AUMENTO DE TAXAS DE JUROS APONTAM PARA MAIOR RISCO DE ENDIVIDAMENTO
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O volume de endividados no Brasil teve queda em janeiro, mas a percepção de endividamento aumentou, e a expectativa é de que a inadimplência volte a subir, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Esse quadro é um alerta para um maior cuidado com as finanças pessoais, que costumam ter uma maior sobrecarga nos primeiros meses do ano.
O economista Ricardo Valério, presidente do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Norte (Corecon-RN), destaca que a recente queda no endividamento se deu por conta de programas governamentais e pelas campanhas do Serasa, e reforça que não deve continuar acontecendo devido à elevação das taxas de juros.
“De fato, por dois meses sucessivos a taxa do endividamento no Brasil, medido pela CNC, vem tendo quedas, ainda suaves. (…) Isso ocorreu pelo Programas do governo federal e pelas campanhas do Serasa Limpa Nome, que deram descontos expressivos nas dívidas dos endividados”, disse. “Mas infelizmente, a tendência para os próximos meses será de crescimento da inadimplência em função do aumento dos juros”, completou o especialista.
Ricardo ressalta o aumento da Selic, a taxa básica de juros da economia, que influencia outras taxas de juros do país, como as de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. “Hoje, já está nos 13,25%, e a caminho de, em 19 de março, ser reajustada em 1% a mais, indo para os 14,25%. Os níveis mais altos dos últimos anos”.
Em um momento de desequilíbrio das contas de casa, e diante de cenários como esse, o planejamento financeiro se torna ainda mais importante. O gestor do Corecon-RN ressalta a medida como a única saída controlar a situação. “Planejamento financeiro, nada mais é do que colocar receitas de um lado, despesas do outro e confrontar para fazer um orçamento dentro daquilo que você recebe”, explicou.
“Somente se fazendo um planejamento financeiro, estabelecendo um orçamento dentro da realidade de cada pessoa ou da renda familiar, podemos alcançar o equilíbrio financeiro. Se não temos o domínio pleno para onde estão indo os nossos rendimentos e como estamos gastando, não saberemos o que é prioritário em nossas finanças e onde podemos cortar para estabelecer com disciplina os nossos limites”, afirmou.
Em situações como essas, Ricardo aconselha ter bastante cautela ao usar cartões de crédito.
“Recomendamos a todos para usar com muita responsabilidade o cartão de crédito, somente pagando a fatura em sua totalidade, pois o crédito rotativo já está em mais de 430%, levando a dívida a se tornar uma bola de neve”, disse. “Cartão de crédito e cheque especial são os maiores vilões do endividamento das famílias”, completou.
Além disso, ele chama atenção para financiamentos imobiliários e de automóveis, que também devem ser evitados. “O momento também não é recomendável para assumir financiamento de longo prazo como o da casa própria e nem de veículos, devido às taxas muito elevadas. No caso dos carros, o caminho mais indicado é o consórcio, podendo ser a saída também para a casa própria”, ponderou.
Dicas para as compras no supermercado
Os gastos com compras no supermercado consomem boa parte dos rendimentos das famílias.
Para economizar nessas compras básicas, o economista Ricardo Valério dá as seguintes instruções: fazer as compras com a lista de preços na mão; aproveitar que os supermercados fazem o dia carnes, o dia das frutas, dos laticínios; fazer ampla pesquisa; evitar ir ao supermercado com fome; evitar, na medida do possível, levar criança com você; fugir das marcas mais caras – hoje em dia, marca não é princípio de qualidade -; fugir da parte dos supérfluos; procurar comprar frutas de época; em vez de ir ao supermercado uma vez por mês, ir mais de uma vez, aproveitando as promoções de cada semana; procurar ir aos atacarejos.
Evitar compras por impulso
Sobretudo com a facilidade das lojas on-line, as compras por impulso podem representar um grande risco às finanças pessoais. A principal dica do presidente do Conselho de Economia do RN para evitar gastos desnecessários na internet é tentar adiar a decisão de compra quando desejar colocar algo no carrinho virtual.
“Sempre que estiver na internet, recomendo que deixe para fazer a compra mais tarde, conte até dez para ver se você realmente precisa. É uma tática importante não comprar no momento, deixar para no fim do dia tomar a decisão, ou no outro dia. Em 80% dos casos, as pessoas não realizam a compra quando conseguem fugir da compra por impulso”, explanou.
“A economia comportamental leva muito a esse vício de comprar. A gente é bombardeado diariamente, por muitas mídias, no sentido de a gente consumir”, pontuou. “Faça uma analogia, quantas coisas temos nas nossas casas que compramos por impulso e tivemos dificuldade de pagar?”.
Para não cair na “armadilha do endividamento”
Outras dicas, que consistem em orientações do Corecon-RN para evitar o endividamento, são: conscientizar-se de que dinheiro não é elástico, por isso é importante saber o que é mais importante consumir e guardar uma parte; traçar objetivos e metas de curto, médio e longo prazos; não compre por impulso e não confundir necessidade de consumo com desejo de comprar; aprender a economizar nas pequenas coisas e nunca gaste contando com ganhos futuros ainda não confirmados.
Além disso, a entidade recomenda não fazer novos empréstimos para quitar dívidas atuais, a menos que os juros sejam mais vantajosos e não avançar no limite do cheque especial, já que as taxas de juros são bastante elevadas, sem esquecer que esse limite não é um salário a mais.