número de casas interditadas atualizado
Na última terça-feira (19), o número de casas interditadas pela Defesa Civil aumentou para dez. Seis interdições foram motivadas por danos parciais em função do desabamento, uma das casas teve a estrutura comprometida e três foram interditadas por precaução em função do risco de mais desabamentos. Mais de 20 pessoas ficaram desabrigadas, não houve registro de feridos, pois os moradores conseguiram sair antes que ocorresse uma tragédia ainda maior.
Prefeitura de Natal comenta sobre a demanda
Procurados pelo Diário do RN, a secretaria de comunicação da prefeitura de Natal detalhou: “A Seinfra informa já ter contratado uma empresa para realizar o projeto das ações que precisarão ser feitas para a recuperação do local. Assim que for apresentado, a Secretaria tomará as medidas necessárias para a implementação do projeto global, incluindo a etapa das habitações que ficará sob a atribuição da Seharpe (SEHARPE – Secretaria Municipal de Habitação, Regularização Fundiária e Projetos Estruturantes). A finalidade é garantir em definitivo a estrutura adequada para o local e a segurança dos seus moradores, inseridos até lá no programa de aluguel social. Devido à complexidade do problema, não é possível ainda apresentar uma estimativa de tempo para a solução”. O MPRN também acompanha o caso, mas até o fechamento desta matéria, a equipe não obteve resposta ao contato feito.
Moradores reagem à ‘mesversário’ do desastre e protestam
Nesta quinta-feira (21), os moradores irão se reunir no local próximo ao deslizamento para cobrar posicionamento da prefeitura sobre o início das obras. Com cartazes e faixas as famílias atingidas irão cobrar ações efetivas da prefeitura, além de uma posição para data de início das obras.