
O Papa Bento XVI sabia de padres que abusaram de crianças quando foi arcebispo de Munique de 1977 a 1982, concluiu um relatório investigativo sobre a arquidiocese nesta quinta-feira, 20. As informações dos investigadores contradizem as negações de longa data de Bento XVI.
“Ele foi informado sobre os fatos”, disse o advogado Martin Pusch em Munique como parte de um painel que anunciou as conclusões da investigação.
“Acreditamos que ele pode ser acusado de má conduta em quatro casos”, disse Pusch. “Dois desses casos dizem respeito a abusos cometidos durante seu mandato e sancionados pelo Estado. Em ambos os casos, os perpetradores permaneceram ativos na pastoral”, acrescentou.
Bento XVI continua negando as acusações, disseram os advogados do escritório de advocacia Westpfahl Spilker Wastl, nesta quinta-feira, enquanto eram reveladas as conclusões do inquérito sobre abuso sexual histórico na Arquidiocese de Munique ao longo de várias décadas.
As descobertas são um julgamento condenatório sobre o ex-papa, então conhecido como Cardeal Joseph Ratzinger, que surge após anos de especulação sobre o quanto ele sabia.
“Durante seu mandato, ocorreram casos de abuso”, disse Pusch, referindo-se a Bento XVI. “Nesses casos, esses padres continuaram seu trabalho sem sanções. A Igreja não fez nada”, completou.
“Ele alega que não sabia de certos fatos, embora acreditemos que não seja assim, de acordo com o que sabemos”, disse Pusch.
O relatório completo deve ser publicado ainda nesta quinta-feira, após seus autores terem detalhado as principais descobertas.
Em um comunicado, o Vaticano disse que aguardaria essa publicação detalhada do relatório antes de comentar mais. “A Santa Sé considera que deve ser dada a devida atenção ao documento, cujo conteúdo é atualmente desconhecido. Nos próximos dias […] a Santa Sé poderá examiná-lo cuidadosamente e detalhadamente”, disse.
“Ao reiterar a vergonha e o remorso pelos abusos cometidos por clérigos contra menores, a Santa Sé expressa sua proximidade com todas as vítimas e reafirma os esforços empreendidos para proteger os menores e garantir ambientes seguros para eles”, acrescentou o comunicado.
Bento XVI, agora com 94 anos, tornou-se o primeiro papa em séculos a renunciar quando deixou o cargo em 2013. Seu mandato foi ofuscado por um escândalo global de abuso sexual na Igreja Católica e as descobertas dos investigadores – que agora o acusam diretamente em um fracasso para prevenir e punir abusos – ameaçam destruir a reputação do ex-pontífice.
Com informações da CNN Brasil