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O SAMBA DO CRIOLO DOIDO!!!

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Por: Bosco Afonso

Houve época em que as regras eram ditadas e respeitadas, apesar de que as mentes inteligentes indignadas criavam verdadeiras sátiras para fazer suas contestações, com muita criatividade e talento. Certa vez, lá pelos anos de 1966, impuseram, no Rio de Janeiro (RJ), que as Escolas de Sambas cariocas tinham que, obrigatoriamente, retratar fatos históricos em seus Sambas de Enredo. Não deu outra. Sérgio Porto, sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta escreveu uma canção satírica que recebeu o título de SAMBA DO CRIOLO DOIDO (será que hoje poderia usar esse título???). Daí para a frente, esse título virou expressão para tudo sem nexo, que virou uma bagunça, onde ninguém se entende, coisas mirabolantes e por aí vai…

Ora, podemos dizer que no Brasil de hoje estamos vivendo um verdadeiro Samba do Criolo Doido. Ninguém se entende. Ninguém entende a linguagem um do outro, todos se contestam e todos se agridem.

Enquanto nas redes sociais as pessoas não se respeitam, se agridem mutuamente e destilam ódio para todos os lados, em Brasília, na nossa Capital Federal que um dia foi construída pelo sereno e vitorioso Juscelino Kubitschek, as coisas parecem que andam de cabeça pra baixo. Lá, é que ninguém se entende, mesmo. O ego de cada autoridade está mais nas alturas que o Burj Khalifa, dos Emirados Árabes com quase 1 quilômetro de altura (828 metros e 160 andares). Cada uma das autoridades calçando um Luís XIV, dos anos 1950. Os egos inflados. Os ânimos não serenam.

Há cerca de 15 dias, o presidente do Superior Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, do alto de sua cabeleira já mais devastada, nem teve a delicadeza de pedir audiência ao presidente da República, Jair Messias Bolsonaro para uma conversa amena. Convidou o presidente Bolsonaro a ir ao STF. E o presidente, apesar de sua petulância e agressividade não se fez de rogado e humildemente foi ao STF se reunir com Fux e por lá hastearam a bandeira branca e acordaram que os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) iram, a partir daquele momento, se entender. E até marcaram uma nova reunião, desta feita com a participação do Arthur Lira, do Legislativo.

Foi a vez de Bolsonaro voltar para o Palácio do Planalto e parece que nem tinha feito um trato com Fux. Aliás, o presidente da República até que se manteve silencioso com o STF, mas botou a sua metralhadora giratória para funcionar em direção do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, que tem o comando do também ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, a quem o ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson chacoalha quase que diariamente invocando Carmen Miranda. Não satisfeito e com o Samba do Criolo Doido quase instalado, o ministro Alexandre Moraes, em decisão monocrática, inclui o presidente da República em processo que apura os responsáveis pelas fakes news das Urnas Eletrônicas. Do outro prédio, no Palácio do Planalto, Bolsonaro dispara que Barroso e Moraes “são dois mentirosos”. O presidente da República, intempestivamente, desrespeitando dois ministros do STF.

Enquanto os principais personagens não se entendem, a imprensa, através de seus principais veículos anteriormente respeitadíssimos, toma partido por um lado mais do que pelo outro e aí ninguém sabe mais se o que se noticia é verdade ou fake news; E nesta quinta-feira, 5, as informações a respeito da violabilidade ou não das urnas eleitorais, envolvendo ações da Polícia Federal se tornaram a tônica das réplicas e tréplicas, deixando o eleitor e o leitor cada vez mais tontos, desinformados e revoltados com tanta baixaria.

Bolsonaro chegou até a postar em seu Twitter que o processo envolvendo o nome dele nas fakes news não estava dentro das linhas da Constituição, e, sem contestação, ele emendou que também iria “agir fora das quatro linhas da Constituição”, enquanto Fux, que anteriormente havia planejado reunir os três poderes, jogou a toalha. E aí o mundo virou de cabeça para baixo novamente, mas alguém, ainda lúcido, fez essa indagação: juntando todos esses desafetos no TSE e no STF, se Bolsonaro vier a ser condenado e tiver que recorrer à última instância, quem vai julgá-lo?

Da mesma forma que ensinaram, dentro de uma metodologia “moderna”, há uns anos anteriores, que aluno não precisa respeitar professor, hoje, ninguém respeita mais ninguém. Nem mesmo as autoridades, que poderiam dar um bom exemplo, se respeitam. Nesta quinta-feira, 5, li e fiquei estarrecido com a postura de uma deputada federal que representa o nosso RN, a jovem Natália Bonavides, chamando o presidente Bolsonaro, desrespeitosamente, de Canalha. Canalha, deputada? Quer queiramos ou não ele ainda é o Presidente da República do Brasil. E pelo seu cargo, merece respeito.

Não tenhamos dúvida, que se vivo fosse, Stanislaw Ponte Preta colocaria a sua canção nos hits de sucesso, satirizando o atual momento brasileiro com o seu SAMBA DO CRIOLO DOIDO.


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