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BOLSONARO É CORNO E GAY. E DAÍ?

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O nível do debate político no Brasil virou esgoto a céu aberto. As discussões, que deveriam ser amparadas na base das ideias e projetos, erros e acertos, descambaram para as agressões pessoais e ataques ofensivos. Isso tem ocorrido com apoiadores de um lado e de outros.

A última que ganhou as manchetes foi a revelação de que o presidente Jair Messias Bolsonaro teria sido traído pela então mulher, Ana Cristina Valle. Para lembrar nosso Styvenson em live recente, o presidente teria levado ‘duas de 500’. O popular chifre.

Depois da traição, veio a homossexualidade. O deputado federal Rodrigo Maia, ex-aliado e atual ferrenho adversário de Bolsonaro, disse com todas as letras que o presidente da República é gay, mas não tem coragem de assumir.

No primeiro caso, o da traição, a divulgação do fato só se justifica porque a ex-mulher comandaria esquema de rachadinha de salários de funcionários pagos com dinheiro público. E, a descoberta da traição por parte do então deputado Bolsonaro, teria motivado não só a separação conjugal, mas a perda do comando do esquema.

Como se trata de dinheiro público, o tema tem que focar no que ocorreu a partir da descoberta da traição e suas consequências.

Com quem se deitou a mulher do capitão ou demais detalhes do romance quase secreto com o bombeiro, não interessa a ninguém que não esteja diretamente envolvido nos fatos.

O foco é a rachadinha, são os crimes de falsidade ideológica, extorsão, entre outros, que teriam sido praticados com dinheiro público ou em função dele.

O segundo caso, de Bolsonaro ser gay, ‘acusação’ feita por Rodrigo Maia, está mais para uma tentativa de desmoralização pessoal, originado de quem teve seus interesses contrariados.

O que é que muda ou mudou na vida do brasileiro se realmente Bolsonaro for gay? Qual o problema de ele ser e não assumir? Ou não ser e ser vítima de homofobia inversa?

Logo Bolsonaro, declaradamente homofóbico, misógino e escancaradamente ofensivo contra os homossexuais, vira ‘vítima’ por ser supostamente um deles.

Quando se faz política com fígado, corre o risco de transformar o algoz em vítima. Ser frozen nesses casos, é imperativo.

Portanto, Bolsonaro pode ser corno ou gay. Ou os dois juntos. E daí?

Apesar de o próprio personificar críticas e aplicar ofensas pessoais em substituição ao debate sadio das ideias, fazer o mesmo contra ele não é o melhor caminho.

Afinal, Bolsonaro carrega muito mais ‘culpa’ por sua atuação ou omissão em relação à pandemia do coronavírus, que caminha para o macabro número de 600 mil mortes, do que por algum fato em sua vida pessoal. Ou sexual.

Atentar contra a democracia, querer desmoralizar e desestabilizar instituições que sustentam o Estado Democrático de Direito, sinalizar para o golpe, são, por si só, atitudes reprováveis, dignas de repulsa e de reação na esfera política e de cidadania.

O presidente Bolsonaro tem método em sua suposta beligerância permanente com quase todos. Ele pauta os temas e os sustenta até quando lhe é conveniente. Depois, muda-os sem cerimônia.  

Com isso, desfoca a realidade do Brasil de hoje, sob seu comando.

Que ele tenha culpa diretamente ou não, a realidade vista com racionalidade, divorciada do fanatismo ou da paixão política, é assustadora: contabilizamos 19 milhões de pessoas passando fome; 14 milhões de desempregados; quase 120 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar; gasolina a 7 reais o litro, disparando os demais preços em efeito cascata; botijão de gás superior a 100 reais. E a pauta é… comprar fuzil. Quando a barriga pede feijão.

Portanto, para Bolsonaro, é melhor ser chamado de corno e de gay, do que de golpista, genocida ou incompetente.

Ser corno ou gay, não causa mal nenhum ao País. Já os demais adjetivos…


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